Em assembléia que reuniu 300 docentes de um total de 5.222, categoria decidiu parar em apoio a estudantes que invadiram a reitoria

Alunos contestam medidas do governador José Serra; docentes e funcionários pedem ainda reajuste de 3,15% e abono de R$ 200

Professores da USP decidiram ontem, durante assembléia que reuniu 300 docentes, entrar em greve em apoio à reivindicação dos estudantes que invadiram há 21 dias a reitoria da universidade. Os docentes da Unicamp também entraram em greve ontem.

Os manifestantes se posicionam contra medidas da gestão José Serra (PSDB) para o ensino superior, que, segundo eles, atacam a autonomia das instituições. O governador e os próprios reitores negam que isso esteja ocorrendo.

A decisão dos docentes se soma às greves aprovadas na semana passada por alunos e funcionários, que atingem principalmente a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e a ECA (Escola de Comunicação e Artes). Tradicionalmente, a paralisação de docentes é mais forte justamente nessas unidades.

A assembléia da Adusp (associação dos docentes da USP) reuniu aproximadamente 300 pessoas, diz a entidade. A instituição possui 5.222 docentes, mas geralmente as assembléias reúnem cerca de 200 pessoas.
“A ocupação da reitoria acelerou a nossa greve”, disse o presidente da Adusp, Cesar Minto. Após a decisão, a medida passou a ser discutida em reuniões em cada unidade. Os professores já convocaram nova assembléia para amanhã.

Além das críticas ao governo, cada categoria possui pautas específicas. A dos estudantes tem 17 pontos, que inclui melhoria nas moradias e reforma de unidades. Já docentes e funcionários reivindicam reajuste de 3,15%, além de uma parcela de R$ 200 a toda a categoria.

O clima entre os manifestantes ontem na reitoria era de expectativa em relação à reintegração de posse, concedida no último dia 11 pela Justiça à direção da universidade.

Seis propostas de reivindicação foram aprovadas ontem pelos professores. Além de criticar as medidas do governo Serra e defender uma saída pacífica dos alunos da reitoria, a Adusp também quer a retirada do projeto de previdência do Executivo; mais investimento do Estado em educação e a construção de mais moradias estudantis na USP, na Unesp e na Unicamp.

Os manifestantes criticam decretos de Serra publicados desde o início do ano.

Um deles é o de número 51.461, de janeiro, que cria a Secretaria de Ensino Superior. Eles dizem que o governo quer traçar políticas para as universidades; o governo diz que criou a pasta para focar melhor os problemas das instituições.

Outro decreto é o 51.636, de março, que obriga todos os órgãos públicos do Estado a fazer a execução orçamentária no Siafem (sistema eletrônico do governo).

Com isso, há o temor de que as universidades passem a ter dificuldades para remanejar recursos. O governo diz que só quer que as escolas informem diariamente seus gastos.