A presidente do Semesp, Profa Lúcia Teixeira, abriu o terceiro episódio da série Educação & Democracia

O Semesp realizou nesta segunda (27) o terceiro episódio da série de webinares Educação & Democracia, em que a entidade convida especialistas da educação superior para debater o documento Diretrizes de Política Pública para o Ensino Superior Brasileiro, lançado pelo Semesp no último mês de maio.

Participaram deste terceiro episódio António M. Rochette Cordeiro, da Universidade de Coimbra; Sergio Firpo, Professor Titular da Cátedra Instituto Unibanco, além de Renato Pedrosa, assessor na área de Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesp. A condutora do debate foi Cleunice M. Rehem, diretora-presidente da Associação Fórum Nacional das Mantenedoras de Instituições de Educação Profissional e Tecnológica (BrasilTEC).

Webinar debate políticas públicas para ensino superior

Mais uma vez, a presidente do Semesp, Profa Lúcia Teixeira, abriu o evento agradecendo aos 16 especialistas em educação superior que contribuíram com a entidade na elaboração do documento. Ela lembrou que é responsabilidade dos governos, da sociedade e das próprias instituições de ensino superior tornar a educação superior mais inclusive e igualitária. “É nossa obrigação promover a disseminação de novos conhecimentos e a formação de pessoas cidadãs, focando na inovação e na criatividade de modo socialmente responsável”, defendeu antes de passar a palavra para os especialistas do setor convidados para debater a publicação do Semesp.

Especialistas debatem o o documento Diretrizes de Política Pública para o Ensino Superior Brasileiro, lançado pelo Semesp

Contribuição dos especialistas

Renato Pedrosa, assessor na área de Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesp, foi o primeiro a apresentar sua avaliação sobre o documento proposto pelo Semesp. Segundo ele, dois pontos presentes na publicação merecem um pouco mais de reflexão, como a noção de abrangência do sistema educacional e o uso da taxa de escolarização líquida como indicador. Para Pedrosa, o sistema de ensino superior no Brasil tem capacidade suficiente para ofertar vagas para a população. O problema não é o tamanho do sistema, e sim a falta de políticas públicas de financiamento que permitam o acesso da população à rede privada.

Três ex-ministros debatem documento do Semesp

Em relação ao uso da taxa de escolarização líquida, Pedrosa considera este um indicador falho, já que o Brasil possui como peculiaridade a população ingressar no ensino superior mais tarde. “Mais de 50% das matrículas do ensino superior estão preenchidas por pessoas com mais de 25 anos”, disse. “É uma questão metodológica. Não conseguiremos atingir a meta de 33% de jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior. Nós temos um sistema diverso, então precisamos atualizar esse indicador, já que ele não é o mais propício para medirmos a abrangência e eficiência do sistema de educação”, avaliou.

Já Sergio Firpo, Professor Titular da Cátedra Instituto Unibanco, elogiou o detalhamento do documento em alguns aspectos, em especial as propostas relacionadas à financiamento. Firpo apontou ainda a importância da discussão sobre avaliação, afirmando que os métodos atuais são falhos e não refletem a diversidade do sistema educacional brasileiro. Para ele, outra questão importante que precisa ser debatida é a existência de dados bloqueados que impedem a formulação de propostas que possam ser efetivamente executadas.

Sobre a autoavaliação, Firpo destacou que a proposta é importante, mas precisa ser implantada de modo crível para a sociedade. Ele citou o caso dos ranking como uma forma, ainda que imperfeita, de divulgar informações sobre as IES. Firpo criticou ainda a forma como a educação profissional e tecnológica é abordada. “Não podemos ver a educação profissional como algo à parte ou uma etapa final da educação, isso gera uma inflexibilidade que engessa o sistema”, pontuou.

António M. Rochette Cordeiro, da Universidade de Coimbra, finalizou as discussões sobre o documento elogiando a capacidade da publicação em propor alternativas ao sistema educacional atual. Para ele, uma das questões que precisa ser melhor detalhada é a formação dos professores