Apesar desse crescimento, mulheres ainda ganham 32% a menos que os homens e têm pouca variação salarial ao longo da carreira

Cresce também a participação feminina em cursos mais procurados por homens

Na semana do Dia Internacional da Mulher, as mulheres podem comemorar algumas conquistas, mas ainda enfrentam desafios e desigualdades no mercado de trabalho. É o que mostra o levantamento Mulheres no Ensino Superior e no Mercado de Trabalho 2023, do Instituto Semesp, centro de inteligência analítica criado pela entidade que representa as instituições de ensino superior no Brasil (Semesp).

De acordo com o levantamento do Instituto Semesp, as mulheres seguem sendo a maioria entre os estudantes matriculados em cursos de graduação. Em 2021, o Brasil contabilizou mais de 5,2 milhões de mulheres matriculadas no ensino superior, presencial e EAD, o que representa 58,4% do total de estudantes. Essa participação aumentou 2,5% de 2011 a 2021, sendo a rede privada a maior responsável por esse aumento.

Em relação aos ingressos de 2021, 58,7% dos calouros são mulheres, mais de 2,3 milhões de alunas, um aumento de 5,2% de 2011 a 2021. Entre os que concluíram, as mulheres também são maioria (61%), o que corresponde a 809 mil egressos. Esses percentuais se mantiveram estáveis na última década.

O Instituto Semesp também analisou os cursos presenciais e EAD com maior aumento no percentual de mulheres. Entre diversos cursos, chama a atenção o avanço da participação feminina na última década em cursos tradicionalmente com mais predominância de homens, como Investigação e Perícia (33,7), Medicina Veterinária (12,1), Engenharia Florestal (9,7), Medicina (6,7), Segurança Pública (5,2), Engenharia Civil (3,2), respectivamente em pontos percentuais.

Já em relação aos cursos presenciais com maior percentual de estudantes de mulheres, permanecem os cursos de Estética e Cosmética, Pedagogia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Moda têm maioria do sexo feminino, todos com mais de 88% de alunas.

“Os dados apontam uma mudança significativa no perfil dos alunos do ensino superior no Brasil e reforçam a importância de políticas públicas que incentivem a igualdade de gênero no acesso à educação”, afirma Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil.

Empregabilidade

Outro dado positivo é que, entre 2015 e 2021, o número de mulheres na empregabilidade formal subiu 18,2%, passando de 5,75 milhões para 6,79%, o que representa 60% dos empregos formais com ensino superior.

Em contrapartida, quando analisados os dados de representatividade em cargos de liderança e renda salarial, a tendência se inverte e com pouca variação nos últimos anos, reforçando que as mulheres ainda têm pouca evolução salarial ao longo da carreira. Em cargos de liderança, também com base em empregos formais, as mulheres ainda são minoria, 44,5%. Entre 2015 e 2021, o crescimento foi de apenas dois pontos percentuais.

“Mesmo com todas as conquistas, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos, como a desigualdade salarial e a menor representatividade em cargos de liderança. Vamos aos poucos superando esses desafios”, pondera a presidente do Semesp.

O levantamento do Instituto Semesp aponta também um crescimento do número de mulheres docentes no ensino superior. De 2011 para 2021, esse percentual passou de 45,1% para 47,0% (aumento de 1,9 ponto percentual), ocasionado principalmente pela contratação de professoras na rede privada (49,4% dos professores na rede privada são do sexo feminino). Já entre os funcionários técnico-administrativos, 55,6% são mulheres. De forma geral, considerando docentes e funcionários-administrativos, em 10 anos, o percentual de mulheres atuantes no ensino superior ultrapassou o de homens, passando de 49,8% em 2011 para 51,2% em 2021.

Remuneração

Considerando a remuneração média, em 2015, no geral, as mulheres ganhavam 17% a menos que os homens. Em 2021, esse percentual de diferença salarial por gênero caiu para 11% (R$ 3.664 homens e R$ 3.269 mulheres). Agora, considerando apenas mulheres e homens com ensino superior, essa diferença salarial aumenta. Em 2015, elas ganhavam 37% a menos e, em 2021, esse percentual passou para 32% (R$ 8.722 homens e R$ 5.894 mulheres).

Apesar de ser maior o percentual da diferença salarial entre homens e mulheres com ensino superior, cabe destacar que a remuneração das mulheres com ensino superior é 188% maior em comparação às mulheres que possuem apenas o ensino básico. Enquanto a remuneração média das mulheres com ensino básico completo era de R$ 2.048,00 em 2021, as mulheres com ensino superior completo receberam, em média, R$ 5.894,00 no mesmo período.

“Esses dados comprovam a transformação social e econômica que a realização de uma graduação gera na vida das mulheres”, afirma Lúcia Teixeira. Para a presidente do Semesp, “a universidade é um espaço de oportunidades e experiências que vão além do aprendizado. Ter um quadro de alunos e docentes formado por pessoas de diferentes gêneros, raça, etnias, classe social e qualquer outra natureza promove vivências mais condizentes com a realidade social”.

A presidente do Semesp também lembra que as mulheres, que são maioria nos cursos de graduação do país, são também trabalhadoras, e geralmente desempenham a tripla jornada: estudam, trabalham, assumem as responsabilidades domésticas e familiares. “O melhor reconhecimento desses esforços realizados pelas mulheres brasileiras é rever os papéis sociais desempenhados por homens e mulheres, garantir a adequada divisão do trabalho doméstico e a superação de qualquer desigualdade social e de gênero”, aponta Lúcia Teixeira.

Sobre o Instituto Semesp
O Instituto Semesp é um centro de inteligência analítica criado pelo Semesp. Integrado por especialistas com sólida experiência no levantamento e análise de dados sobre o ensino superior, o Instituto desenvolve estudos, pesquisas, indicadores e análises estatísticas referentes ao setor. Seu objetivo é disponibilizar para pesquisadores, educadores, gestores privados e públicos, jornalistas e para a sociedade em geral informações relevantes e confiáveis que lhes permitam tomar decisões, estabelecer estratégias ou formular políticas públicas, visando o desenvolvimento da educação superior. O Instituto é responsável por estudos e pesquisas divulgados anualmente pelo Semesp, como o Mapa do Ensino Superior no Brasil, a Pesquisa de Empregabilidade, a Pesquisa de Inadimplência e a Pesquisa sobre Cursos de Especialização Lato Sensu no Brasil, entre outros diagnósticos considerados essenciais para a compreensão do setor.

Sobre o Semesp
Fundado em 1979, o Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, tem como objetivos prestar serviços de excelência e orientação especializada aos seus associados, oferecer soluções para o desenvolvimento da educação acadêmica do país. Comprometida com a inovação, a entidade mantém uma estrutura técnica especializada que realiza periodicamente uma série de estudos e pesquisas sobre temas de grande relevância para o setor e promove a interação entre mantenedoras e profissionais de educação. Realiza também eventos como o FNESP, maior Fórum de ensino superior da América Latina, o Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), o Congresso de Políticas Públicas para o Ensino Superior e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo, e ainda capacita os profissionais da educação superior por meio da Universidade Corporativa Semesp.

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Roseli Ramos
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Assessora de Comunicação do Semesp
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