Reitora diz que não quer violência na desocupação, e comissão tenta intermediar acordo.

Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas Cruesp, presidido pelo reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, condenou a invasão do prédio da reitoria da USP por alunos, há 15 dias, e o descumprimento da decisão judicial de desocupar as instalações. Para o conselho, os estudantes usam “violência e intolerância e constrangimento físico e moral, com grave prejuízo para a instituição”. Ontem, os estudantes ocuparam a torre do relógio, no campus, com faixas com frases de protesto contra a direção da universidade.

A reitora da USP, Suely Vilela, manifestou ontem o desejo de que não haja uso de violência na desocupação da reitoria. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) esteve ontem com os alunos e com a reitora.

— Propus que os representantes dos estudantes e a reitora se reúnam amanhã (hoje) ou segunda-feira. Como ela disse que a negociação pode avançar em muitos pontos da pauta dos estudantes e assegurou seu desejo de que não haja o uso de violência, acho que poderemos chegar ao entendimento — disse o senador depois do encontro com a reitora, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), de onde Suely despacha desde que teve seu gabinete tomado pêlos alunos.

Ontem à noite, uma comissão articulada pelo Laboratório de Estudos da Intolerância da USP começou a trabalhar para intermediar a reunião dos estudantes com a reitora. De acordo com o professor Renato da Silva Queiroz, do Laboratório, fazem parte da comissão professores veteranos, como Aziz AbSaber, ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e Sílvio Saraiva.

A reunião será a primeira depois do impasse do dia 9, quando a Justiça determinou que desocupassem o prédio. Em assembléia, os alunos resolveram que só sairiam depois de atendidas às reivindicações, e a reitoria dizia que só negociaria com a desocupação do prédio.

A Polícia Militar convidou a imprensa a acompanhar a “reunião preparatória para reintegração de posse das instalações da reitoria da USP”, na segunda-feira, as lOh, na sede do Comando de Policiamento de Choque.

Os professores da USP aprovaram “indicativos de greve”, que será discutido em assembléia na quarta-feira. Nesse dia os professores e funcionários das três universidades estaduais vão paralisar suas atividades. Todos reclamam do decreto do governador José Serra que visa a dar transparência aos gastos da USP.