O professor e filósofo Leandro Karnal abriu o 21º FNESP

“A principal função de um professor é incentivar a curiosidade, mas a escola é especialista em matar a curiosidade”, lamentou o professor e filósofo Leandro Karnal durante a abertura do 21º FNESP, realizado nesta quinta-feira, 26, no WTC São Paulo. Karnal começou o evento do Semesp defendendo a educação como um processo de uma vida inteira, um processo complexo para os alunos, os professores e todos os envolvidos. “Existe esse conceito de aluno permanente. É preciso continuar aprendendo porque, no mundo atual, só existe espaço para o aprendizado contínuo”, decretou.

Refletindo sobre o tema do evento, a mudança de mindset na educação, Karnal provocou os presentes lembrando que os modelos tradicionais de educação ainda vigentes não condizem mais com a realidade dos estudantes e o cenário da sociedade atual. “A tecnologia implodiu esses modelos tradicionais de disciplina e a normalização em que o conhecimento e a cultura eram passados adiante pelas gerações passadas”, afirmou.

Segundo o filósofo, os professores têm vivido uma inversão inédita com o fim das narrativas totalizantes e com o aumento da ideia de individualização e personalização em que os alunos são questionadores. “O padrão das redes sociais domina as relações, não importam mais títulos e expertise, apenas o indivíduo personalizado que vive em um mundo que começa e termina com ele”, avaliou. “O mundo atual também vive o drama do excesso de informações e da falta de foco e concentração. Nossos alunos possuem o tempo de atenção da internet, e isso é outro desafio”.

Eric Mazur questiona avaliação no processo de aprendizagem

“Esse é um momento crítico para a universidade, um momento em que as pessoas questionam os valores da educação e da universidade”, decretou. “Ouço que a universidade morreu e foi substituída pelo Youtube. Ela não morreu, mas está sendo desafiada a dar respostas aos desafios que a tecnologia tem apresentado à questão de como continuar formando profissionais em atividades que não existirão daqui a 20 e 30 anos”, refletiu perguntando quais são os valores do futuro.

Karnal voltou a falar da questão da tecnologia afirmando que ela é uma ferramenta importante e que auxilia o trabalho das instituições de ensino. “A abertura à tecnologia é inevitável, mas uma boa universidade não pode se fechar na tecnologia. O que caracteriza uma boa universidade não é sua infraestrutura tecnológica, mas um bom projeto de aprendizagem e sua filosofia educacional. É essa filosofia que orienta as boas instituições de ensino”, finalizou.

Confira a programação completa do 21º FNESP, que acontece nesta quinta e sexta-feira, 26 e 27, no WTC São Paulo.