David Garza, reitor da Tec de Monterrey, durante painel que encerrou o primeiro dia do FNESP

Depois de palestras e discussões sobre reconfiguração do mindset organizacional e do valor da educação na sociedade 4.0, o primeiro dia do 21º FNESP foi encerrado nesta quinta, 26, com um debate sobre novos modelos educativos e mudanças na cultura de aprendizado, com participações de David Garza, reitor da Tec de Monterrey, universidade mexicana, e o fundador do ecossistema de inovação em aprendizagem Teya, Conrado Schlochauer. Os dois falaram um pouco sobre os cases de IES que se transformaram em tecnológicas, abriram seus currículos e reconfiguram seus cursos para melhor preparar os estudantes para o mundo digital.

Fundada em 1943, a Tec de Monterrey é uma faculdade privada sem fins lucrativos que possui hoje mais de 300 mil alunos em 26 cidades do México. “Atualmente, adotamos novos modelos, novas pedagogias, tecnologias emergentes e inovamos em nossos espaços educativos”, afirmou David Garza, citando uma série de inovações na área de educação implementadas pela IES. “Efeitos de holograma, realidade aumentada e virtual, aprendizagem personalizada etc. Nós já estamos usando agora essas ferramentas em nossas salas de aula”, disse apresentando exemplos dessa utilização pela instituição.

Especialistas discutem no FNESP o futuro da universidade

“Criamos o modelo Tec 21 pensando nos alunos que se formarão e irão trabalhar em empresas com funções que ainda nem existem, utilizando tecnologias não inventadas e resolvendo problemas que nem identificamos como problemas”, explicou Garza. “Introduzimos então novos desafios e conceitos que têm quatro elementos básicos: desafios, flexibilidade, vivência universitária memorável e professores inspiradores”, citou.

De acordo com Garza, o modelo Tec 21 possui sete habilidades transversais: autoconhecimento e gestão, empreendimento inovador, inteligência social, compromisso ético e cidadão, pensamento voltado para a complexidade, comunicação e transformação digital. “Nosso objetivo com esse modelo é trazer os problemas reais para o currículo dos alunos para que eles aprendam a partir do envolvimento”, defendeu.

“Nós como universidades somos responsáveis pela aprendizagem do aluno, que acontecerá dentro de um contexto real com desafios que tomam rumos diferentes”, contou Garza, lembrando que o modelo é feito por diversos caminhos escolhidos pelos próprios estudantes, que são acompanhados por professores, mentores, instrutores e assessores acadêmicos do início até a graduação. Uma experiência de aprendizagem rica que auxilia os estudantes a adquirem habilidades sociais e potentes para ajudar na interação com pessoas.

O fundador da Teya, Conrado Schlochauer, defendeu que o futuro é agora e as IES tem grandes desafios para resolver no presente

O futuro é agora

O fundador da Teya, Conrado Schlochauer, começou sua fala dizendo que criou um ecossistema de inovação em aprendizagem para adultos pensando como as empresas que vão receber os estudantes podem apoiar o processo de transformação. Em meio a tantos discussões sobre o futuro, ele alertou os gestores e líderes educacionais a não pensarem apenas no que está por vir. “Gosto de dizer que sou presentista e não futurista”, comentou. “As pessoas pensam tanto no futuro que esquecem o que está acontecendo agora. O futuro sempre vai estar no futuro. Nos preocupamos com ele, mas temos que mirar em nosso presente porque já temos grandes desafios e lacunas de habilidades para corrigir agora”.

Eric Mazur questiona avaliação no processo de aprendizagem 

“Um coisa que acho estranha é quando escuto líderes educacionais falando ‘no meio tempo'”, lamentou Conrado. “Negar as tecnologias e as redes sociais, por exemplo, mostra que os gestores estão desconectados com o presente. Por isso a única maneira de se adaptar aos processos de mudança é a aprendizagem ao longo da vida”, decretou lembrando que essa busca constante não deve ser apenas dos estudantes que entrarão no mercado no futuro, mas de quem está no mercado agora.

Para Conrado, aprendizagem não é adquirir conhecimento, mas sim a explicitação do conhecimento por meio de uma performance melhorada. “A gente aprende quando faz algo melhor do que fazia antes”, afirmou defendendo que o conteúdo se mistura com a prática. Em seguida, ele citou e problematizou cinco tendências tecnológicas que estão mudando a forma como aprendemos: salas digitais, redes de colaboração globais, o futuro da força de trabalho, uso de Big Data e a realidade aumentada e virtual. “A curiosidade é importante e precisamos experimentar as tecnologias. Não dá para saber as possibilidades das tecnologias sem empreender tempo para viver essas experiências várias vezes e daí entendê-las”, aconselhou.