* Célio Lupparelli

O Plano de Desenvolvimento da Educação que foi publicado mais parece um conjunto de intenções. Quando se prepara um plano de trabalho não se vacila — e o presidente está inseguro. “Se as medidas forem postas em prática em sua totalidade, o governo passará para a História por deixar a educação brasileira em pé de igualdade com qualquer país do mundo”, disse ele, sem convicção de que será posto em prática. Se for o presidente e detém maioria no Congresso, o que o torna inseguro?

Foi assim com o “milagre do crescimento”, com a Saúde, que, segundo ele, estava 100%; com a recuperação e a conservação de rodovias federais, com a Fome Zero etc.

O plano pode tentar atingir os três níveis de ensino, mas se metade dos que terminam o curso básico é semi-analfabeta, o fundamental deve ser prioridade. Deveriam ser apresentadas medidas como elevar a qualidade de formação dos professores; promover reciclagem; recuperar a remuneração; reformar e construir escolas; dotá-las de infra-estrutura, material pedagógico, informatização, bibliotecas, recursos audiovisuais, esporte e lazer, atendimento médico e odontológico; turmas com número apropriado de alunos, e assim por diante.

Se essas medidas forem implementadas e a educação tratada como tema suprapartidário, ou seja, como questão de Estado, em oito anos teremos os primeiros resultados positivos. A partir daí poderemos perceber reflexos no ensino médio e no ensino superior. Cairão por terra os conceitos de “cota” nas universidades e as desigualdades sociais constatadas, historicamente, no acesso ao ensino superior serão reduzidas drasticamente.

Mas não podemos pensar em educação sem que a estrutura familiar esteja resgatada. Faltam emprego e renda, habitação digna, acesso à saúde, lazer, transporte até as escolas, religiosidade para que a família esteja integrada à escola.

Um governo que repete a política de concentração de renda não será capaz de mobilizar a sociedade para atuar na educação. O presidente não pode reclamar de seu antecessor, porque seu segundo governo poderia ser chamado de quarto governo Fernando Henrique, com requintes de crueldade com o povo e descaso com a educação.

* Célio Lupparelli é professor e vereador no Rio (DEM)