A segunda reunião do secretário estadual de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey, com os estudantes amotinados dentro do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) acontece hoje à tarde. Como foi marcada na última quinta-feira, os alunos tiraram proveito do sábado e do domingo tranqüilos, sem previsão de uma visita da Polícia Militar, depois de dias de ansiedade após rumores, na semana passada, de reintegração de posse.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) esteve ontem na reitoria para conversar com os alunos e ver como estavam as condições do prédio. “Andei por lá e liguei para a reitora (Suely Vilela) comunicando que não há nada quebrado”, disse ao sair. À tarde, estudantes penduraram faixas em uma árvore diante da reitoria para “enfeitar” o local e mostrar à reitora que estão cuidando do espaço ocupado.

Segundo os manifestantes, decretos estaduais publicados em janeiro ameaçam a autonomia das universidades estaduais: a USP, a Unicamp e a Unesp. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nega a alegação. Os estudantes pensam em pedir garantias formais do governador. O encontro de hoje terá a presença de estudantes, funcionários e professores das três universidades. A reitora foi convidada, mas não divulgou se aceitaria a oferta.

COTIDIANO

Eventos culturais, debates políticos e reuniões deliberativas marcaram o sábado, enquanto no domingo os personagens de destaque foram os pais, convidados para um almoço especial.

Em vez de pão, salada de repolho e arroz, o menu diário, foi servido estrogonofe de carne, com versão de soja para os vegetarianos. Segundo o estudante de pedagogia Júlio, da comissão de alimentação, 16 pais participaram do evento, que distribuiu 250 refeições. A visita de dez famílias que moram perto da Cidade Universitária surpreendeu os ocupantes. Os vizinhos curiosos almoçaram com os estudantes. “Não dá para pensar em transformação social se não tem comida”, alega Júlio.

Em 25 dias, a comissão de alimentação já arrecadou R$ 3.900, dos quais R$ 2.400 tinham prestação de contas até sábado passado. Júlio conta que uma associação de bairro arrecadou comida para eles com os vizinhos. “Quando tem doação não tem esse problema de não poder entrar”, diz.