DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO Nº 203 – 23/10/2006 (SEGUNDA-FEIRA) – SEÇÃO 1 – PÁGS. 29/30

Ministério da Educação

COMISSÃO NACIONAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA

RESOLUÇÃO Nº 9, DE 18 DE OUTUBRO DE 2006

Dispõe sobre a duração da área de atuação em Medicina Intensiva Pediátrica e seu conteúdo programático.

O Presidente da Comissão Nacional de Residência Médica, no uso das atribuições que lhe conferem o Decreto 80.281, de 05/09//1977, e a Lei 6.932, de 07/07/1981, e considerando o disposto na Resolução CNRM nº 02/2006, de 17 de maio de 2006, resolve:

Art. 1º A área de atuação em Medicina Intensiva Pediátrica terá 2 (dois) anos de duração, tendo como pré-requisito 2 (dois) anos de Residência Médica em Pediatria, cujo programa deve ser reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica.

Art. 2º O acesso à área de atuação em Medicina Intensiva Pediátrica deverá dar-se mediante processo seletivo, cujo conteúdo programático contemplará o da Residência Médica cumprido em Pediatria reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica.

Art. 3º A área de atuação em Medicina Intensiva Pediátrica compreenderá o seguinte programa:

a) Atividades práticas

– Dois anos em atividades desenvolvidas em unidade de terapia intensiva pediátrica geral (atendendo pacientes clínicos e cirúrgicos);

– Atendimento em emergência: mínimo de 10% da carga horária total anual;

– Pós-ambulatório em cirurgia de grande porte: mínimo de 10% da carga horária total anual;

– Treinamento em Neonatologia: mínimo de 10% da carga horária total anual.

b) Atividades teóricas

A ser desenvolvido durante os dois anos correspondentes à área de atuação.

1 – Avaliação clínica do paciente grave

Escores de gravidade e prognóstico.

2 – Reanimação cárdio-respiratória-cerebral

Atualização e discussão do PALS (Pediatric Advanced Life Suport);

Manobras utilizadas na PCR (Acesso vascular, intra-óssea, entubação, traqueostomia e demais procedimentos);

Drogas na PCR;

Desfibrilação.

3 – Aparelho cardiocirculatório

Arritmias cardíacas; tamponamento cardíaco; emergências hipertensivas; choque cardiogênico, hipovolêmico, distributivo e obstrutivo; ICC e edema pulmonar; reposição volêmica; reposição hipertônica; disfunção diastólica; drogas de suporte hemodinâmico; monitorização hemodinâmica invasiva e não invasiva; transporte de oxigênio; metabolismo do oxigênio em condições normais e patológicas; tromboembolismo pulmonar e trombose venosa profunda; cardiopatias congênitas; hipertensão pulmonar persistente neonatal; persistência do conduto arterioso.

4 – Aparelho respiratório

Insuficiência respiratória aguda. Fisiopatologia e tratamento.

Trocas gasosas pulmonares;

Estado de mal asmático. DPOC agudizado. Síndrome do desconforto respiratório agudo;

Broncoaspiração;

Oxigenioterapia: indicações, métodos, controle e complicações.

Oxigenioterapia hiperbárica;

Suporte ventilatório mecânico invasivo e não invasivo: indicações, métodos, controle e complicações; Estratégias de proteção pulmonar;

Ventilação mecânica na asma, SARA, profilática (pós-operatório) e no paciente neuropata;

Monitorização da ventilação mecânica. Capnografia e Oximetria;

Complicações da ventilação mecânica: barotrauma, volutrauma e pneumonia;

Desmame do suporte ventilatório;

Aspiração de corpo estranho;

Gasometria arterial/ óxido nítrico;

Doença da membrana hialina. Surfactante pulmonar;

Síndrome da aspiração de mecônio;

Doenças respiratórias obstrutivas altas;

Anoxia perinatal. Apnéia do recém-nascido. Displasia broncopulmonar.

