Seguindo o modelo da OAB, outras entidades profissionais estão empenhadas em aplicar uma prova no final do curso. O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) já realizou um exame no fim do ano passado, e o Conselho Federal de Administração também pretende instituir uma avaliação dos formandos.O próprio Ministério da Educação pretende aumentar a participação dos conselhos profissionais na avaliação das faculdades. Um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicado na última semana, aumenta a participação dos conselhos no processo de abertura de cursos universitários.”O que todos os conselhos têm em comum é a preocupação com a fiscalização do exercício profissional dos recém-formados”, explica o conselheiro do Cremesp Reinaldo Ayer. Fora esse ponto de convergência, em cada profissão os efeitos serão diferentes.O exame da OAB, por exemplo, é obrigatório para quem quer ser advogado no Brasil e as provas são diferentes em cada Estado. Já para administração, a expectativa do CFA (Conselho Federal de Administração) é instaurar prova única em todo o território.”Para implantar o exame de proficiência para todos os que concluem a graduação, fizemos uma alteração na lei, que está no Congresso. Esperamos que até novembro ela seja aprovada”, afirma Rui Otávio Bernardes, presidente do CFA.A iniciativa de alterar a lei está longe de ser unânime. Para o presidente do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), Hermes Ferreira Figueiredo, a idéia é um “desvirtuamento”.”Pela Constituição, o ensino é livre à iniciativa privada e deve ser avaliado pelo poder público. Duvido que delegar esse dever às corporações seja legal”, afirma.MedicinaO exame da medicina é optativo e só aconteceu, por enquanto, no Estado de São Paulo. Na primeira edição, os resultados surpreenderam o Cremesp. “As escolas médicas do Estado não estão em situação eminentemente precárias. Elas vêm cumprindo o seu papel”, afirma Reinaldo Ayer.Rodrigo Lopes Meime Jibrim, 23, é hoje residente em ginecologia e obstetrícia na Unifesp e prestou o exame do Cremesp no ano passado, quando se formava em medicina na mesma universidade. “Fiz a prova como um treino para os exames da residência.”Para ele, a boa nota foi conquistada pela prática no hospital durante dois anos de curso. “Isso é o que faz a diferença na formação.”