Projeto de Resolução que institui diretrizes curriculares para os cursos de pós-graduação lato sensu (em especialização) é um retrocesso para todas as IES
Nesta sexta-feira (dia 8) o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior do Estado de São Paulo, por meio de sua Universidade Corporativa Semesp, deu início aos três primeiros cursos para capacitar e qualificar os profissionais do ensino superior, tanto no nível técnico e operacional quanto gerencial. A iniciativa é inédita no setor de ensino superior privado no Brasil e reuniu mais de 100 profissionais, que em encontros presenciais se formarão coordenadores de curso, pesquisadores institucionais e especialistas em captação de recursos.
Rodrigo Capelato e Cecília Anderlini, diretor-executivo e diretora financeira do Semesp, abriram a aula inaugural da Universidade Corporativa Semesp. Capelato comentou sobre a audiência pública em que participou na última terça-feira (dia 5), no Conselho Nacional de Educação (CNE) em Brasília, que tratou do projeto de resolução que institui as diretrizes curriculares para os cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização. “O texto desta resolução interfere na autonomia didático-pedagógica das IES e já nos manifestamos contra encaminhando alteração de vários itens da resolução”, disse.
A grande preocupação das instituições se refere à proposta das IES oferecerem cursos de pós-graduação Lato Sensu na mesma área de conhecimento de seu respectivo curso de graduação autorizado e ainda não reconhecido e se tiver Conceito Institucional (CI) mais recente igual ou superior a 4 (quatro) em processos de credenciamento e de recredenciamento. “O Conceito Preliminar de Curso (CPC), única e exclusivamente, não pode ser utilizado para fins regulatórios como quer o Projeto de Resolução e, além disso, o Conceito Institucional 3 (três) é considerado satisfatório para fins de avaliação, razão pela qual não há obstáculo regulatório para oferta de curso de pós-graduação pelas IES que alcançarem essa nota.”
Capelato disse ainda que participou do Grupo de Trabalho para Aperfeiçoamento do Fies – Fundo de Financiamento Estudantil e saiu com uma orientação para todas as IES. “As IES devem oferecer o programa com critério e parcimônia daqui para frente”, avisou.
Segundo o diretor-executivo do Semesp, a procura pelos cursos da UCS surpreenderam e ainda este ano mais três cursos serão lançados: Gestão de TI, Gestão de Recursos Humanos e Sucessão e Governança Corporativa. “Vamos criar um outro curso ano que vem de internacionalização que vai tratar de indicadores com parcerias de instituições de ensino renomadas no Exterior para trazer educadores que contarão suas experiências positivas e negativas”, finalizou.
Termômetro
Renata Martins e Leone Antonio Simonetti, assistente e coordenador de curso das Faculdades Integradas de Botucatu (Unifac), resolveram fazer os cursos de coordenador de curso e pesquisador institucional para atualizarem-se sobre legislação. Segundo Renata “a participação e apoio do mantenedor é fundamental para a especialização do profissional”. Já Simonetti fez uma crítica ao MEC lembrando que “há demandas da Unifac desde 2009 e nessa semana um profissional do ministério entrou em contato com a IES e era percebido que não estava orientado a resolver as demandas”.
A jornalista Lisandra Matias, editora do Guia do Estudante, disse que “é muito difícil hoje encontrar cursos de especialização no setor de educação superior e que resolveu acompanhar o curso de Pesquisadora Institucional para atualização acadêmica”.
Maria das Graças Gomes, que tem a função de pesquisadora institucional na Sociedade Cultural de Andradina (Socan), disse que precisava se atualizar e entender os caminhos do sistema e-Mec. “Antes entrávamos e criávamos uma demanda e desde que o Nape foi instituído nem consigo reclamar no Fale Conosco”.
Luciana Borin de Oliveira, coordenadora de 14 cursos de Engenharias e Tecnologias na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), decidiu fazer o curso para reciclagem, mesmo exercendo já a função de coordenadora de curso. “Nossa função é estar sempre atenta às boas práticas de mercado e não esperar os cinco anos do curso para analisar se tudo vai bem ou se a concorrência está melhor”, concluiu.
Pesquisa
Para criar os cursos da UCS foi feita uma pesquisa junto aos mantenedores de IES, identificando suas necessidades em relação às melhores práticas acadêmicas e de gestão. “Os três primeiros cursos foram estruturados para atender a demanda das próprias IES, para que se tornem cada vez mais competitivas, e reunirão profissionais de renome no mercado, que contarão suas próprias experiências e casos de sucesso”, diz Marcio Sanches, coordenador dos cursos. Segundo ele “quanto mais os profissionais forem sendo capacitados, maior será o horizonte de carreira em diversas áreas da educação superior.”
Profissional multitarefa
Com a função estratégica de interlocutor entre o Ministério da Educação e a IES, a figura do Pesquisador Institucional (PI) foi institucionalizada a partir da Portaria Nº 46, de 10/1/2005. Esse profissional, ainda raro no mercado, é o responsável pelo levantamento das informações e acompanhamento dos diversos processos da IES junto ao MEC.
