Terminou em bate-boca a manifestação de um pequeno grupo de professores e estudantes contra a ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) ontem. O grupo, que reuniu cerca de cem pessoas, se juntou na Praça do Relógio, a cerca de cem metros do prédio da reitoria, invadido há 35 dias, onde outro grupo de estudantes, professores e funcionários da USP fazia uma manifestação para defender a ocupação.

Quando perceberam que a manifestação dos contrários conseguiu reunir pouca gente, os defensores da ocupação, cerca de 300 pessoas, passaram a ironizá-los e provocá-los. Mesmo assim, não houve confronto e a tropa de choque da Polícia Militar, que estava mobilizada na entrada do campus da USP, não foi acionada. A intenção do grupo que se manifestava contra a ocupação, formado por professores e estudantes da Escola Politécnica e da Faculdade de Economia e Administração (FEA), era abraçar a torre da Praça do Relógio, mas não houve número suficiente de pessoas para o ato. Eles cantaram o Hino Nacional, fizeram alguns discursos e começaram a se dispersar. Os poucos que ficaram na praça bateram boca com defensores da ocupação.

Em um caminhão de som, representantes de professores, estudantes e funcionários das três universidades estaduais paulistas em greve — USP, Unicamp e Unesp — discursaram em favor do movimento reivindicatório. No fim da manhã, conseguiram dar um abraço simbólico ao prédio da reitoria, ato que foi considerado uma vitória sobre o grupo dos contras.

Novas assembléias foram marcadas para segunda-feira

Funcionário da USP, Claudionor Brandão, do comando de greve, disse que o movimento dos contra representava apenas os interesses das fundações privadas que atuam dentro na universidade:

— Essa gente não defende a universidade. Eles estão defendendo os próprios interesses. Não querem que a USP pare porque usam a estrutura da universidade, os recursos humanos e os recursos materiais, para construir cursos pagos.

O professor Sylvio Sawaia, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, um dos organizadores da manifestação contrária à ocupação, considerou o ato um sucesso por ter despertado a discussão e refutou as declarações de Brandão:

— Isso é invenção dele, faz parte da retórica. Não dá para levar a sério.

Reunidos na tarde de ontem, os estudantes que ocupam a reitoria decidiram manter a ocupação e a greve. Hoje, às 9h, haverá um ato em defesa da ocupação em frente à reitoria. O comando de greve marcou nova reunião na segunda-feira, às 18h, para decidir se mantém ou não a ocupação. Os professores, que aprovaram indicativo para a suspensão da greve na terça-feira, fazem nova assembléia na segunda, às 10h. Os funcionários da USP continuam em greve e promovem assembleia também na segunda-feira.