A história dos 30 anos de fundação do Semesp reflete a própria trajetória de evolução da educação superior brasileira.

 

No Brasil, o surgimento das primeiras instituições de educação superior se deu com atraso.  Até a Independência, o ensino superior não passava de cursos secundários de maior duração, patrocinados pela Igreja, com finalidade de formação religiosa ou de preparação para o ingresso nas universidades de Portugal ou de outros países europeus. Nos demais países da América Latina, como México, Argentina e Uruguai, por exemplo, as primeiras Universidades foram criadas ainda nos séculos 16 e 17.

 

A criação de cursos superiores no Brasil, então chamados de “faculdades livres”, majoritariamente privadas, se deu somente a partir de 1879, com a última reforma educacional do Império. Entre o final do século 19 e o começo do século 20 surgiram várias dessas instituições, como a Escola de Engenharia Mackenzie College, em 1896, em São Paulo, resultado da promulgação da Constituição de 1891, que abriu a possibilidade de pessoas e associações abrirem novos cursos superiores.

 

Entre 1891 e 1918, 56 novas escolas de ensino superior foram criadas no país, na sua maioria privadas, muitas das quais mais tarde seriam absorvidas pelo sistema público

 

A fundação das primeiras Universidades brasileiras só se tornaria realidade no começo do século 20, com as federais do Rio de Janeiro, em 1920, e de Minas Gerais, em 1927. Em 1934, seria fundada a Universidade de São Paulo, como reação da elite política paulista à derrota nas revoluções de 1930 e 1932.

 

Nos cerca de 20 anos que se seguiram à implantação das primeiras Universidades, o ensino superior particular cresceu pouco em número de instituições. Mas a partir da década de 1960 houve um salto impressionante. Uma enorme proliferação de faculdades particulares, em sua maioria uma extensão natural do ensino ministrado por tradicionais instituições de ensino básico, fez com que o setor privado, inicialmente complementar ao setor público, rapidamente passasse a superá-lo em termos de oferta de matrículas.

 

Durante a década de 1970, houve uma expansão significativa das faculdades isoladas, graças a uma série de decretos, resoluções, portarias e pareceres do MEC que facilitaram a sua criação. Essa expansão teve um importante aspecto social, pois possibilitou o atendimento à demanda de um público mais amplo, formado também por jovens de baixa renda, mulheres e pessoas de mais de 40 anos em busca de formação superior. Nessa época houve um aumento da oferta de cursos noturnos e do número de instituições privadas não-confessionais e não-comunitárias.

 

A formação da Associação Profissional das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo, em 1977, é resultado dessa realidade. A busca de uma entidade que representasse essas instituições em todos os níveis levou a Associação à conquista da carta sindical. E em 15 de fevereiro de 1979 foi criado o Semesp – Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo.

 

O grande desafio das primeiras diretorias do Semesp, presididas por Luiz Paulo Schiavon (1979 a 1981) e em seguida por Ernani Bicudo de Paula (1981 a 1987), foi conquistar credibilidade junto aos mantenedores paulistas para a consolidação da entidade. Dois importantes passos nessa direção foram a realização do I Congresso de Ensino Superior do Brasil, em 1979, e a união entre o Semesp e a Aesp (Associação de Ensino Superior do Estado de São Paulo), que possibilitou a ampliação do papel do Sindicato às questões institucionais e políticas do segmento. Até então, a atuação do Semesp estava restrita às relações de trabalho com os sindicatos profissionais.

 

Nos anos 80, houve um período de retração da demanda por ensino superior, resultado da diminuição do número de concluintes principalmente no ensino médio. Porém, entre o final da década e início dos anos 90, houve um crescimento no número de instituições, além da ampliação e a renovação das opções de cursos oferecidos pelas instituições particulares. Nessa época, deu-se também o fenômeno de interiorização do ensino superior.

 

Em 1987, Paulo Antonio Gomes Cardim assume a presidência do Semesp, permanecendo por dois mandatos. Nesta gestão, o Sindicato adquire sua primeira sede própria, o que possibilitou o aprimoramento da prestação de serviços ao associado.

 

Ao longo dos anos 90, a participação do setor na economia cresceu notavelmente, resultado da consolidação do processo de expansão do ensino superior privado e do aumento do número de matrículas. Nesse período, houve uma significativa expansão da pós-graduação, do ensino a distância e dos cursos de menor duração e seqüenciais. Desde então, o Estado de São Paulo vem se consolidando como o maior centro de ensino superior particular da América Latina.

