“É possível sonhar e realizar algo grande, importante e, apesar da crise, fazer a diferença”. Esse foi o recado deixado pelo piloto do Raly Dakar, Klever Kolberg aos calouros do Instituto Mauá de Tecnologia em duas palestras realizadas no dia 10 de fevereiro, no campus da instituição, em São Caetano do Sul. As palestras, proferidas em dois períodos, pela manhã e à noite, integraram a programação da semana de atividades organizada pela instituição para recepcionar os novos alunos.

A programação se estendeu até a sexta-feira, dia 13, e incluiu uma série de atividades que tinham como objetivo inserir o aluno no contexto da área escolhida. Aos alunos do curso de Engenharia foram propostas situações desafiadoras que necessitavam de certo nível de abstração, embora o conteúdo exigisse a aplicação de conhecimentos da grade curricular do Ensino Médio. Objetivando a construção de modelos matemáticos ou lógicos, foram  apresentados aos estudantes problemas com grau crescente de dificuldade; as atividades envolviam estimativas de distância, tempo e orientação, além de conhecimentos de trigonometria básica.

As atividades direcionadas aos alunos do curso de Design do Produto incluíram a apresentação do perfil dos professores e dos cursos, estímulo à apresentação oral e trabalhos em grupo, visando a integração dos colegas de turma, além de uma palestra com profissionais e estudo de casos.

Os estudantes dos quatro cursos Superiores de Tecnologia oferecidos pela Mauá também contaram com palestras com temas variados como mercado de capitais e empreendedorismo no setor de TI, além da participação de representantes do departamento de micro e pequenas empresas da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Desafios e oportunidades

Em pouco menos de uma hora, o piloto Klever Kolberg contou um pouco de sua trajetória até chegar ao mais famoso raly do mundo. Falou de desafios, dificuldades, medo, motivação, mas principalmente sobre a necessidade de planejamento para que os objetivos traçados sejam alcançados e sobre a importância do trabalho em equipe. “Não tenho intenção de ensinar nada a ninguém, não sou professor”, começou o engenheiro de produção, ao explicar à platéia que o Raly Paris Dakar entrou na vida dele e do companheiro de equipe, André Azevedo, como um sonho.

Lembrou que, de início, a dupla foi considerada louca por tentar integrar o seleto grupo de corredores de uma competição que até então não contava com nenhum brasileiro. Para viabilizar a participação, tiveram de vender tudo o que tinham e, mesmo assim, faltaram recursos para a preparação, treinamento, montagem de equipe, contou o piloto. O desafio foi transformar as dificuldades em oportunidade. O pioneirismo era a estratégia da equipe, mas ao mesmo tempo que significava oportunidade, “era também a nossa dificuldade, pois não tínhamos experiência”, comentou.

Falando de forma clara e direta, mostrou que sentimentos de medo e arrependimento também o acompanhavam, assim como estão presentes na vida de todas as pessoas e, para confirmar o que dizia, questionou os estudantes: “Vocês têm certeza de que estão fazendo a escolha certa”? Apesar das dificuldades, desistir nunca passou pela cabeça de ambos, afirmou, ressaltando que “quem desiste, nunca vence”.

Outra dica apresentada pelo piloto durante a palestra realizada no Ginásio de Esportes da Mauá: aprenda com os erros e planeje. “Há 21 anos fizemos três coisas importantes; sonhar, ir atrás dos nossos sonhos e acreditar, pensar grande”, ressaltou Klever Kolberg.

Os resultados de tanto trabalho, persistência e dedicação, hoje, são visíveis. Em 21 participações no Raly Dakar, a equipe contabiliza vários pódios, sendo seis como vencedor de uma categoria. Além disso, é a única com representante nas três categorias da prova: moto, carro e caminhão.