Professor da Universidade do Porto, de Portugal, afirma que a expansão do ensino superior brasileiro ainda não contribuiu para a inclusão social    Durante a terceira sessão do 8º Fórum Nacional: Ensino Superior Particular Brasileiro – FNESP, que o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo – Semesp realizou hoje (20), em São Paulo, o Presidente do Centro de Investigação de Políticas para o Ensino Superior e Professor Catedrático da Universidade do Porto, em Portugal, Alberto Manuel Sampaio Castro Amaral, afirmou que a maioria dos alunos do ensino superior é proveniente das classes mais privilegiadas, e este fato não foi ado pela grande expansão do sistema, “impropriamente chamada ‘democratização’ do ensino superior” afirmou.

Abordando a “Universalização e Financiamento da Educação Superior: os desafios das políticas de inclusão social e das ações afirmativas”, o especialista disse que a probabilidade de um jovem ingressar no ensino superior está diretamente ligada ao nível cultural e socioeconômico da sua família. “Ela é dez vezes maior para os jovens de famílias de classe média e alta” esclareceu.

Para Castro Amaral, embora não se possa tirar o mérito de ações como o Prouni e Fies, elas ainda não são suficientes para permitir que as camadas de nível mais baixo da sociedade brasileira tenham acesso ao ensino superior. “Eu gostaria que vocês analisassem essa questão com mais cautela” afirmou o especialista durante a sua exposição no FNESP. “É preciso ter em conta que nem todos os métodos serão eficazes para esse objetivo, devido à extrema complexidade dos processos de decisão por parte dos alunos em relação à escolha de investir na sua formação de nível superior, bem como nas escolhas do curso e da instituição”.

O especialista destacou, também, que outro importante desafio é a questão de quem paga os custos do ensino superior “O ensino superior tem um custo e alguém tem que o suportar” disse. Segundo ele, os custos deverão ser repartidos por três fontes principais: os contribuintes, uma vez que o ensino superior é estratégico para o desenvolvimento econômico do país, os pais que têm responsabilidades na formação dos seus descendentes, e os alunos, uma vez que o ensino superior é um investimento proveitoso, permitindo dividendos econômicos acima dos fornecidos por outros investimentos de longo prazo.