O crescimento geográfico, econômico e populacional registrado nos últimos dez anos em São Paulo refletiu nos outros 38 municípios que formam a Região Metropolitana. Além de atraírem indústrias, presta­dores de serviços e registrarem um aumento populacional maior que o da Capital, esses municípios também passaram a oferecer ensino superior a seus habitantes.

 

A informação é do professor Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). “Esse crescimento favoreceu a instalação de instituições de ensino superior privado em municípios, que antes tinham seus estudantes atendi­dos por grandes pólos educacionais instalados na Capital, Santos e Campinas”, disse.

 

Figueiredo observou que o significativo crescimento populacional e econômico não beneficiou apenas estudantes da Região Metropolitana. “Em Várzea Paulista e Campo Limpo já estão surgindo cursos superiores, antes restritos a Jundiaí”, informou.

 

De acordo com números apresentados pelo professor, em todo o Brasil há mais de duas mil instituições de ensino superior, públicas e privadas, sendo que 600 estão no estado de São Paulo, e a Região Metropolitana acaba absorvendo quase 50% delas.

 

Faculdades

 

O professor Hermes Figueiredo ressaltou que os empresários ligados ao ensino preferi­ram investir na abertura de faculdades em vez de universidades. “Á opção agiliza o atendi­mento das exigências feitas pelo Governo federal”, disse.

 

O presidente do Semesp explicou que para abrir uma universidade é necessário desenvolver pesquisas e programas de extensão, manter um terço do corpo docente em regime integral e outro terço com titulação de mestre e doutorado.

 

Para abrir uma faculdade isolada, as exigências são menores. Não é necessário programas de pesquisa ou extensão e os professores podem ser bacharéis ou especialistas.

 

O professor salientou que o Governo federal também pro­moveu uma flexibilização nos critérios para a autorização de abertura de novas instituições e cursos. Antes era necessário aguardar no mínimo cinco anos a autorização. Hoje, espera-se cerca de seis meses”.

 

O maior crescimento no número de faculdades foi registrado em municípios como Diadema, Itapecerica, Taboão Co­tia, Santa Isabel, Suzano, Itaquá, Ribeirão Pires, Jandira, Itapevi e Mauá. Já as universidades e os centros universitários — que têm certa autonomia na criação de cursos — es­tão em Guarulhos, Mogi das Cruzes e Santo André.

 

Para atender à população local, a maioria das faculdades oferece cursos tecnológicos, que juntamente com os de bacharelado são os mais acessíveis economicamente. Figueiredo acredita que hoje só vai estudar em outra cidade quem não encontra instituições com qualidade próximo de casa.

 

Cursos atendem necessidade

 

As instituições de ensino superior privado instaladas nos municípios que formam a Região Metropolitana, além de oferecerem cursos de bacharelado e pós-graduação, também inseriram em sua grade os tecnológicos de curta duração. A maioria atende ao perfil socioeconômico da população.

 

A Universidade Guarulhos (UNG), por exemplo, vai inserir, a partir de 2007, a gastronomia em sua grade de cursos tecnológicos. A novidade atendera à demanda da rede hoteleira instalada no município, com o objetivo de torná-lo referência em turismo de negócios.

 

“Já oferecemos cursos de curta duração que atendem aos principais segmentos econômicos da cidade, como radiologia, metalurgia, hotelaria, engenharia médica, química industrial, gestão ambiental e outras”, disse o reitor, Valmor Bolan. Ele acrescentou que, no to­tal, a instituição vai lançar 70 novos cursos no próximo ano.

 

Para continuar contribuindo na formação de mão-de-obra específica e, ainda, atender às necessidades da comunidade, a UNG vai oferecer cursos tecnológicos na área de recursos humanos, gestão financeira, logística, agronegócios e outros, na unidade que mantém há dois anos em Itaquaquecetuba.

 

“Consultamos todos os seg­mentos — empresas, bancos e associações — para saber qual a necessidade da região”, in­formou Cristiano Marchi Gimenes, superintendente da UNG naquele município. Segundo ele, a unidade terá suas instalações ampliadas para atender alunos de Itaquá, Suzano, Poá e mais seis bairros da Zona Leste: Ermelino Matarazzo, São Miguel, Itaim Paulista, Itaquera, Guaianazes e Cidade Tiradentes.

 

A população do bairro Jabaquara, na Zona Sul da Capital, também será atendida pela UNG. Em 2007 serão oferecidos dez cursos de graduação, dentre os quais jornalismo e administração, mais 22 cursos tecnológicos como gestão financeira e jogos digitais.