A pesquisadora em Educação Superior na Comissão Europeia, Andreia Inamorato dos Santos, apresentou a palestra “Tecnologias Educacionais e Habilidades Digitais” durante o I Encontro de Universidades MetaRed Brasil

Durante o I Encontro de Universidades MetaRed Brasil nesta terça-feira, 8, na Universidade Cruzeiro do Sul, os presentes puderam acompanhar discussões em grupo e palestras relacionados às áreas TICs das IES. A pesquisadora em Educação Superior na Comissão Europeia, Dra. Andreia Inamorato dos Santos, apresentou a primeira palestra do dia, “Marcos de Competencias Digitais para Professores Universitários”.

Na palestra, a pesquisadora falou sobre a nova agenda política para a educação na Europa, destacando projetos colaborativos e o desenvolvimento de marcos de competências digitais que podem ser adequados ao contexto brasileiro. “O mundo já está digital, mas nosso sistema educativo ainda não e isso precisa mudar”, diz Andrea, citando um recente discurso da nova comissária de inovação e juventude da Comissão Europeia, Mariya Gabriel.

Andreia apresentou dados que têm preocupado a União Europeia e estão na base da nova agenda política do grupo político-econômico. “43% da população da União Europeia têm baixo nível de educação digital e 17% não têm nenhum. Esses grupos estão em sério risco de exclusão e isso mostra a importância das competências digitais no mundo atual”, afirmou. “É preciso expandir as oportunidades de educação”, defendeu explicando dois marcos de competência na área que foram desenvolvidos pela Comissão Europeia, órgão executivo que apoia administrativamente a União Europeia: DigCompEdu e OpenEdu.

Encontro dá pontapé inicial ao projeto MetaRed Brasil

“O DigCompEdu é um marco de competência digital online que descreve o que significa ser um professor digitalmente competente a partir de seis áreas (compromisso profissional, recursos digitais, ensino e aprendizagem, avaliação, empoderamento dos professores e facilitação das competências digitais dos alunos) e 22 competências”, descreveu. “Já o OpenEdu é um marco de educação aberta para universidades e professores universitários, com foco no uso da tecnologia digital a partir de 10 dimensões: quatro delas (tecnologia, estratégia, liderança e qualidade) influenciando transversalmente as demais (conteúdo, pedagogia, colaboração, reconhecimento, pesquisa e acesso/acessibilidade).”

Raquel Carmona, gerente do Departamento Jurídico do Semesp, apresentou informações sobre a nova Lei Geral de Proteção de Dados

Lei de Proteção de Dados

Outra questão relacionada à tecnologia que impactará as instituições de ensino superior é a nova Lei de Proteção de Dados, que deverá ser implantada em todas as IES até agosto de 2020. Raquel Carmona, gerente do Departamento Jurídico do Semesp, apresentou aos presentes informações sobre a nova legislação, detalhando a lei e os princípios que a regem e  definindo os tipos de dados e os direitos dos usuários.

“A lei é muita extensa e possui vários tópicos que ainda precisam ser regulamentados”, explicou Raquel Carmona, lembrando que a legislação foi feita a partir de um modelo de lei similar ao da União Europeia. “O mundo está preocupado com o tratamento de dados. Atualmente, a coleta de dados é gigantesca em nosso cotidiano. O que as empresas fazem com esses dados?”, perguntou destacando que esses dados representam poder econômico e político e precisam ser bem gerenciados para não serem utilizados contra os próprios consumidores.

Grupo de trabalho discutindo um dos temas das quatro áreas propostas pela MetaRed: cibersegurança, tecnologias educacionais, relações com os fornecedores e governança e indicadores

Grupos de Trabalho

No período da tarde, os presentes se dividiram em quatro grupos de trabalho definidos pela própria MetaRed Brasil, seguindo o modelo de trabalho da MetaRed dos outros países. Os grupos se reuniram e definiram quais serão os primeiros passos e desafios enfrentados em quatro áreas (cibersegurança, tecnologias educacionais, relações com os fornecedores e governança e indicadores) apresentadas pelos coordenadores responsáveis.

Cibersegurança: boas práticas de implantação de ferramentas de segurança de informação; legislação e normas; atuação como interlocutor com órgãos e entidades para divulgar a importância da segurança de informação.

Tecnologias Educacionais: construção de uma política estratégica de educação digital para os próximos anos que use as TICs com vistas à melhoria do ensino e aprendizagem para atender as novas expectativas geradas por alunos digitais e pelo uso de novas tecnologias. Elaboração de um mapa da atual situação das tecnologias educacionais no Brasil.

Relações com os Fornecedores: criação de um ciclo de gestão de relacionamento com os fornecedores a partir da organização e uniformização de processos como detecção de necessidades, pesquisa de mercado, identificação dos fornecedores, contato com os fornecedores, desenvolvimento de um modelo de negociação diferenciado e avaliação dos fornecedores. Atuação no escopo de rede e não de forma individual.

Governança e Indicadores de TI: criação de ações em dois eixos, o desenvolvimento de indicadores de TI e a gestão como ferramenta institucional estratégica.