Diretor da FAU é um dos organizadores da caminhada marcada para as 10h na USP; estudantes decidiram permanecer na reitoria

Em carta, os organizadores afirmam que as atividades universitárias “rechaçam a violência e a prepotência como instrumentos de luta”

Um grupo liderado por professores da USP tentará hoje pela manhã convencer os estudantes e servidores a desocupar pacificamente o prédio da reitoria, invadido há 34 dias. Além dos professores, também devem participar do movimento “ex-professores, alunos, ex-alunos e amigos da USP”, que irão realizar uma caminhada dentro do campus até a porta da reitoria. A saída está prevista para as 10h da avenida Luciano Gualberto.

De acordo com o diretor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), Sylvio Sawaya, um dos organizadores do movimento, não havia uma estimativa de quantas pessoas devem participar da manifestação porque muitas estão temerosas de haver violência por parte dos invasores. “Eles têm medo da truculência, sobretudo da sindical”, afirmou.

Em carta divulgada ontem, o grupo afirma que as “armas das atividades universitárias” são o diálogo, a crítica e a discussão”. O texto diz ainda que “por sua própria razão de ser, [as atividades universitárias] rechaçam a violência e a prepotência como instrumentos de luta”.

Para o professor, a invasão da reitoria é um exemplo de violência e, também, da prepotência mencionada na carta. Ainda na opinião de Sawaya, os invasores fizeram do instrumento de luta -a invasão a reitoria- o objetivo da própria luta. São posicionamentos, segundo a carta, que “provocam apreensão e descrença da opinião pública em relação à instituição universitária”.

Em assembléia que reuniu cerca de 600 pessoas ontem à noite, os estudantes decidiram, por aclamação, manter a invasão. A USP tem 80.589 alunos. Os representantes dos alunos classificaram a passeata organizada pelos professores como uma marcha da direita, promovida pela reitoria para tentar enfraquecer o movimento.

Como resposta, anunciaram a realização de um ato de apoio à invasão, no mesmo horário da passeata, com a participação de estudantes do interior. São aguardados 12 ônibus, segundos os estudantes.

Estudantes, servidores e professores fazem uma greve parcial contra os decretos do governador José Serra (PSDB-SP) para o ensino superior -que, segundo os grevistas, ferem a autonomia universitária. Na semana passada, o governador publicou um decreto no qual diz que está assegurada a autonomia das universidades.

Mesmo assim, servidores e docentes mantiveram a greve -embora, no caso dos professores, com indicativo de suspensão do movimento a ser rediscutido na próxima segunda. Além do protesto contra os decretos, cada categoria tem uma pauta própria. Na de professores e funcionários há pedido de reajuste salarial. Na dos estudantes, há pontos como melhorias no campus e democratização da universidade.

Professores da Unicamp também aprovaram ontem um indicativo de fim da greve parcial para a próxima segunda. Nesse dia, uma nova assembléia vai decidir a continuidade ou não do movimento.