As diferenças entre as instituições de ensino superior que estão acima da linha de qualidade e as que estão no fim da fila do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aplicado pelo Ministério da Educação (MEC), passam por problemas estruturais das escolas, dos professores, dos currículos. E pelo perfil de seus alunos.

Estudo feito a partir do questionário socioeconômico do Enade 2006, a que a reportagem teve acesso, mostra que as instituições que tiveram os piores resultados recebem alunos mais pobres, de escolas públicas, com pior acesso à informação. E pouco conseguem fazer por eles.

A avaliação feita pelo Enade dá dois conceitos de um a cinco às escolas avaliadas. Um deles é feito a partir da média obtida pelos alunos de primeiro ano e os formandos em uma prova de conhecimentos gerais e específicos do curso. O outro, chamado IDD, avalia o quanto o aluno avançou em seu conhecimento nos anos em que ficou estudando na instituição. Aquelas que agregaram muito conhecimento recebem conceito cinco. As que agregaram nenhum ficam com conceito um. As melhores escolas, segundo o MEC, são 45 que tiveram dois conceitos cinco. As piores, com dois conceitos um, são 15.

A comparação entre esses dois tipos de escola traz dados reveladores. Nas melhores escolas, independentemente de serem federais, estaduais ou privadas, a maior parte dos alunos (57%) fez todo o ensino médio em escolas particulares. Já no caso das piores, apenas 39% tem origem nas escolas particulares, apesar de, das 15 faculdades, apenas cinco serem públicas. As informações são de O Estado de S.Paulo.