Craig Robertson apresentou um panorama do Ensino Vocacional na Austrália

O Semesp realizou nesta segunda (10), em sua sede, o Seminário Políticas Públicas, Ensino Vocacional e Financiamento, com o objetivo de discutir um projeto de longo prazo para a educação superior do país e apresentar a edição ampliada do documento “Diretrizes de Política Pública para o Ensino Superior Brasileiro”.  O evento contou com a presença de vários educadores, representantes de IES e de uma comitiva da Embaixada da Austrália, além dos representantes dos candidatos à Presidência da República da área de educação .

Confira a transmissão do evento na íntegra

“Esse é um momento crucial para discutirmos políticas públicas para a educação superior, principalmente em razão das mudanças que o setor tem sofrido em relação a questões como financiamento, por exemplo”, afirmou Thiago Pêgas, vice-presidente do Semesp, na abertura do evento. “Precisamos de ideias e modelos novos para que seja viável atendermos a todos que querem ter acesso ao ensino superior”.

O conselheiro de Educação e Pesquisa da comitiva australiana, Mathew Johnston, destacou a parceria entre o país e o Semesp na troca de experiências para o desenvolvimento de um sistema de ensino vocacional no Brasil. “Estamos estreitando nossa relação com o Brasil para estabelecer uma parceria e colaboração de trocas de conhecimento, expertise e visões políticas”, pontuou.

Educação Vocacional

A primeira palestra do evento, “Educação Vocacional – Uma proposta revolucionária para o Brasil”, contou com Craig Robertson, CEO do TAFE Directors Australia. Ele apresentou aos presentes como funciona o sistema de educação VET (Vocational Education and Training) na Austrália, país em que mais de 30% da população economicamente ativa possui algum tipo de certificação técnica e profissionalizante.

Craig Robertson contou um pouco sobre a história do sistema educacional na Austrália, destacando a modalidade de ensino VET, que prioriza competências técnicas alinhadas às necessidades da economia do país. Atualmente, pouco mais de 4 milhões de estudantes estão inseridos no VET, que forma uma força de trabalho mais produtiva e economicamente competitiva.

“A certificação técnica foi um dos maiores passos do governo australiano para adequar a educação às necessidades do mercado, inserindo conhecimentos e habilidades de maneira aplicada ao contexto do econômico”, detalhou.

Karen Sandercock explicou em linhas gerais como funciona o financiamento estudantil na Austrália

Financiamento estudantil

Na segunda parte do seminário, os presentes puderam acompanhar uma discussão em torno do tema “Como tornar o Financiamento Estudantil um programa sustentável?”.  Karen Sandercock , gerente executiva para Políticas e Sistemas Educacionais do Departamento de Educação e Treinamento do Governo da Austrália, explicou em linhas gerais como funciona o financiamento estudantil no país.

Entre outras questões, ela destacou que o sistema de financiamento australiano é um dos programas mais bem sucedidos do país, sendo considerado o de maior sucesso no mundo por especialistas da área de educação. Ela esclareceu que, na Austrália, os seis tipos de financiamento existentes são relacionados aos tipos de estudantes, e não às instituições de ensino superior, por exemplo.

O pesquisador do IPEA Paulo Meyer Nascimento apresentou dados sobre o Fies

O pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Paulo Meyer Nascimento, também participou da discussão apresentando dados sobre o Fies. Entre outras informações, ele destacou o alto índice de alunos matriculados em IES privadas no Brasil, um dos maiores do mundo. “Dos oito milhões de estudantes matriculados no ensino superior, cerca de seis milhões estão no sistema privado. Aliado a isso, mais de 50% dos estudantes vinculados ao Fies estão inadimplentes graças à alta taxa de comprometimento de suas rendas”, apontou.

Ao final, ele destacou a necessidade de uma ampla reforma do sistema de financiamento estudantil vigente atualmente no país. Uma das propostas sugeridas pelo pesquisador para solucionar esse problema é a adoção de uma política de financiamento ECR, que leva em consideração a capacidade de pagamento do estudante. “Nesse modelo, a pessoa paga um percentual de sua renda até que a dívida seja totalmente quitada”, explicou apontando também alguns cenários que podem ser aplicados no Brasil.

Confira também a cobertura do Debate com os representantes dos candidatos à Presidência da República

Assista a um vídeo explicativo sobre o documento “Diretrizes de Política Pública para o Ensino Superior”, apresentado por Rodrigo Capelato – Diretor Executivo do Semesp e Fábio Reis – Diretor de Redes Cooperação e Inovação Acadêmica.