Diretor de Estudos de Ciência e Tecnologia do Fórum Econômico Mundial, Thomas Philbeck

Uma Revolução Digital igualitária e que pensa os benefícios de modo coletivo. É assim que o diretor de Estudos de Ciência e Tecnologia do Fórum Econômico Mundial, Thomas Philbeck, acredita que a 4ª Revolução Industrial precisa ser pensada e colocada em prática. Dando continuidade ao 20º FNESP – Fórum do Ensino Superior Particular Brasileiro, realizado pelo Semesp em São Paulo, nesta quinta (27), e as discussões sobre a nova realidade que tem afetado à área da Educação, Thomas apresentou a palestra “A Educação em uma nova era” e falou sobre sua visão em relação às mudanças que estão por vir em decorrência da utilização das novas tecnologias em todo os setores econômicos e sociais.

Thomas Philbeck iniciou a apresentação fazendo um panorama das revoluções industriais para, em seguida, conceituar a 4ª Revolução Industrial e o impacto que ela já está causando em áreas como a educação, por exemplo. Ele falou também sobre os mitos relacionados a essas transformações e os desafios que as instituições de ensino superior terão que enfrentar daqui para frente.

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“A 4ª Revolução Industrial não está acontecendo de forma linear e é fundamentada em um modelo mental inclusivo”, falou Thomas. “Então, mais do que como essas novas tecnologias funcionam, precisamos nos preocupar com a forma que entendemos e nos relacionamos com elas”, continuou.

Segundo ele, lideranças em geral precisam assumir uma postura ativa em relação a essas transformações. “As escolas, empresas e governos devem inspirar as pessoas a pensarem essas mudanças de forma positiva e para atingir fins que vão além de suas instituições e benefícios próprios”, pontuou. “São desafios que demandam uma governança sistêmica que pensa a partir de uma nova lógica de instituições, regulamentos, relações de trabalho e políticas públicas, por exemplo. Essas mudanças exigirão muito de toda a sociedade”.

Diretor de Estudos de Ciência e Tecnologia do Fórum Econômico Mundial, Thomas Philbeck

A partir dessas premissas, o diretor de Estudos de Ciência e Tecnologia do Fórum Econômico Mundial lançou uma série de reflexões relacionadas ao futuro do trabalho, do conhecimento, das próprias instituições de ensino e da economia da educação.

“Como a educação superior pode lidar com a criação do conhecimento nessa nova era? Como elas podem desenvolver programas adaptados à criação desse novo tipo de conhecimento a partir das novas tecnologias que estão surgindo?”, lançou a pergunta.

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Thomas citou quais os tipos de habilidades que farão a diferença nesse novo ambiente tecnológico, em que tópicos como Inteligência Artificial e Internet das Coisas estarão presentes cada vez mais em todos os âmbitos de nossas vidas: habilidades de colaboração, de mapear dados e soluções, habilidades inclusivas e de comunicação, de inovação e cognitivas.

De acordo com ele, o conhecimento vencerá e as universidades terão um papel importante nesse processo. “Elas deixarão de ser unicamente um local de reposição de conhecimento para se tornarem um espaço onde essas transformações serão discutidas e vivenciadas, e as IES mudarão junto com as tecnologias”, adiantou.

Debate após palestra “A Educação em uma nova era”

Cenário brasileiro

Em relação à realidade da educação no Brasil, Thomas afirmou que um dos principais desafios é superar barreiras como a qualidade do ensino e a defasagem no percentual da população com ensino superior. “A quantidade de pessoas sem formação e trabalhando em empregos informais dificulta que a 4ª Revolução Industrial se torne inclusiva e sustentável”, explicou.

“Caso o Brasil não supere esses problemas, as novas tecnologias podem exacerbar ainda mais as desigualdades sociais vivenciadas pelo país e criar um novo tipo de relação de poder”, decretou. “É importante que os benefícios da 4ª Revolução Industrial sejam distribuídos igualitariamente, e que essas transformações sejam lideradas pelos humanos e centradas neles. Podemos virar companheiros, concorrentes ou subordinados dessas novas tecnologias”, avaliou.

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O 20º FNESP será realizado até esta sexta, 28, no WTC em São Paulo, continuando os debates sobre o tema “Desafios da 4ª Revolução Industrial para o Ensino Superior”. O evento visa estabelecer como as IES podem enfrentar questões como o valor do diploma, as novas profissões e a tecnologia nessa nova era por meio de palestras de especialistas nacionais e internacionais.