5 – Infecção e sepse

Infecções: profilaxia, diagnóstico e tratamento;

Infecções relacionadas aos métodos invasivos;

Sepse. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Disfunção de múltiplos órgãos e sistemas (IMOS/ SDOM). Antibioticoterapia em Medicina Intensiva. Escores de avaliação de prognóstico;

Infecção no imunodeprimido;

Endocardite bacteriana;

Meningites. Infecção em pacientes imunodeprimidos/AIDS;

Dengue, tétano, malária e leptospirose;

Infecções hospitalares;

Translocação bacteriana. Descontaminação seletiva do sistema gastrointestinal.

6 – Neurológico

Hipertensão endocraniana: monitorização da pressão intracraniana;

Estado de mal convulsivo. Mastemia gravis;

Infecções do sistema nervoso central (meningites virais, bacterianas e outras modalidades);

Hemorragia intraventricular do recém-nascido;

Anóxia neonatal e na criança maior;

Comas em geral. Acidentes vasculares encefálicos. Trombolíticos;

Polirradiculoneurites / Monitorização do metabolismo cerebral, métodos de proteção e tratamento;

Noções de neuroimagem.

7 – Gastrointestinal

Gastroenterite infecciosa. Colites. Hemorragia digestiva alta e baixa;

Insuficiência hepática e medidas de suporte;

Abdome agudo clínico (pancreatite aguda e outras afecções) e cirúrgico (pós-operatório, apendicite, peritonite, enterocolite e outras afecções).

8 – Sistema endócrino-metabólico

Cetoacidose diabética. Coma hiperosmolar. Hipoglicemia;

Crise tireotóxica. Coma mixedematoso;

Insuficiência supra-renal congênita e aguda;

Rabdomiólise;

Diabete insípido. Síndrome de secreção inapropriada de ADH.

9 – Renal

Insuficiência renal aguda e crônica;

Métodos dialíticos;

Distúrbio hidroeletrolítico e ácido-base;

Hiperpotassemia, hipo e hipernatremia e outros;

10 – Pré e Pós-Operatório

Avaliação do risco cirúrgico pré-operatório;

Analgesia e anestesia;

Circulação extracorpórea.

11 – Coagulação

Coagulação intravascular disseminada, fibrinólise, coagulopatia de consumo;

Anticoagulação;

Uso de hemoderivados e substitutos do plasma.

12 – Politraumatismo

Trauma crânio-encefálico. Trauma raquimedular. Síndromes compartimentais. Embolia gordurosa.

13 – Grande queimado

Hidratação;

Nutrição;

Analgesia e anestesia.

14 – Intoxicações exógenas e acidentes por animais peçonhentos, acidentes por agentes físicos e químicos. Quase afogamento.

15 – Transplante hepático, cardíaco, renal e medula óssea.

Manutenção do doador e manuseio do paciente transplantado. Morte encefálica.

16 – Suporte nutricional

Nutrição parenteral e enteral: avaliação e acompanhamento nutricional, vias de acesso, indicações, composição das formulações e complicações nas seguintes patologias:

– Insuficiência respiratória;

– Queimado;

– Trauma;

– Insuficiência hepática e renal;

– Imunomoduladores;

– Sepse.

17 – Procedimentos invasivos de diagnóstico e tratamento – indicações e complicações

Intubação traqueal / traqueostomia / cricotireotomia;

Cateterização arterial;

Dissecção venosa;

Marca-passo. Cateterização venosa central e da artéria pulmonar;

Pericardiocentese e drenagem pleural. Raquicentese;

Cateterização da veia umbelical;

Punção intra-óssea.

18 – Iatrogenia em terapia intensiva.

19 – Métodos de imagem em Medicina Intensiva.

20 – Aspectos éticos da Medicina Intensiva. Humanização.

21 – Sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular em UTI.

22 – Paciente oncológico em UTI.

23 – Transporte do paciente grave: intra e extra-hospitalar.

24 – Interações medicamentosas.

25 – Análise crítica da metodologia científica.

26 – Indicadores de qualidade.

Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.

NELSON MACULAN FILHO

Dispõe sobre a duração da área de atuação em Medicina Intensiva Pediátrica e seu conteúdo programático