Senador Eduardo Suplicy deve mediar encontro a pedido das duas partes;
alunos vão mandar advogado para representá-los em encontro com a PM

Flávia Tavares

Representantes dos estudantes que ocuparam a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) desde o dia 3 se encontrariam às 8h30 desta segunda-feira, 21, com a reitora Suely Vilela para buscar uma solução para o impasse. A discussão será mediada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a pedido das duas partes.

No domingo, os alunos decidiram não ir à reunião com a Polícia Militar para discutir a desocupação, marcada para às 10 horas desta segunda, no Comando de Policiamento de Choque, na Luz. Mas vão mandar um advogado que “representa juridicamente o movimento” para ler um comunicado com os motivos da recusa de negociar com a PM.

Os estudantes não receberam, na quarta-feira passada, a ordem de reintegração de posse determinada pela Justiça. A decisão ordenava “saída imediata” e previa reforço policial em caso de resistência.

Reivindicações

Em meio a essa tentativa de resolução do impasse, que se arrasta há mais de duas semanas e tem como ponto principal 13 reivindicações dos estudantes, entre elas o repúdio a ações do governador José Serra (PSDB), entendidas como interferência na autonomia universitária, Suplicy tentou aproximar a reitoria dos alunos na sexta-feira. “Todo esforço está sendo feito para que não haja qualquer necessidade de força policial, mas que seja resolvido no diálogo”, afirmou o senador, após se reunir com líderes da ocupação.

Em mais de uma ocasião, os estudantes se pronunciaram a favor de uma desocupação pacífica e sem confronto com a polícia. Eles afirmaram que, em caso de a reintegração ser cumprida, não deverão responder com violência. No entanto, o sindicato dos funcionários, que desde quinta-feira, 19, está em greve em apoio aos alunos e por reajuste salarial, definiu em assembléia resistir à força policial, caso ela ocorra.

Na lista de reivindicações estão a contratação de professores, a expansão da moradia estudantil e maior democracia no campus. Na lista dos funcionários e professores entra também a questão salarial, já que maio é a data-base da categoria. O sindicato dos docentes, no entanto, apesar de também apoiar o movimento de alunos, decidirá por uma adesão ou não à greve em assembléia na semana que vem.

O que está em questão:

Decreto: Em janeiro, um decreto do governador José Serra criou a Secretaria de Ensino Superior, sob a qual ficam ligadas as três universidade estaduais paulistas. A partir de então, o secretário seria também o presidente do Cruesp, o conselho dos reitores. A medida causou polêmica, reitores reagiram e o governo recuou;

Orçamento: Em outro decreto, a Secretaria da Fazenda instituiu que a execução orçamentária das universidades passasse a ser feita “em tempo real” pelas instituições. Até então, isso era feito uma vez por mês. Cada uma delas tem hoje uma conta bancária na qual recebe uma parte nos 9,57% do ICMS. Isso ficou mantido;

Remanejamento: Outra questão se referia ao remanejamento de verbas, feito hoje a critério apenas das instituições. Havia uma dúvida em aberto sobre uma mudança no procedimento. Em ofício aos reitores, neste semana, o governo afirma que vai procurar uma maneira conjunta e que respeita a autonomia de lidar com o tema.