 

Todos esses fatores contribuíram para o crescimento da demanda de serviços pelos associados do Semesp, que, durante a gestão de Gabriel Mário Rodrigues (1993 a 2005), adquiriu uma nova sede, com instalações mais amplas e modernas, e implantou uma nova estrutura organizacional, com as assessorias Jurídica, Educacional, de Comunicação e Marketing e Econômica. Além disso, o Semesp ampliou a oferta de atividades, pesquisas setoriais e eventos, como o Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro e os Congressos Nacional e Internacional de Iniciação Científica. O Semesp lançou, ainda, a revista Ensino Superior, e o CEBRADE (Centro Brasileiro de Desenvolvimento do Ensino Superior), para o desenvolvimento de programas e projetos de amparo educativo.

 

Em 30 anos, o número de estudantes universitários no Brasil saltou de 870 mil em 1979 para 4,8 milhões em 2007. Hoje, o ensino superior particular responde por 75% das matrículas de graduação no país e por 86% no Estado de São Paulo. Ao todo, 1,2 milhão de estudantes universitários (24% do país) estão matriculados em instituições particulares em São Paulo. O ensino particular também é preferência entre profissionais que já cursaram, estão cursando ou pretendem cursar uma pós-graduação. Entre os formados em cursos de pós-graduação, 85% escolheram instituições particulares.

 

Atualmente, há no Brasil cerca de 2.239 instituições de ensino superior particular, o que representa 90% do total, oferecendo 16,9 mil cursos e 2,5 milhões de vagas (88% do total), com 3,6 milhões de alunos matriculados (75% do total). A participação econômica do ensino superior particular entre 1993 e 2003 saltou de R$ 4,5 bilhões para R$ 26 bilhões.

 

Na educação superior a distância, os números também impressionam. Esta modalidade de ensino cresceu 685% entre 2003 e 2007, segundo dados do Ministério da Educação compilados pelo AbraEAD 2008 (Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância). Já o Censo da Educação Superior do MEC verificou que em 2007 havia no país 408 cursos de graduação a distância, oferecidos por 97 instituições, com mais de 1,5 milhão de vagas e cerca de 537 mil estudantes matriculados. De acordo com o AbraEAD, 63,6% das instituições que oferecem educação a distância em todos os níveis educacionais no Brasil são privadas.

 

Esses números refletem o quanto o setor privado de educação superior tem contribuído para a formação de mão-de obra qualificada no país, inclusive para a administração pública. Uma pesquisa realizada pelo Semesp revelou que não apenas o ensino superior aumenta a empregabilidade e o desenvolvimento profissional, mas também as instituições particulares são as principais responsáveis pela melhoria na ocupação profissional dos seus alunos, propiciando assim mobilidade social e aumento de renda.

 

O ensino superior particular tem contribuído, ainda, para a geração de empregos: são oferecidos anualmente 379 mil postos de trabalho, sendo 208 mil professores (109 mil mestres e doutores). As instituições particulares também incorporaram há tempos a gestão com responsabilidade social, buscando soluções alternativas para problemas sociais do país. Além de participar do ProUni e de oferecer programas próprios de concessão de bolsas de estudo integrais – cerca de 117 mil por ano – e parciais – 938 mil – as instituições particulares desenvolvem anualmente mais de 27 mil projetos sociais por ano, realizando 20 milhões de atendimentos às comunidades de seu entorno.

 

O Semesp, presidido desde 2005 por Hermes Ferreira Figueiredo, sempre procurou influir na formulação das políticas públicas para a educação. A entidade conquistou voz ativa e tem participado com frequência de discussões com o MEC, marcadas na maior parte das vezes por difíceis negociações. A atuação do Semesp tem permitido ao setor privado da educação superior ampliar a sua credibilidade e reconhecimento perante a sociedade. Se no passado o ensino particular era complementar ao ensino público, hoje essa equação se inverteu. As instituições particulares estão crescendo de uma maneira muito mais responsável e sustentável, dentro de orçamentos pequenos, porém bem administrados, com uma preocupação constante de melhoria e de busca permanente da excelência acadêmica.

A entidade mostrará, de 9 a 23 de março, no Espaço Reserva Cultural, em São Paulo, a evolução, modernização e crescimento das IES particulares. Abertura terá palestra de Daniel Goldberg, presidente do Banco de Investimentos Morgan Stanley no Brasil.