As instituições privadas de ensino superior querem que seja instituída uma agência independente para avaliar a qualidade das graduações do país. Para as entidades, a análise do ensino feita atualmente pelo Ministério da Educação (MEC) é parcial e incompleta. “Queremos uma Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] da educação. Um órgão independente e isento”, sintetizou Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), durante evento promovido pelo sindicato na tarde desta quinta-feira (19).

Segundo Figueiredo, a proposta já foi discutida com o MEC.  Para ele, a forma de avaliação do ministério deixa a desejar, pois não contempla fatores como empregabilidade dos alunos e atividades de extensão junto à comunidade. Figueiredo também diz que o órgão governamental é parcial. “O MEC fala muito e age pouco. Muitas vezes não pune instituições ruins por influência de políticos”, afirmou. De acordo com ele, além de São Paulo, outras associações de universidades privadas do país também apóiam a medida. O Semesp congrega  456 instituições.

“O governo não deve assumir o papel da qualidade de ensino. São ineficientes os recursos públicos aplicados nessas atividades de controle”, declarou a professora chilena Maria Teresa Lepeley, que criou o instituto global para qualidade da educação nos Estados Unidos (Global Institute for Quality Education). Ela foi uma das palestrantes do evento. Segundo Lepeley, em outros países da Europa e também nos Estados Unidos há órgãos independentes que analisam o ensino superior.

Há entidades que também defendem a idéia de uma agência formada por representantes de instituições privadas ou até mesmo uma organização não-governamental. “Queremos um mercado de educação superior com menor intervenção estatal. O governo sempre é político e ideológico”, afirmou o diretor-executivo da entidade de ensino IBMEC, Van Dick Silveira.

Para Arthur Roquete de Macedo, presidente do Instituto Qualitas – que faz avaliações particulares de instituições privadas – é essencial que essas instituições avaliadoras sejam confiáveis e alcancem reconhecimento nacional “como os institutos de pesquisa que existem no Brasil”, diz. Segundo ele, um dos problemas das avaliações atuais é que as pessoas contratadas pelo governo para fazer visitas às universidades já têm uma idéia pré-concebida que as entidades públicas são boas e as privadas ruins.

O Semesp, no entanto, defende que o ministério continue fazendo as avaliações como forma de autorizar e regulamentar ou não cursos superiores em funcionamento.

A assessoria de imprensa do MEC disse que não iria comentar a proposta da agência reguladora porque ela ainda não foi oficialmente enviada para o ministério. Sobre as críticas feitas ao modelo de avaliação do órgão, a assessoria disse que o órgão não iria se pronunciar, pois trata de opinião pessoal das entidades.