FACE Shield

O trabalho feito no laboratório FabLab consiste em impressões de peças 3D e corte de chapas para teste e validação de protótipos. O trabalho feito em laboratório ou remoto acontece com a avaliação e modificações
de projeto, coordenação de atividades entre os membros da equipe e desenvolvimento de soluções escaláveis. Ou seja, aprendemos com a rede internacional, replicamos o conhecimento aqui, validamos localmente e, a seguir, buscamos desenvolver soluções de produção em grande escala.

A associação do Insper Fab Lab com outras iniciativas tem o objetivo de facilitar o acesso aos especialistas médicos, como já ocorreu semana passada na visita ao HC em São Paulo.

Ainda não há previsão de peças total a serem produzidas. Uma produção de peças expressiva não é a melhor contribuição do Fab Lab, cuja força maior é prototipagem rápida. Na frente de trabalho de máscaras de
proteção (face shield), estamos melhorando o desenho para validação tanto em UTI quanto nas demais atividades. Isso permitirá a produção de um molde e fabricação por injeção de plástico, conseguindo assim um número expressivo de unidades.

Os moldes estão em fabricação e a partir daí poderemos produzir uma quantidade expressiva no TechLab do Insper, assim como fornecer o molde para que empresas parceiras também realizem a produção.

APOIO À COMUNIDADE

No último sábado, 4 de abril, uma iniciativa coordenada por Lars Sanches, professor do Insper, levou 6 toneladas de ovos, banana e batata-doce de pequenos produtores que ficariam sem ter para quem distribuir esses alimentos, por conta do fechamento de restaurantes causado pela crise do coronavírus, para serem distribuídos e comercializados na comunidade de Paraisópolis, na zona sul da cidade de São Paulo. A ação integra os esforços realizados pela nossa escola em benefício de comunidades vulneráveis na capital paulista.

1) Como surgiu a ideia de realizar essa iniciativa?

Em 2017, o Núcleo de Operações e da Cadeia de Suprimentos do Centro de Estudos em Negócios (CENeg) do Insper, liderado por André Duarte, fez um projeto de distribuição e logística em favelas. Desse trabalho, saiu um artigo publicado em revistas internacionais que trouxe particularidades de se operar em comunidades.

Entre 2018 e 2019, eu tive a oportunidade de ficar um ano como professor visitante no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde me envolvi em um projeto de pesquisa na área de logística de frutas e verduras para populações de baixa renda na América Latina. Em paralelo a isso, o Núcleo de Operações aproveitou o conhecimento em logística de favelas para iniciar um projeto de pesquisa em parceria com a London School of Economics com foco em logística de frutas e verduras em favelas.

Nesses projetos, percebemos que a taxa de obesidade em todos os países da América Latina, e o Brasil não fugia a essa regra, estava crescendo de forma preocupante, o que gera um enorme impacto na saúde e até mesmo na expectativa de vida da população. E para piorar a situação, a taxa de obesidade da população de menor renda estava pior do que a média da população, exatamente a parcela que tem menos acesso a sistemas de saúdes de boa qualidade.

Identificamos dois fatores determinantes para esse fato: acesso e preço de produtos saudáveis. Em diversas regiões da América Latina, existem os chamados “desertos alimentares” (food deserts) onde a disponibilidade de locais para se comprar alimentos saudáveis, como frutas e verduras, é muito limitada. Ou seja, é necessário percorrer grandes distâncias para chegar a um local que os venda. Como muitos não possuem carros, isso se torna um limitante para a compra desses produtos. O outro fator é um crescente aumento dos preços dos produtos saudáveis, o que inviabiliza a compra por parte da população mais carente.

Um dos motivos para o encarecimento dos preços de frutas e verduras era a grande quantidade de alimentos desperdiçados em algum elo da cadeia de suprimentos. No Brasil, mais de 30% das frutas e verduras estragam antes de serem consumidas.

Durante essas pesquisas, tivemos a oportunidade de visitar a favela de Paraisópolis onde, com o suporte do G10 Favelas, pudemos conhecer a realidade dessa comunidade e ter contato com pessoas responsáveis por cozinhas comunitárias e pequenos varejistas de hortifruti. Além deles, tivemos contato com organizações que ajudavam pequenos agricultores de baixa renda a venderem seus produtos para restaurantes da cidade de São Paulo.

