Assustadas, as escolas de São Paulo resistiram para voltar à normalidade. Fechadas desde segunda-feira (15), cerca de 30% das instituições particulares permaneceram com as aulas suspensas, de acordo com o Sindicato de Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp). Mesmo na rede pública municipal e estadual, onde a recomendação foi continuar abertas, muitos professores e alunos não apareceram. “A recomendação foi que, sendo possível, as escolas deveriam ter aulas normais. Mas cerca de 30% preferiram não abrir e outras 30% tiveram apenas metade dos alunos”, afirmou o diretor do sindicato, Roberto Prado. “Os pais estavam inseguros e, no começo do dia, ainda não dava para saber como ficaria a violência nas ruas. Por isso, recomendamos que cada uma seguisse o bom senso para decidir.” Em Higienópolis, no centro da cidade, onde ontem circularam boatos de ataques às instituições após um carro da Divisão Anti-Seqüestro (DAS) ter sido atingido por tiros, o clima foi de apreensão. Em vez do trânsito de pais buscando os filhos, via-se ruas vazias, portões fechados e muitos seguranças na frente da entrada das escolas. Os Colégios Rio Branco e Sion, além do Colégio e Universidade Mackenzie, devem reabrir somente amanhã. Nas instituições que decidiram ter aulas, muitos pais preferiram não levar os filhos. E os que foram acabaram discutindo a violência e os crimes que atingiram a cidade. Escolas como Loureço Castanho, na Vila Nova Conceição, e Prima Montessori, no Jardim Aeroporto, ambos na zona sul, tiveram metade da freqüência de alunos pela manhã, número que aumentou para 70% na parte da tarde. Eles reservaram um espaço durante as aulas para discutir o que tinha acontecido, em parte por demanda dos próprios estudantes. Várias escolas pretendem organizar debates e aulas especiais sobre a violência nos próximos dias. Na Escola Estadual dr. Alarico Silveira, na Barra Funda, zona oeste, os alunos foram dispensados na metade da manhã. Em algumas das classes, apenas cinco dos cerca de 40 alunos estavam presentes. “Na minha classe só tinha eu e mais quatro alunos. Ninguém veio, nem o professor”, contou Dyorginei Santos, de 14 anos. Ele diz que foi dispensado após o intervalo, por volta das 10 horas. Em outra classe, Larissa Lima, de 12 anos, disse que havia apenas cinco alunos. Ela ligou para a mãe buscá-la no intervalo. “Tive aula de matemática. Mas, no meu caso, o professor nem tocou no assunto, como se não estivesse acontecendo nada de diferente”, contou. Segundo o sindicato dos professores da rede pública, que chegou a pedir o cancelamento das aulas na noite de segunda-feira, a situação se repetiu em diversas escolas da cidade. Universidades – Nas faculdades e universidades que haviam cancelado as aulas de ontem, o clima foi mais tranqüilo. O próprio Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos do Ensino Superior (Semesp), que havia recomendado a suspensão ,voltou atrás, pedindo que as instituições retomassem as aulas. A Universidade de São Paulo (USP) seguiu com sua rotina. A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) optou por reabrir ao meio-dia. A Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap), Anhembi-Morumbi, Fundação Getúlio Vargas (FGV), Metodista, Cásper Líbero, Unip e Belas Artes tiveram aulas normalmente. No entanto, em algumas delas, como a Faap, muitos estudantes preferiram não aparecer. Para amanhã, as escolas e universidades informam que retomarão as atividades.