Chegou ao fim, na última segunda-feira 30/04, a 10ª edição da Missão Técnica Internacional do Semesp, realizada neste ano na Austrália para identificar novos modelos de educação superior por meio de seminários e visitas técnicas em instituições com foco em empreendedorismo, inovação, ensino, engajamento dos estudantes e cooperação com o setor.

A Missão Técnica Internacional é um programa idealizado e realizado anualmente pelo Semesp, que foi o pioneiro na realização deste modelo de viagens e já acumula uma grande bagagem e experiência ao longo desses 10 anos de realização.

Durante duas semanas na Austrália, o grupo de 40 participantes, entre gestores de IES brasileiras e representantes da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior – Seres/MEC, percorreu as cidades de Sydney, Brisbane e Melbourne para identificar novos modelos de ensino em diversas instituições, como Macquarie University, University of Technology Sydney (UTS), Australian Technology Network (ATN), Bond University, University of Southern Queensland, Swinburne University of Technology, RMIT University, Browns College e L. H. Martin Institute.

Desde 1995, a Austrália possui uma Estrutura de Qualificação (Australian Qualifications Framework – AQF) que serve como diretriz para todos os níveis educacionais. Com uma matriz educacional flexível, permite ao estudante o aproveitamento das competências e habilidades adquiridas ao longo da trajetória de formação. Na atualidade, o país possui 43 universidades e 125 faculdades que congregam 1,457 milhão de alunos, sendo 391 mil internacionais.

Segundo levantamento feito na Austrália, a taxa de desemprego para população com graduação é de apenas 2% de um total de 6% para população geral. Apenas em 2017, a educação australiana gerou aproximadamente 20 bilhões de dólares para o país.

Os participantes finalizaram a agenda de seminários e visitas técnicas colocando suas impressões sobre as experiências proporcionadas pela 10ª Missão Técnica Internacional na Austrália. Para Fábio Reis, diretor de inovação acadêmica e redes de cooperação do Semesp, é importante ressaltar os programas oferecidos pelas universidades australianas para engajamento dos estudantes, nos quais os alunos são formados como empreendedores. “O objetivo é fazer com que o estudante pense de forma empreendedora e leve isso para o mercado de trabalho, independente se for em uma startup ou no setor público. Apesar de já existir alguns projetos em andamento no Brasil, sem dúvida, o engajamento estudantil é uma reflexão que queremos incentivar nas IES brasileiras, afirma Reis.

Financiamento Estudantil

Segundo o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, outro ponto forte do sistema educacional australiano é modelo de financiamento estudantil, considerado um dos mais eficazes do mundo. Para Capelato, é importante ressaltar que a Austrália, ao implantar um financiamento estudantil eficaz, colocou em pauta o fim da gratuidade da universidade pública, um assunto que o Brasil também precisa enfrentar, segundo o diretor. “Na Austrália essa questão foi discutida há 30 anos e, na atualidade, é um assunto totalmente resolvido no país. Todos têm de pagar, mas existe financiamento para todos. Como já imaginávamos, o modelo australiano é o mais justo de todos, pois está atrelado à renda futura do estudante, traz mais justiça social e oferece oportunidade para todos”, afirmou.

Ensino Vocacional

O VET (Vocational Education Training), programa de educação vocacional aplicado atualmente na Austrália para qualificação de jovens e adultos, também foi destaque na avaliação dos gestores.

“Por meio do VET é possível oferecer uma variedade de qualificações em carreias que não exijam nível universitário. Essas qualificações vão desde cursos básicos que introduzem o aluno na área de estudo, até cursos de especialização para técnicos e profissionais, uma sugestão que seria de grande aproveitamento para o ensino brasileiro, proporcionando certificações mais rápidas e que otimizariam a inserção no mercado de trabalho”, complementa Rodrigo Capelato.