Quando estourou a pandemia do novo coronavírus, as medidas de isolamento fizeram com que muitos moradores de favelas deixassem de ter renda, uma vez que grande parte depende de atividades informais. Como muitos desses trabalhadores não têm uma renda reserva e dependem dos seus rendimentos para poder comprar seus alimentos, percebemos que o problema da fome iria se agravar rapidamente nas favelas. Outra consequência do isolamento foi o fechamento de restaurantes, que fez com que a demanda dos pequenos produtores agrícolas que os atendiam
despencasse. Esses produtores, além de ficar sem renda, iriam jogar fora boa parte dos alimentos plantados antes do início da pandemia e teriam muita dificuldade de reiniciar suas atividades depois.

Tendo esse pano de fundo, resolvemos arregaçar as mangas e partir para usar nossos conhecimentos para ajudar tanto os moradores da favela, quanto os produtores agrícolas. O fato de muitos professores terem experiência como executivos e consultores nos deu confiança para levar a teoria para a prática. No meu caso, ainda trabalhei muitos anos como executivo na divisão de alimentos da Unilever.

2) Quais produtos foram entregues em Paraisópolis? Qual a quantidade e origem desses produtos?

Resolvemos organizar, em conjunto com uma empresa de fins sociais chamada Frexco, uma entrega de 6 toneladas de ovos, banana e batata-doce a partir de uma cooperativa agrícola na região de Piedade (SP). Quando vimos que seria possível ter acesso aos produtos, lancei uma campanha informal de coleta de doações em dinheiro para pagá-los. Logo no começo, tive uma grande adesão dos meus alunos do 5º semestre do curso de Administração. Duas alunas, Letícia Matias e Gabriela Marcotti, se ofereceram para liderar uma campanha junto aos seus colegas. Além disso, diversos professores ficaram sabendo da iniciativa e foi criada uma rede de doações dos próprios docentes do Insper e de seus amigos. Essas doações foram fundamentais para viabilizar a primeira entrega de produtos.

3) Como foi organizada a logística para levar os produtos da cooperativa até Paraisópolis?

Os produtos saíram de Piedade em dois caminhões e foram para dois locais em Paraisópolis: uma cozinha comunitária, gerenciada pela Associação das Mulheres de Paraisópolis e pelo projeto Mãos de Maria, e um comerciante local de frutas e verduras. Na cozinha comunitária, os produtos foram utilizados para fazer marmitas que são distribuídas gratuitamente na comunidade. Foram mais de 3 mil ovos doados para a cozinha.

O restante dos produtos foi entregue em um local onde um comerciante contratou oito pessoas para separar cerca de 5 mil quilos de ovos, bananas e batata doce em 500 kits, cada um com cerca de 10 quilos.

4) Como está sendo feita a distribuição desses kits?

Os kits estão sendo entregues para famílias carentes que foram identificadas por líderes locais. Cada família pode comprar um kit de 10 quilos de alimentos a um preço de R$ 12,00, R$6,00 ou de graça. Esse preço representa um desconto de 60%, 80% e 100% do preço normal desses produtos no comércio local. Existem diversos motivos para não termos optado por um modelo de doação: doações geram aglomerações de pessoas, o que além de facilitar a disseminação do coronavírus, não garante que os produtos vão chegar nas famílias corretas, geram um grande constrangimento em pessoas trabalhadoras que estavam acostumadas a viver de sua própria renda e acabam  canibalizando o comércio local.

Para garantir que os preços acertados fossem realmente aplicados, montamos uma série de mecanismos de compliance com ajuda da associação de moradores.

5) Você acha que essa iniciativa pode impulsionar o surgimento de ações semelhantes que beneficiem outras comunidades?

Nós todos acreditamos muito nesse modelo, que além de ajudar moradores de favelas a comprarem produtos frescos a preços extremamente acessíveis, ajuda pequenos produtores rurais e gera renda para comerciantes locais. Temos grande convicção que essa primeira entrega servirá como um estande de venda (showroom) para pessoas e organizações.

Doações estão sendo compromissadas para que o projeto possa ser escalado a um volume de 40 toneladas de alimentos por semana.

