Rodolfo Bertolini, durante sua apresentação no 20º FNESP – Fórum do Ensino Superior Particular

“Por que continuamos a insistir no mesmo modelo, quando se sabe que o mercado quer gente criativa, e não conteúdo padronizado?”. Esse foi o questionamento do CEO do Centro Universitário Celso Lisboa, Rodolfo Bertolini, durante sua apresentação no 20º FNESP – Fórum do Ensino Superior Particular, realizado pelo Semesp no WTC, em São Paulo, e que tem como tema os “Desafios da 4ª Revolução Industrial para o Ensino Superior”.

O palestrante participou do painel “O Desenho da Nova IES”, juntamente com a vice-reitora da Arizona State University, dos EUA, Stefanie Lindquist, e defendeu que as instituições de ensino superior procurem focar sua atuação na experiência da aprendizagem relacionada às habilidades do futuro.

“Nosso processo envolve um tripé, que engloba conteúdo, incentivo e interação e, em cima disso, começamos a colocar a nossa tese na prática, com a criação de produtos inovadores”, disse Bertolini. O dirigente conta que foi criada “uma metodologia de interação, que foi se desenvolvendo e se tornou um ecossistema de aprendizagem”, com a criação uma ferramenta  educacional com base na cultura de design.

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Segundo o palestrante, as tecnologias, a partir dos laboratórios, foram trazidas para dentro da sala de aula, “para que o aprendizado fosse realmente significativo, e os próprios alunos passaram a criar jogos para serem utilizados com o objetivo de desenvolver as habilidades que devem receber mais foco para que o ensino prepare melhor profissionais para o mercado trabalho”.

Rodolfo Bertolini, durante sua apresentação no 20º FNESP – Fórum do Ensino Superior Particular

A IES criou a sua própria plataforma on-line de aprendizado, na qual os conteúdos estão inseridos numa lógica de game, em um modelo 100% colaborativo, com comunicação com o professor em tempo real.

“As universidades vão ter que mudar a forma como elas lidam com o processo de aprendizagem”, afirmou o CEO da Celso Lisboa, ressaltando que, nos dias de hoje, “a principal competência que precisa ser aprendida é a capacidade de adquirir novas competências”.

Stefanie Lindquist, vice-reitora da Arizona State University, abordou a educação superior no contexto do século 21

Desafios e oportunidades

A apresentação de Stefanie Lindquist, vice-reitora da Arizona State University, abordou a educação superior no contexto do século 21, em relação aos desafios e obstáculos institucionais à inovação, liderança e futuro, e relacionou as oportunidades encontradas pela instituição norte-americana.

“Vivemos em um tempo de mudanças aceleradas, enfrentamos desafios globais para o habitat e a democracia, e as soluções são comportamentais, tecnológicas, culturais, biológicas, históricas e governamentais e precisamos de compreensão histórica para não repetir os erros do passado”, afirmou.

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A expositora ressaltou o declínio da confiança no ensino superior nos EUA, mas afirmou que esse desafio abriu a oportunidade de ampliar o engajamento com os empresários e a comunidade. “Utilizamos aprendizagem baseada na experiência, através de estágios e estudos no exterior, e a construção de currículos dirigidos por soluções, em que os alunos pudessem aplicar as soluções em colaboração com as corporações”, afirmou.

Stefanie Lindquist, vice-reitora da Arizona State University, abordou a educação superior no contexto do século 21

Ela citou o desinvestimento no ensino superior que ocorre atualmente nos EUA. “Somos uma universidade estadual, mas apenas 10% do orçamento vêm do Estado do Arizona, tivemos que diversificar as nossas fontes de renda, e nos tornamos empreendedores”, disse a vice-reitora. Segundo afirmou, “não nos vemos como uma agência governamental, mas como um empreendimento de geração de conhecimento abrangente e diversificado, que faz parcerias com organizações privadas e não usa apenas os orçamentos das mensalidades”.

Stefanie Lindquist revela que a instituição passou a utilizar um ambiente adaptativo baseado em tecnologia. “Nossa plataforma on-line é baseada em aprendizado contínuo e garante que o aluno tenha acesso as informações que possam ter perdido ao longo do curso”, ela afirma, citando que o desafio do avanço tecnológico foi vencido adaptando as tecnologias de block chain, utilizando inteligência artificial para a educação e conhecimento, fazendo parcerias para garantir segurança cibernética e envolvendo o uso da internet das coisas.

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Segundo Lindquist, “os obstáculos institucionais à inovação são aversão ao risco, burocracia e manutenção da mentalidade de administradores, e não de criadores”. Na visão da vice-reitora norte-americana, é preciso introduzir a mentalidade de design e ver os alunos como eternos aprendizes, e não como universitários. “O analfabetismo no século 21 não é não aprender – é não reaprender continuamente por toda a vida”, concluiu em sua exposição.

O 20º FNESP será realizado até esta sexta, 28, no WTC em São Paulo, continuando os debates sobre o tema “Desafios da 4ª Revolução Industrial para o Ensino Superior”. O evento visa estabelecer como as IES podem enfrentar questões como o valor do diploma, as novas profissões e a tecnologia nessa nova era por meio de palestras de especialistas nacionais e internacionais.