Só 45 cursos, a maioria de instituições públicas, tiveram o conceito máximo no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes do MEC

O Distrito Federal está na nona colocação no ranking nacional dos conceitos de avaliação do ensino superior do País. Apenas sete cursos apresentaram o conceito máximo (5) no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2006. Esse número representa 8% do total de instituições do DF no denominado Indicador de Diferença entre o Desempenho Observado e o Esperado (IDD). Em todo o País, somente 45,4 cursos do total de 5.701 de 15 áreas receberam a pontuação máxima.

O DF está atrás de cidades do Sul, Sudeste e até do Nordeste, já que um dos estados nordestinos, a Bahia, teve oito instituições com a nota mais alta. O estado campeão foi o Rio Grande do Sul, com 41 faculdades ou universidades com conceito máximo.

Ao todo, 386.524 alunos de 1,6 mil entidades participaram das provas em todo o Brasil. O DF esteve representado por 139 cursos de 46 instituições de educação superior. Participaram dos exames da capital federal 25.658 estudantes, que foram avaliados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Destes, 84,3% pertenciam a instituições particulares.

Os cursos avaliados foram os seguintes: Administração, Arquivologia, Biblioteconomia, Biomedicina, Ciências Contábeis e Econômicas, Comunicação Social, Design, Direito, Música, Psicologia, Normal Superior, Secretariado Executivo, Teatro e Turismo.

Instituições federais

Os testes também confirmaram os índices das provas dos dois últimos anos, que apontam que as instituições federais de Ensino Superior têm o desempenho melhor em relação ao das faculdades e universidades privadas. Os índices mostraram que as instituições federais possuem 54% das notas mais altas (quatro e cinco), enquanto que  apenas nos conceitos com pontuação entre um e três as particulares se destacaram.

Os dados do Enade foram divulgados ontem, em entrevista coletiva no Ministério da Educação, pelo presidente do Inep, Reynaldo Fernandes. O exame é aplicado nos alunos que estão ingressando e concluindo o Ensino Superior. O objetivo é avaliar o nível de conhecimento do aluno e medir o aproveitamento durante o curso para testar a qualidade da instituição de ensino. Do total de estudantes avaliados, 269.164 eram ingressantes e o restante de 193.494 eram concluintes.

Na opinião do professor de Políticas Públicas da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Erasto Fortes, os resultados do DF foram prejudicados pela quantidade de instituições particulares criadas nos últimos anos. “Esse crescimento avassalador torna a qualidade dessas faculdades questionáveis. São instituições que estão abertas às necessidades do mercado. Visam lucro e não priorizam a qualidade de ensino”, avaliou.

Opinião dividida pelo presidente do Sindicato das Escolas e Faculdades Particulares do DF (Sintroep), Rodrigo de Paula. “Precisamos de uma regulamentação do setor privado. Além de autorizar o curso, o MEC tinha de ter uma relação mais próxima com as instituições e fiscalizar estrutura e o nível dos professores”, comentou. O DF possui atualmente 72 faculdades particulares credenciadas.

Ele ainda ressaltou que a rotatividade do corpo docente atrapalha o acompanhamento pedagógico do ensino. “A substituição freqüente dos professores interrompe métodos pedagógicos e projetos educacionais da instituição. Só no ano passado registramos a rescisão de contrato de 2 mil professores”, disse.

Alunos

Para o engenheiro agrônomo e estudante de mestrado da UnB, Cleverton Cavagnoli, a avaliação não mede o nível de conhecimento dos estudantes. “Os alunos não levam a prova a sério”, comentou.

A estudante do quinto semestre de Nutrição da UnB, Sara Pimenta, participou da primeira etapa de avaliação do Enade, em 2004. Para ela, os testes deveriam ser aplicados apenas no final do curso.

Apesar das instituições particulares apresentarem desempenho inferior ao das federais, a  estudante de Nutrição, Gracyere Alves, do Centro Universitário de Brasília (UniCeub) discorda da avaliação. “Quem faz a faculdade são os alunos.  Não podemos generalizar”, opinou a universitária.

Desempenho crítico

Estudantes de apenas 45 cursos superiores do País obtiveram o conceito máximo na avaliação que reúne alunos ingressantes e concluintes no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) de 2006. O número representa 0,79% dos 5.701 cursos oferecidos no Brasil. Os dados da prova foram divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira.

O estado melhor avaliado com o Conceito Enade, que vai de 1 a 5 e considera o desempenho de alunos ingressantes e concluintes juntos, foi Rio Grande do Norte. O estado conseguiu 37,8% de avaliações 4 e 5. O pior avaliado nesse conceito foi Alagoas, com 80% dos alunos com notas 1 e 2.
Outro parâmetro utilizado é o IDD Conceito (Indicador de Diferença Entre os Desempenhos Observado e Esperado), que avalia quanto de conhecimento os cursos agregam aos alunos. O estado campeão neste quesito foi o Rio Grande do Sul, com 53,4% de notas 4 e 5. O Pará ficou na pior classificação no IDD Conceito, recebendo 51% de avaliações 1 e 2.

Média geral

A média das notas dos alunos foi 45,4 na prova de formação geral, numa escala de 0 a 100. Os melhores resultados ficaram com o curso de Arquivologia (50,7) e os piores com Administração (42,1). Os estudantes também fizeram provas específicas para cada uma das áreas.

Participaram do Enade 2006 386.524 alunos de 15 cursos de instituição públicas e privadas de todos os estados do país e do Distrito Federal, segundo o Ministério da Educação.