Descobrir a métrica ideal para avaliar o ensino superior no Brasil não é uma tarefa fácil, e por isso mesmo merece mais atenção das instituições

Por Luciene Leszczynski, editora

Um novo ranking universitário foi lançado pelo jornal Folha de S.Paulo no início de setembro. A metodologia do Ranking Universitário Folha (RUF) foi inspirada nas principais avaliações internacionais e inclui a reputação das instituições no mercado de trabalho, abrangendo 232 instituições – 191 universidades e 41 centros universitários e faculdades – classificadas a partir de quatro critérios: pesquisa acadêmica (55 pontos), qualidade do ensino (20 pontos), avaliação do mercado (20 pontos) e inovação (5 pontos).

Até então a qualidade do ensino superior brasileiro era aferida apenas pelo Ministério da Educação, por meio da complexa fórmula do Sinaes, que leva em conta a nota dos graduandos no Enade e a quantidade de mestres e doutores, entre outros itens. A necessidade de construir um modelo de avaliação que contemple a diversidade regional e a pluralidade de modelos de instituições de ensino superior existentes no Brasil é um tema recorrente na discussão sobre a qualidade da educação no país, como mostrou a reportagem da revista Ensino Superior na edição de julho (nº 166).

A fórmula do RUF, embora busque contemplar tais diferenças ao permitir classificar as instituições sob aspectos específicos como a produção acadêmica, na perspectiva do mercado, ou sob o ponto de vista dos professores que estão na academia, ainda privilegia o peso da pesquisa e tem na opinião do mercado e dos profissionais de ensino uma medida muito subjetiva. Uma mostra disso é que das 191 universidades classificadas, mais de 142 aparecem com nota zero no quesito qualidade de ensino. É estranho conceber, por exemplo, que a PUCPR, com mais de 38 pontos em pesquisa, tenha zero no quesito ensino, ou a Universidade Mackenzie, avaliada pelo mercado em 15,90, tenha 0,87 de qualidade de ensino. Descobrir a métrica ideal para avaliar o serviço de ensino superior no Brasil não é uma tarefa fácil, e por isso mesmo merece atenção das instituições. É um exercício constante de autoavaliação que não se encerra na busca pelo conhecimento.