Um acordo firmado entre o Semesp (Sindicato das Mantenedoras das Instituições de Ensino Superior Particulares do Estado de São Paulo) e o Instituto Educar – entidade que promove crédito educativo – poder ser a alternativa que faltava para que as Instituições de Ensino Superior particulares de São Paulo consigam resolver o problema da evasão universitária e da inadimplência que, de acordo com levantamento do Semesp, chegou ao índice de 23,2% em 2006, contra 21,5% registrado no ano anterior.

Por meio da parceria, as universidades contratam o serviço do Instituto Educar e se eximem da responsabilidade de captar alunos e administrar o crédito educativo. O Instituto Educar passa a ser o responsável por toda a operacionalização, que inclui: inscrição, seleção, contratação, renovação, amortização e até a cobrança do valor a ser restituído após a conclusão do curso. Os alunos, por sua vez, podem ter o estudo subsidiado em até 50% do valor da mensalidade desde o início do curso. O restante do valor é pago após a formatura, no mesmo período de utilização do benefício.

Na opinião do diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, o acordo atende ainda a outra premissa das Instituições de Ensino Superior, a inclusão de jovens das classes C e D no Ensino Superior, fatia que é responsável pelo crescimento do setor no País. “De acordo com o Ministério da Educação, há mais de três milhões de brasileiros excluídos do Ensino Superior. É um compromisso das Instituições de Ensino Superior trabalhar para dar acesso ao jovem carente, mas é um desafio para elas manter esse jovem na instituição. Com o auxílio do Instituto Educar mudar essa realidade pode ser possível”, disse.

Para a diretora administrativa do Instituto Educar, Andréia Torres Marques, a parceria com o Semesp servirá de alavanca para estimular novos acordos e ampliar o número de estudantes no Ensino Superior, casos de sucesso que já são realidade em outros estados brasileiros. “Em quatro anos de existência o instituto já firmou parceria com mais de 20 Instituições de Ensino Superior particulares em todo o Brasil, especialmente no Nordeste, e atendeu cerca de sete mil alunos que precisavam do benefício. Queremos fazer mais, porque sabemos da existência de muitos estudantes que ainda precisam de uma chance”, diz.

Ao trabalhar com cinco linhas de ações focadas para atender às necessidades das instituições de ensino, elas ganham com o programa de crédito educativo porque ele reduz custos, riscos e ainda gera receita. “Em vez do prejuízo da cadeira vazia, nosso programa aumenta o número de matrículas e gera receita ativa após a formatura”, diz Andréia.

Como funciona o crédito

O diferencial do Instituto Educar é que ele não é uma instituição financeira, por isso, não tem seu lucro pautado nos juros acrescidos ao crédito educativo concedido ao estudante. Após a conclusão de seu curso, o estudante irá devolver o valor emprestado corrigido pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) que, nos últimos anos, têm ficado na média da inflação, cerca de 3% ao ano, isso quando não indica deflação. “É uma taxa muito baixa, por isso é um crédito que o estudante consegue pagar”, explica Andréia.

Em geral, os créditos chegam a 40% do valor da mensalidade do curso. Durante os quatro anos de graduação, o estudante custeia 60% do valor e o instituto e a universidade bancam os outros 40%. O único gasto com o instituto que o estudante terá é o pagamento de uma taxa semestral no valor de 5% da mensalidade. Em números, isso significa que um estudante que paga R$ 500,00 por mês, a cada seis meses, terá de pagar uma taxa de R$ 150,00 para o instituto que, tarifa que pode ser parcelada.

Segundo Andréa, a taxa cobrada do estudante serve para administrar seu contrato. Já a continuidade do programa é garantida pelo custeio da taxa cobrada da instituição pelo serviço prestado. “O valor a ser pago pela instituição está muito abaixo do custo que ela teria com equipamentos, contratação de pessoal e material para recolocar, captar e administrar os estudantes em seus programas de crédito educativo. Isso sem contar o serviço que prestamos para a amortização das parcelas”, lembra.

A Unir (Fundação Universidade Federal de Rondônia) é uma das clientes do Instituto Educar que, hoje, está despreocupada com a questão da inadimplência. Com a primeira turma que se formará este ano, sabe que o valor a ser devolvido – 40% de cada aluno – poderá facilmente retornar ao caixa da instituição porque será acrescido de uma correção pequena, o que não inviabiliza seu pagamento. Além disso, porque caberá ao Instituto Educar fazer o follow com os estudantes para a amortização do crédito educativo.

“Os estudantes pagaram até hoje todas as parcelas em dia. Não acredito que, agora, em melhores condições financeiras, diante de um pequeno acréscimo e ainda mais com o Instituto Educar como provedor de um projeto que deu a eles a chance de ingressar no Ensino Superior a inadimplência será um problema,” acredita o diretor administrativo da Unir, Hernandez Cabral. Segundo ele, essa crença também está pautada nos benefícios que o instituto trouxe tanto para a universidade, ao ajudar a equilibrar as finanças por meio da recolocação de alunos desistentes em seus cursos, como para os alunos, pela maneira positiva com que encaram a parceria. “Todos muito contentes porque foram beneficiados”, destaca Cabral.

O Instituto Educar tem mais de 60 mil alunos inscritos no programa, carteira ativa de sete mil estudantes beneficiados e investimento superior a R$ 10 milhões. A expectativa agora, com o aval do Semesp, é aumentar a atuação em São Paulo. No Estado, o programa já está disponível para estudantes da Faceq (Faculdade Eça de Queiroz), localizada em Jandira, na Região Metropolitana, Unisalesiano (Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium), em Araçatuba, e também Eniac, em Guarulhos.

“O Fies e o Prouni são muito bons, mas não atendem a demanda de estudantes, especialmente das classes C e D que precisam e querem ingressar no Ensino Superior. Embora muitas instituições tenham seus próprios créditos educativos, muitas têm dificuldade em administrá-lo. O Instituto Educar vem preencher essas lacunas de forma que beneficie não só alunos, mas também as instituições, já que elas contarão com apoio para poder cumprir sua função social de inclusão”, conclui Andréia.
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