O início das transmissões da TV digital no país já tem data marcada: 03 de dezembro de 2007. De olho no mercado potencial que deve surgir, muitas faculdades decidiram lançar cursos de pós-graduação lato sensu. O objetivo é atender à demanda por profissionais especializados nessa área. “Não há gente com experiência e muito menos com formação em TV digital”, ressalta André Abbade, gerente de educação continuada do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), voltado ao ensino e pesquisa em engenharia elétrica e de telecomunicações.

As aulas serão ministradas em três cidades, Santa Rita do Sapucaí (MG), sede do Inatel, Campinas (SP) e São Paulo, referência em negócios na área de TI. O curso terá duração de 24 meses, com aulas quinzenais, totalizando uma carga horária de 360 horas. Cada turma contará com um número restrito de alunos, que varia de 20 a 40 pessoas. “Queremos contribuir para uma melhor qualificação dos profissionais de TI e de telecom”, diz.

De acordo com Abbade, em ambos os casos existe um grande gap de mão-de-obra especializada e a oferta de cursos visa minimizar o problema . “Assim, teremos mais condições de disputar com a China e a Índia oportunidades globais”, aponta. Em 2005, o Inatel lançou seu primeiro curso de pós em TV digital na capital paulista, reunindo um total de 11 alunos. Mas após a definição do padrão tecnológico que será adotado no Brasil, a instituição não só reformulou o conteúdo programático como o próprio nome do curso, que passa a integrar a disciplina de IPTV. A idéia é permitir que engenheiros de telecomunicações possam atuar também com televisão.

A Universidade Mackenzie, de São Paulo, lançou, em agosto de 2006, sua pós em TV digital, dirigida a engenheiros das operadoras de sistemas de rádio e TV. Com duração de três semestres, ela visa dar uma noção ao alunos sobre o processo de digitalização da imagem e do som, desde a sua geração até a recepção por aparelhos residenciais. Na instituição, o tema é discutido há nove anos, quando foi inaugurado o laboratório de televisão digital, com o objetivo de aplicar testes comparativos entre os três sistemas de TV digital disponíveis, o americano, o europeu e o japonês.

Já a Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) encaminhou a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) um projeto de pós-graduação em TV digital. O curso será destinado à capacitação de profissionais para trabalhar com o desenvolvimento de novas tecnologias direcionadas a TV digital e formar pesquisadores na área. Desde o ano passado, a universidade possui concessão para operar um canal de TV digital.

A migração do padrão atual de transmissão para o digital no Brasil começará pela região metropolitana de São Paulo. Nos anos seguintes, progressivamente, o sistema será estendido a outras cidades, com conclusão prevista para 29 de junho de 2016, quando o padrão analógico será desativado.