Recém divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), os resultados do último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade 2006) revelam que o ensino universitário no país não está correspondendo às expectativas nem aos investimentos destinados a esse nível de aprendizagem. De 3.894 cursos de faculdades públicas e privadas avaliados pelo antigo Provão no ano passado, apenas 45, ou 1,15% do total, alcançaram o conceito máximo 5 na prova. Além disso, o desempenho dos universitários em início e fim de curso na prova específica indica que, de maneira geral, os cursos de graduação pouco agregam em termos de conhecimento aos estudantes. Num país em que a prioridade deveria ser o Ensino Básico, essas são constatações preocupantes, pois confirmam que uma minoria de brasileiros em condições de cursar o terceiro grau não está sabendo tirar proveito dessa oportunidade.

Em meio a esses resultados frustrantes, os Estados sulinos estão entre as exceções, figurando entre os de melhor desempenho. Nem essa diferenciação, porém, é suficiente para atenuar os maus resultados expostos, em âmbito nacional, pelos cursos avaliados. A situação é particularmente desfavorável sob o ponto de vista das escolas particulares, pois em quase um terço dos casos foram registrados conceitos 1 e 2, os piores na escala de 1 a 5. Apenas 1,6% das privadas alcançaram o conceito 5, em comparação com 21,2% das públicas. O descompasso não chega a surpreender, pois já vinha sendo registrado desde os tempos do Provão e é justificado acima de tudo pela diferença de perfil entre os universitários de entidades públicas e privadas. Ainda assim, os resultados reforçam a necessidade de correção dessas distorções.

Os universitários de hoje são os que estarão formando os profissionais de nível superior de amanhã. Por si só, essa já seria uma razão suficientemente forte para que se empenhassem ao máximo na aprendizagem, habilitando-se a assegurar resultados menos frustrantes do que os apontados agora pela prova do Enade aplicada no ano passado. Os elevados investimentos nessa faixa de aprendizagem num país que ainda não resolveu os problemas de qualidade do Ensino Fundamental exigem um pouco mais de eficácia. Por enquanto, os bons resultados se resumem a casos isolados, justificados pelo esforço individual de professores e alunos, não de uma política estruturada.

Um dos caminhos para o país alcançar maior eficiência no ensino é justamente a ênfase à avaliação continuada. A constatação de que o problema existe, reafirmada ao longo das provas realizadas até hoje, é um primeiro passo para o seu enfrentamento. Universitários e professores precisam, portanto, encarar o mau rendimento não como um fato inevitável, mas sim como a confirmação de que a melhoria no rendimento precisa ser transformada em desafio para as próximas edições da prova.