Se levarmos em conta o universo de instituições de ensino superior (IES) no Brasil (em 2012 elas eram 2.416, sendo 2.112 IES privadas e 304 públicas), e pensando em aprimorar os conhecimentos e habilidades desses profissionais tão cobiçados pelo mercado, a UC chamou para ministrar o curso de Pesquisador Institucional um grupo de docentes que domina muito bem as funções: dentre eles, Andréia Cristina Fregate Baraldi Labegalini, que além de PI da Universidade de Marília é doutora em educação e professora do mestrado na sua universidade.
Segundo Andréia, com a alteração em 2010 da Portaria 40, que instituiu o sistema eletrônico de fluxo de trabalho – o e-Mec – o PI ganhou outras atribuições e passou a ser um “procurador” da IES, com as funções de alimentar o Cadastro Nacional de Docentes, dados dos dirigentes e da infraestrutura; abrir e acompanhar processos (ou apenas alimentar processos abertos de ofício); cadastrar membros da CPA, inserir relatórios de autoavaliação; enquadrar cursos no ENADE; acompanhar as inscrições e questionários de relatórios de ENADE; atualizar Projetos Pedagógicos de Curso e de PDI, e de Regimento e Estatuto.
Aprimoramento de coordenadores de curso
Também com o objetivo de capacitar colaboradores de IES para a gestão acadêmica de cursos e otimização dos processos administrativos, a UC elaborou o Programa de Formação e Capacitação de Coordenadores de Cursos. O curso dividido em módulos proporcionará conteúdos e ferramentas para desenvolver a formação crítica do profissional, além de trazer estudos de caso e reunir profissionais experientes da área para compartilharem experiências e conhecimentos.
Entre os profissionais que ministrarão o curso estão a coordenadora de curso da Unisal, professora Cidinha Amaral, o diretor da FIAP, Wagner Sanchez (FIAP), o reitor da Unilins, Milton Nizato, o superintendente executivo do Grupo UNIS, Jeferson Vinhas Ferreira, a gerente do HAY Group Brasil e professora da ESPM/FGV, Marisabel Ribeiro, o doutor em Comunicação Social e professor da Metodista e da ESPM, Daniel Galindo, a doutora em Administração de Empresas e professora EAESP-FGV/Insper, Marta Maia, o consultor jurídico do Semesp, José Roberto Covac, as advogadas do Semesp, dras. Raquel Carmona e Roberta Lins, a pedagoga Priscila Simões (Expertise) e o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato.
Gestores captadores de recursos
O Semesp e a AFP – Association of Fundraising Professionals criaram um curso exclusivo para formar gestores educacionais nas práticas da captação de recursos. Com manual totalmente em português e certificação pelas duas instituições, o curso é focado em relacionamento entre a organização e seus doadores e parceiros para atingir uma maior sustentabilidade das IES. “Em outros países, as instituições conseguem captar recursos financeiros por meio de doações e para pesquisas científicas. Aqui no Brasil, o problema maior não é dinheiro para pesquisa, e sim a falta de conhecimento sobre como captar”, diz Custódio Pereira diretor-geral da Associação Santa Marcelina e o maior especialista do tema no Brasil.
Master Teacher pela AFP e autor dos livros “Captação de Recursos – Fundraising: Conhecendo melhor porque as pessoas contribuem” e “Sustentabilidade e Captação de Recursos na Educação Superior no Brasil”, o professor-doutor Custódio Pereira reúne neste curso as melhores práticas de captação de recursos utilizadas com sucesso em renomadas universidades brasileiras e internacionais, como Mackenzie e Harvard.
Serviço:
Cursos da Universidade Corporativa:
Programa de Formação e Capacitação de Coordenadores de Curso – dividido em 3 módulos, com carga horária de 128 horas.
Pesquisador Institucional – só um módulo, com carga horária de 48 horas.
Fundamento em Captação de Recursos (fundraising) – só um módulo, com carga horária de 16 horas.
Período
Dias 8 e 9 de agosto – início
Dias 12 e 13 de setembro
Dias 10 e 11 de outubro
Formato: encontros mensais, sextas-feiras e sábados, das 9h às 18h.
Local: Semesp
Endereço: Rua Cipriano Barata, 2.431, Ipiranga, São Paulo, SP, Brasil
Inscrições nos cursos e informações acesse: Universidade Corporativa Portal: http://www.uc.semesp.org.br
Sobre o Semesp
Fundado em 1979, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo – Semesp congrega cerca de 200 mantenedoras no Estado de São Paulo e no Brasil. Tem como objetivo preservar, proteger e defender o segmento privado de educação superior, bem como prestar serviços de orientação especializada aos seus associados. Periodicamente, realiza uma série de eventos, visando promover a interação entre mantenedoras e profissionais ligados à educação. Dentre eles, destacam-se o Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro, o Congresso Nacional de Iniciação Científica e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo. Para saber mais, acesse www.semesp.org.br/portal/ ou www.facebook.com/semesp e www.twitter.com/semesp_online.
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