APOIO À COMUNIDADE – Projeto 2

O Insper, por meio do Núcleo de Mulheres e Território de seu Laboratório de Cidades, em parceria com a Bei Editora, o Por quê?- economês em bom português e o Instituto Bei, com apoio da Fundação Tide Setúbal e do Instituto Galo da Manhã, sob a coordenação de João Oliveira, conselheiro do Insper, está encaminhando um pedido de ajuda emergencial para destinar verba diretamente a lideranças comunitárias para a compra de cestas básicas e outros artigos de primeira necessidade.

Como surgiu a ideia dessa ação emergencial?

Foi proposta uma ação conjunta entre o Insper e a Editora BEI para mobilização imediata da sociedade. Em uma reunião do grupo, discutimos como poderíamos ajudar as comunidades com necessidades urgentes causadas pela paralisação do comércio e da economia.

Assim, as professoras que participam do Núcleo de Mulheres e Território, que integra o Laboratório de Cidades desenvolvido pelo Insper e pela Arq. Futuro, entraram em contato com lideranças comunitárias para levantar o número de famílias com essas necessidades. Foi constatado um número de 27 mil famílias, aproximadamente 108 mil pessoas, que precisam de ajuda o mais breve possível.

O que é o Laboratório de Cidades e o Núcleo Mulheres e Território?

Era um sonho do Insper começar a atuar na área de Urbanismo e Cidades. Já tínhamos alguns cursos, mas não um núcleo estruturado. Então, em parceria com a Arq. Futuro, criamos o Laboratório de Cidades -uma plataforma interdisciplinar para o aprendizado, pesquisa e inovação sobre as cidades.

Um dos Núcleos do Laboratório é o de Mulheres e Território, que discute como se dá a inclusão do feminino na gestão e elaboração de políticas públicas para as cidades. Temos Marisa Salles, da BEĨ, como conselheira desse núcleo, coordenado por Regina Madalozzo, professora do Insper, com participação de Tania Haddad, conselheira do Insper, Ana Carla Abraão Costa, da Oliver Wyman, de um grupo de professoras associadas a comunidades e de lideranças em territórios vulneráveis. Essas lideranças são mulheres fundamentais para a pesquisa e atividades de aprendizado fomentadas pelo Núcleo e responsáveis pela logística e gestão dos recursos levantados nessa ação emergencial.

No que consiste essa ação emergencial de ajuda às comunidades?

A ação consiste em um pedido de ajuda emergencial para a compra de cestas básicas e de outros artigos de primeira necessidade, que serão direcionados a lideranças comunitárias. A ideia é levantar um total de R$ 8.190.000,00, dividido em duas etapas – uma imediata de R$ 4.095.000,00 e outra do mesmo valor em 15 dias.  Isso porque as cestas e demais artigos deverão suprir as necessidades das famílias por uma quinzena. Buscamos a ajuda de todos nessas primeiras etapas e idealizamos a contribuição também de instituições de grande porte para o desenvolvimento de ações posteriores de médio e longo prazo. À medida que a crise se desenrolar, serão necessárias ações complementares, mas neste momento estamos focando nas mais urgentes.

Por que a decisão de destinar a verba diretamente às lideranças comunitárias?

Em nossa avaliação, essa é a maneira mais ágil para efetivar a nossa contribuição. As doações serão recebidas por pessoas e organizações que há anos se dedicam ao apoio de comunidades vulneráveis de São Paulo e que possuem uma rede já estruturada e de grande capilaridade, o que facilita a logística de distribuição.

Os recursos serão encaminhados para:

Carmen Silva, líder do MTSTC – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Centro
Cleide Alves, presidente da UNAS – União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região
Eliana Silva, diretora das Redes da Maré
Ester Carro, presidente da União Esportiva e Educacional do Jardim Colombo
Evaniza Rodrigues , diretora da UMM – União dos Movimentos de Moradia
Marília De Santis, gestora do CEU Professora Arlete Persoli, de Heliópolis

Como contribuir com essa iniciativa?

A ajuda de todos neste momento extremamente grave é muito importante para cada família e para o conjunto da sociedade.

Seguem dados bancários da conta corrente para doações:

Fundação Tide Azevedo Setúbal
CNPJ: 07.459.655/0001-71
Banco: Itaú
Agência: 0196
Conta corrente: 70.476-1

Os doadores deverão enviar cópia do comprovante para [email protected] para que possam ser elaborados os recibos de doação.

Relato de Irineu Gianesi