Gestão acadêmica, análise estatística e modelo preditivo são as estratégias nacionais e internacionais adotadas por IES para evitar a evasão de alunos

O Sindicato das Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp) realizou nesta segunda-feira (5), em sua sede, o seminário Retenção de alunos: estratégias inovadoras. Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, apresentou números da taxa de retenção média de alunos nos 50 cursos com maior índice de concluintes no Brasil. “A evasão é um assunto crítico no País. Medir e acompanhar a taxa de retenção de cada IES, hoje, é um parâmetro de qualidade”, declarou.

Capelato revelou ainda que nesses 50 cursos de IES privadas, a taxa média de retenção nacional chega a 41,8% (cálculo baseado nos concluintes de 2010). Por regiões, nos 20 cursos de IES privadas, a região Sul é a que mais retém alunos, 44,2%, seguida pelo Sudeste, com 42,7%. As regiões Centro-Oeste e Nordeste ficam com 40,4% e a região Norte, com 33,5%.

O curso que tem maior retenção nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste é o de Medicina, seguido por Odontologia e/ou Veterinária. Serviço Social é o primeiro na região Norte. Já os com menor retenção são os de Engenharia e Tecnologia da Informação, em todas as regiões. “Apesar de o mercado sinalizar para uma procura maior de engenheiros, os alunos sentem dificuldades com os cálculos e desistem do curso”, explicou Capelato. Nos cursos de TI, a grande oferta de trabalho faz  com que os alunos abandonem os estudos, pois são contratados ainda durante o curso por causa da falta mão de obra especializada.

E por que é tão difícil para as IES controlar e medir a taxa de retenção? A reitora da Universidade Cruzeiro do Sul e avaliadora institucional do INEP/MEC, professora-doutora Sueli Cristina Marquesi, apresentou uma solução com “Práticas e Estratégias Inovadoras de Retenção de Alunos”. Como exemplo, ela falou sobre a engenharia civil de sua instituição. “Em 2010 enquanto a engenharia civil tinha taxa de retenção de 71%, segundo o MEC, nós conseguimos chegar a 79%. No primeiro semestre de 2012 a retenção nacional foi de 80% e nós ultrapassamos os 90%.”

A estratégia para alcançar esse índice mais elevado foi a criação de um modelo acadêmico  envolvendo todos os gestores em ações que possibilitam aos graduandos vivenciar práticas construídas em suas realidades. “O nosso modelo de gestão é integrado, não foi importado e nem copiado e dá flexibilidade e independência aos alunos. A carga horária é baseada em 50% de disciplinas presenciais, 30% em optativas  e 20% on line e complementares.” Outra inovação foi criar oficinas onde os alunos trabalham os projetos desde o primeiro até o 10º semestre. “Eles criam os projetos de engenharia voltados para a sustentabilidade, como construir residências e edifícios e atender comunidades carentes, como a de São Miguel Paulista”, finalizou Sueli.

A consultora e professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Priscila Simões, apresentou conceitos, medidas e estratégias nacionais e internacionais para combater a evasão. Segundo ela, a evasão aumenta quando o valor pago pelo aluno pesa mais que o serviço recebido. E os fatores que representam um problema para esse aumento são: estagnação nas matrículas de bacharelado e presenciais; entrada da classe C o que representa um crescimento de matrículas e a diminuição de valores das mensalidades e da seletividade;  o custo é seis vezes maior para trazer um aluno novo do que mantê-lo na IES. A solução para aumentar a taxa de retenção é contratar um profissional de estatística que meça as taxas de evasão e crie um histórico para montar um plano estratégico de combate à evasão ou, ainda, utilizar exemplos internacionais como o modelo preditivo, que a partir da análise dos dados históricos faz-se uma antecipação da previsão de quais alunos têm chances de evadir. “Com essa análise se estabelece um canal de diálogo e relacionamento com os alunos de risco, estimulando-os a permanecer ou retornar à instituição.”