Fonte: A Tribuna

Dificuldades financeiras, aprendizado deficitário, pouca autonomia. Seja qual o motivo leve à evasão, este é um assunto que preocupa o Ensino Superior. Na Baixada Santista, os números são expressivos. Nos cursos presenciais da rede privada, a taxa de desistência é de 26,6%, a quinta maior entre as 15 regiões do Estado. Nos cursos a distância, a situação é pior: 36%. A segunda mais alta, atrás apenas de Registro.

Estes são alguns dos dados que o Sindicato das Mantenedoras do Ensino Superior (Semesp) apresentará hoje, na 11-edição das Jornadas Regionais, no Hotel Mercure, em Santos. O objetivo é analisar o panorama do segmento na Baixada Santista e discutir planejamento estratégico em tempos de crise e inovação acadêmica.
“Este é o reverso da moeda. É um fenômeno comum nas regiões que têm muita procura pelas engenharias”, comenta o
diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, em relação aos dados de evasão.

Estes cursos, explica ele, têm uma base de Matemática muito forte e a realidade da educação básica não colabora para o aluno enfrentar isso. “Infelizmente, chegam à universidade sem a base. Muitos não conseguem acompanhar o curso”.

A rede privada tem participação de 90% nos cursos presenciais da região. Dos 20 mais procurados, há cinco engenha-
rias: Civil, Produção, Mecânica, Química e de Petróleo. O primeiro é Administração.
Para Capelato, as instituições ainda tentam preencher algumas lacunas no aprendizado, mas é difícil suprir deficiências de uma etapa inteira.

A presidente da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e vice-presidente do Semesp, Lúcia Maria Teixeira, concorda. E diz que os alunos chegam às universidades sem repertório e sem entender e se expressar bem. Porém, admite que outros fatores podem influenciar.

“Tem muito a ver com a escolha do curso, que ele vai descobrir que não é o que esperava. Ou a dificuldade de conciliar a vida com a universidade e ainda a questão financeira. Já nos cursos a distância, autonomia e organização fazem a diferença. Há várias possibilidades”.

O diretor executivo do Semesp admite que, principalmente nos cursos a distância, o modelo precisa ser revisto. Tornar as aulas mais atraentes se-
ria uma possibilidade de manter os alunos.

O OUTRO LADO A MOEDA

Por outro lado, os números de matrículas na região cresceram acima da média do Estado. Enquanto em São Paulo, de 2012 a 2013 houve um crescimento total de 4,4%, na Baixada a elevação foi de 5,5% – 4,3% na rede pública e 5,6% na privada.
“É um crescimento significativo. Vemos que além dos cursos tradicionais entre os mais procurados – Administração e
Direito – temos Engenharias, Logística, Negócios Internacionais, muito ligados ao Porto e à Petrobras, enfim, ao cenário da região. Isso nos faz pensar que as instituições conseguem oferecer o que o mercado precisa”, diz Capelato.