Indicador tenta identificar o quanto o curso melhorou o desempenho dos estudantes.

Instituições públicas do país, no entanto, ainda continuam levando vantagem na comparação com as demais entidades.

O abismo de qualidade entre as instituições públicas e particulares verificado no Enade se reduz bastante quando o Ministério da Educação leva em conta, na elaboração do conceito, o efeito que o curso tem na nota final do estudante. Mesmo assim, as públicas continuam levando vantagem.

No Enade, o percentual de cursos da rede pública com nota 5 (conceito máximo) é de 21,2% do total, ante 1,6% na rede privada. Quando o MEC compara esses conceitos por meio do IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado), o percentual de notas máximas cai para 10,2% na rede pública e sobe para 5,6% na particular.

Como há muito mais cursos privados, essa comparação fica favorável à rede particular quando se leva em conta que há 164 (de um total de 2.932) cursos privados com nota máxima no IDD, ante 64 (de um total de 626) na pública.

O IDD é uma tentativa de avaliar o efeito que o curso tem no desempenho do aluno. Desde a época do Provão -exame que antecedeu o Enade-, as instituições particulares pediam que fosse criado um mecanismo que levasse em conta a situação do estudante no ingresso do curso e na fase final.

O argumento é que um curso que recebe calouros com desempenho baixo e os torna medianos no momento da conclusão pode ter agregado mais conhecimento do que um que já recebe estudantes com desempenho alto e apenas mantém esse nível ao fim do período.

Comparação

Para Ryon Braga, consultor em educação da Hoper Educacional, a avaliação do efeito que o curso tem no desempenho final do aluno não é perfeito porque o IDD não está comparando ainda os mesmos alunos.

Como nenhum curso já foi avaliado duas vezes até agora, esse índice é calculado principalmente a partir da comparação da média dos alunos que, no mesmo ano, fazem o exame nos primeiros períodos e daqueles que já estavam no fim do curso.

Braga diz que o pior resultado da rede privada não surpreende -tem sido assim desde o primeiro Provão, realizado em 1996- porque o perfil de aluno que entra em cada rede é bastante diferenciado e também porque a rede privada, por representar mais de 70% das matrículas, tem perfil de instituições muito mais heterogêneo do que as públicas.

“O resultado final nunca será igual porque o setor privado é muito heterogêneo. Se fossem comparadas apenas as 100 melhores particulares com as 100 melhores públicas, essa diferença com certeza seria bem menor”, diz o consultor.

Edson Nunes, presidente do Conselho Nacional de Educação, ressalta também que um vestibular extremamente competitivo, como é o caso do realizado por muitas das instituições públicas, acaba selecionando apenas os alunos de melhor desempenho acadêmico.

“A convivência com gente de mais alta qualidade tem efeito claro naquilo que você produz e aprende. No final das contas, trata-se de uma máquina interessante de reprodução das elites, que se beneficiam do convívio entre si. No setor privado, a política é praticamente de livre ingresso, pois há mais vagas do que candidatos”, diz Nunes.