Levantamento do Semesp mostra que com o adiamento do exame essas IES terão que organizar processos seletivos para mais de 4 milhões de inscritos

O adiamento para janeiro de 2022 da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), anunciado pelo governo, deverá provocar um gasto adicional de R$ 500 milhões para as universidades federais poderem realizar processos seletivos separados, em substituição ao exame unificado suspenso. O valor representa metade da redução de R$ 1 bilhão prevista originalmente no orçamento do governo para as 69 universidades federais.

O levantamento do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, responsáveis por mais de 75% das matrículas na educação superior brasileira, mostra que, considerando que o custo do Enem por aluno é de R$ 117,00, conforme dados do Ministério da Educação, essas universidades públicas terão que realizar seus próprios vestibulares para mais de 4 milhões de alunos. O número de inscrições no Sistema de Seleção Unificada das universidades federais (Sisu), em 2020, chegou a 4.272.834, uma vez que cada aluno pode se inscrever em mais de uma opção de curso e/ou universidade. A média de inscrições, em 2020, para cada um dos 1.795.211 alunos inscritos no primeiro semestre e mais 424.991 no segundo semestre foi de 1,9 opções de cursos/universidades.

“Serão bastante graves as consequências econômicas e sociais do adiamento do Enem, que vêm se somar à preocupante crise provocada pelo corte no orçamento das universidades federais, e a um cenário ainda cheio de incertezas com a falta de previsões concretas sobre a imunização efetiva da população contra a covid-19”, afirmou nesta quarta-feira (19), a presidente do Semesp, Lúcia Teixeira. A presidente lembrou que muitas instituições públicas estaduais e municipais e IES privadas também utilizam a nota do Enem como forma de ingresso. “Em 2019, conforme dados do Censo da Educação Superior, um total de 609.845 alunos ingressou em uma dessas instituições por meio da nota no ENEM. Se cada uma delas tiver que fazer seu próprio vestibular, isso se traduzirá em mais R$ 71 milhões de gastos”, afirmou.

O Prouni (Programa Universidade para Todos), que dá acesso a bolsas gratuitas para alunos carentes com renda de até 1,5 salários mínimos, e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), também para alunos carentes, utilizam a nota do Enem como critério de ingresso. “Sem a nota do Enem, outros processos de seleção para esses programas deverão ser criados. No ano de 2020, foram 1.948.481 inscrições para o Prouni e mais 377 mil para o Fies, ou seja, será necessário criar outra forma de seleção para mais de 2,3 milhões de inscrições só para esses dois programas”, ponderou a presidente do Semesp.

“O Enem realizado em 2021 registrou 5,8 milhões de inscrições, sendo que 83% dos estudantes inscritos foram dispensados do pagamento da taxa, em função de terem uma renda de até 1,5 salário mínimo per capita, o que mostra a importância da realização desse exame para permitir que uma parcela da população menos favorecida possa ter acesso à educação superior”, disse Lúcia Teixeira, destacando que, “além do Sisu, do Prouni e do Fies, a nota do exame é utilizada como critério de avaliação inclusive dos alunos do ensino médio”.

A presidente do Semesp destacou que a indefinição de datas postergando a realização do Enem compromete o calendário letivo das instituições públicas e privadas, gerando um prejuízo imenso pelas estruturas paradas em virtude do não ingresso dos alunos. “Considerando todos os ingressos em IES públicas federais, estaduais e municipais, e também em IES privadas, incluindo Prouni e Fies, são mais de 1,1 milhão de alunos que ficarão sem aulas, aguardando a definição do Enem, e todo um conjunto de estruturas físicas e corpo docente ficarão ociosos sem esses alunos”, afirmou.

O Semesp pediu ao governo a suspensão do adiamento do Enem

Diante das preocupantes consequências previstas, o Semesp enviou três ofícios no último dia 17, solicitando o não adiamento do Enem aos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Educação, Milton Ribeiro, assim como ao presidente do INEP, Danilo Dupas.

“O eventual adiamento do Enem afetará a vida e o futuro de milhares de estudantes que vivem em condições mais vulneráveis, e que contam com a graduação como forma de melhoria na qualidade de vida, levando muitos deles até mesmo a desistir completamente de cursar o ensino superiorimpactando na já baixa taxa de escolarização líquida do país”, disse Lúcia Teixeira em suas mensagens. E destacou que “é inegável, ainda, que não apenas os alunos e suas famílias serão afetados, mas também as instituições de ensino superior, que terão seu planejamento para início do ano letivo e seu calendário de ingresso de novos alunos prejudicados, tanto na rede privada quanto na rede pública”.

Na mensagem encaminhada, a presidente do Semesp destacou a importância de impedir que o Enem seja adiado, “se o Brasil quiser dar continuidade à formação e à capacitação necessárias para ampliar o potencial produtivo da sua população através da Educação”.

Sobre o Semesp
Fundado em 1979, o Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, tem como objetivos prestar serviços de excelência e orientação especializada aos seus associados, oferecer soluções para o desenvolvimento da educação acadêmica do país, além de preservar, proteger e defender o segmento privado do ensino superior brasileiro. Comprometida com a inovação, a entidade mantém uma estrutura técnica especializada que realiza periodicamente uma série de estudos e pesquisas sobre temas de grande relevância para o setor e promove a interação entre mantenedoras e profissionais de educação. Realiza também eventos como o FNESP, maior Fórum de ensino superior da América Latina, o Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), o Congresso de Políticas Públicas para o Ensino Superior e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo, e ainda capacita os profissionais da educação superior por meio da Universidade Corporativa Semesp.

Mais informações para a imprensa

Roseli Ramos
Assessora de Comunicação do Semesp
Convergência Comunicação Estratégica
(55 11) 2069-4419 | 97237-8237