Os estudantes que ocupam o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) têm um novo encontro previsto para hoje com a reitora Suely Vilela para discutir a possibilidade de desocupação. Ontem à noite, integrantes da comissão de negociação dos estudantes ainda aguardavam uma confirmação do horário em que a reunião deverá acontecer.

O secretário de Justiça e Defesa da Cidadania, Luiz Antonio Marrey, declarou, na sexta-feira, que não haveria mais conversas até que o prédio fosse desocupado. Apesar disso, no mesmo dia os alunos decidiram em assembléia manter a ocupação por tempo indeterminado. Ao contrário das primeiras votações, a decisão dessa última não foi unânime, o que pode sugerir que o movimento está se enfraquecendo. Uma nova assembléia está marcada para amanhã, às 18 horas.

Para marcar o aniversário de um mês da ocupação do prédio da reitoria, ocorrida em 3 de maio, estava programada para ontem à noite uma festa junina, com direito a quentão, paçoca e música típica. Os alunos planejaram também uma “formação de quadrilha”, com um casamento simbólico entre a reitora Suely Vilela e o secretário estadual de Ensino Superior José Aristodemo Pinotti, que seriam interpretados por estudantes. A agenda da ocupação teve, no sábado, um show do cantor Tom Zé, que lotou o saguão da reitoria.

Durante o dia de ontem, grupos de estudo se reuniram para analisar o decreto declaratório, assinado pelo governador José Serra (PSDB) na quinta-feira passada. Os alunos ainda não chegaram a uma conclusão sobre os efeitos do documento na prática.

O prédio da reitoria tem recebido visitantes de outras universidades. Uma turma da USP de São Carlos, alunos de diversas unidades da Unesp e até de faculdades particulares como Mackenzie e PUC-SP foram prestar solidariedade aos ocupantes. Alguns montaram acampamento por lá.

PESQUISA

Os alunos realizaram uma pesquisa por amostragem com nomes da lista de 525 docentes que assinaram um manifesto contra a ocupação. Segundo Carlos Gimenes, da comissão de comunicação, dos 70 nomes checados aleatoriamente na pesquisa, 41 eram de não-docentes. “Alguns eram estudantes. Foi verificada a presença de bibliotecários, técnicos de informática do programa pró-aluno, e de um indivíduo sem vínculos com a universidade”, diz.