Muitos estudantes resolvem dar a guinada já na graduação; outros, depois de formados, redirecionam com especializações

Escolher a profissão é um passo difícil. Cerca de 50% dos universitários da região acabam mudando de curso nos primeiros anos, de acordo com o professor da Escola de Negócios das Faculdades Integradas Metropolitanas (Metrocamp), José Floro. A cobrança da família, aliada à falta de informação sobre as faculdades são fatores que contribuem para essas desistências dos estudantes.

Cassiano Soares Froes Neto começou a cursar hotelaria em São Paulo. Logo no primeiro ano, percebeu que errou na escolha. “Achei que a faculdade fosse oferecer outras disciplinas, mas errei. Não pesquisei nem me informei direito sobre a opção. Na realidade, quando prestei o vestibular, falava-se muito em hotelaria. Fui no embalo e tive que voltar atrás no meio do caminho”, conta.

A transição da vida profissional ocorreu quando Neto procurou informações sobre o curso de turismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Percebi que estava muito mais relacionado com aquilo que eu pretendia estudar. A abrangência em planejamento e público-alvo foi uns dos atrativos que me levaram a realizar a troca.”

Hoje, ele já está no quarto ano e planeja o estudo continuado. “Pretendo realizar alguma especialização após o término da faculdade. Vou ver se consigo achar algum curso na área de administração de negócios”, diz Neto.
A indecisão levou o estudante Pedro da Cunha Toledo a trocar de curso no primeiro ano de faculdade. Ele prestou vestibular para economia, mas não sabia ao certo o que gostaria de fazer. “Na época, eu prestei vestibular sem saber ao certo o que pretendia da carreira profissional. Depois de um ano, vi que não tinha relação com os meus planos. Fiz outro vestibular e entrei em arquitetura.”

Para tomar essa decisão, Toledo analisou a grade curricular e buscou profissionais da área. “Não fui pressionado pela minha família a fazer a opção por cursos. Sempre me deixaram à vontade para escolher aquilo que eu gostaria de fazer. Hoje, já estou no quarto ano de arquitetura e gostei bastante da escolha que fiz.”

Paula Penido Burnier hoje busca o direcionamento da sua vida profissional em especializações. Depois de cursar Direito e prestar o concurso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ela procurou por uma pós-graduação em Direito processual”.Mesmo depois da graduação, senti a necessidade de nortear os estudos e até a carreira. Percorri diversos rumos e só agora estou me realizando profissionalmente. As especializações segmentam as escolhas, que são várias dentro da mesma profissão. Apesar de ter continuado na área, os caminhos são inúmeros e as opções podem tanto dar certo, como serem frustradas”, conta.

Hoje, Paula faz o curso de tecnólogo em gestão financeira na Faculdade IBTA para atuar mais em consultoria tributária. “É uma área que eu gosto e onde pretendo atuar nos próximos anos”, diz.

De acordo com o professor Floro, muitos procuram a mudança na especialização. “Existem alunos que, mesmo não gostando do curso, não conseguem trocar e abandonar a faculdade. Grande parte deles acabam cursando a área de exatas e depois, procuram MBA ou especialização na área de negócios”, explica.

Um dos problemas analisados por Floro são as profissões da moda. “Muitos estudantes pensam em profissões rentáveis e se esquecem das obrigações que isso implica. Um exemplo é o caso dos controladores de vôo. É claro que quem quiser exercer essa profissão achará emprego fácil. Mas a maioria esquece de perceber um detalhe: nessa área, a exigência do domínio de matemática é grande. Se o estudante fez essa escolha baseado no retorno financeiro e não se identifica com as disciplinas, terá que fazer a mudança de curso”, alerta o professor.