Cresce o número de alunos de MBA do exterior, que desejam aperfeiçoar aqui seus conhecimentos. Depois que o País passou a representar a primeira letra da sigla BRIC – ao lado de Rússia, Índia e China – atraiu de maneira irreversível a atenção das escolas de negócios e dos alunos de MBA internacionais.

De olho no conhecimento necessário para administrar uma multinacional no Brasil, lidar com empresas brasileiras no exterior ou até trabalhar em uma, os jovens executivos que estudam na Lake Forest Graduate School of Managment, de Chicago, Estados Unidos, e na Universidade de Toronto, do Canadá, estão passando uma temporada na Business School São Paulo (BSP).

Segundo Armando Dal Colletto, da BSP, além de aulas de macroeconomia brasileira, eles vêm para cursar disciplinas nas quais o País tem expertise, como negociação e marketing. “Há cerca de cinco anos, o interesse em estudar no Brasil começou a surgir”, comenta Dal Colleto. Desde então, a escola de negócios já estabeleceu parceria com a Saint Mary’s University e a University of Victoria, ambas do Canadá; a Pace University, dos Estados Unidos; da University of Saint Gallen, da Suíça, e a Faculty of Business at City University of Hong Kong, da China.

Para se ter uma idéia de como o País está sendo mais visado pelas escolas de negócio internacionais, no ano passado, a BSP recebeu quatro turmas de alunos estrangeiros. “Só neste ano, já firmamos seis intercâmbios”, informa Dal Colletto.

No caso da turma da Lake Forest, o período na BSP foi de uma semana para cumprir a carga horária de uma disciplina optativa, que contempla a gestão internacional. “Os alunos podem escolher entre visitar a Tailândia, a China, a Polônia, a Inglaterra ou o Brasil”, conta Erica A. Wilke, coordenadora do programa da Lake Forest. Segundo ela, atualmente, os países mais procurados são os da Ásia, seguidos pelo Brasil e, depois, pelos da Europa.

Para Michael S. Rosen, professor da Lake Forest, a principal razão pela qual muitos optam por vir para o País está relacionada com a região de Chicago, que abriga uma grande quantidade de multinacionais. Essas empresas podem vir a ampliar sua atuação no Brasil ou iniciar uma operação na América Latina.

“Já fui a trabalho para a Europa e para a Ásia. Não havia estado no Brasil antes, mas a empresa em que atuo tem operações aqui e a linha de produtos na qual trabalho ainda não é produzida no País”, afirma Joel Freedman, engenheiro da Motorola, nos Estados Unidos.

O período de estudo no Brasil também complementa a formação de Eugenia L. Sohn, PhD em nutrição e gerente de produtos mundial da linha de nutrição pediátrica da Abbott, nos Estados Unidos. Filha de coreanos, julga ter um bom conhecimento da cultura asiática. Escolheu cursar a disciplina no País para expandir suas fronteiras. O período em que esteve na BSP a surpreendeu. “Imaginava que não me daria bem em um lugar no qual ouvia dizer que as pessoas chegavam atrasadas”, diz. “Mas ao chegar aqui percebi que as coisas acontecem na hora certa e de maneira muito eficiente”, conclui com base na visita feita a empresas, como AmBev e Natura.

A principal impressão de Freedman foi em relação à hospitalidade. “Você nem sempre é tão bem recebido em um escritório nos Estados Unidos”, diz, também referindo-se às visitas feitas a companhias no País. “As pessoas de todos os níveis são muito mais amigáveis, desde o segurança até os executivos”, conclui Freeman. Não é à toa que ele e Eugenia já considerem aceitar uma eventual proposta para trabalho no Brasil.

Já a passagem do pessoal da Universidade de Toronto pela BSP faz parte do Omnium Global Executive MBA Program, no qual os alunos escolhem entre países da Europa (Suíça, Alemanha, Hungria), Ásia (China) e América Latina (Brasil e Argentina). Hoje, o período no País é de cinco dias. Os estudantes passam outros cinco na Argentina. “A partir do ano que vem, serão dez dias, apenas no Brasil”, afirma Dal Colletto.

Segundo Daniel Cushing, diretor do Omnium Global Executive MBA, a maioria dos alunos do programa é de origem norte-americana, européia e asiática (vindos tanto da Índia quanto da China), por isso, é natural que haja um grande interesse por estudar no Brasil, principalmente, depois que o País foi considerado um dos emergentes. “Eles estão atrás dos BRIC”, comenta.
A aula sobre macroeconomia brasileira chamou a atenção de Matt Laudrock, aluno do programa, que vive na Alemanha. “Estudando a evolução da economia e atual conjuntura ficaram mais claras quais são as oportunidades de negócio do País”, afirma. Na troca de informações e experiências com alunos da BSP, ele observou uma grande semelhança entre o nível dos profissionais brasileiros e estrangeiros.

Para Piet Heersche, gerente da Holcim, na Suíça, o ambiente de negócios também é semelhante, mas considera, principalmente, a visita a empresas no Brasil, muito interessante. “As práticas de negócio são as mesmas, mas o modo como são colocadas em prática é diferente, em função da realidade local. A sustentabilidade, por exemplo, é tratada pela Natura de maneira ímpar.”

kicker: Em 2006, a Business School São Paulo recebeu quatro turmas de estudantes de fora. Este ano, a instituição já firmou seis intercâmbios.