Polícia convidou alunos que ocupam a reitoria há 16 dias a discutir uma saída pacífica do local; eles dizem não ter recebido convite.

Após recusa dos estudantes em cumprir ordem judicial, definição sobre reintegração de posse está a cargo da Polícia Militar

A Polícia Militar de São Paulo marcou para a segunda-feira uma reunião com os estudantes que ocupam a reitoria da USP há 16 dias, para tentar um acordo de desocupação pacífica. No início da noite de ontem, os alunos disseram que ainda não haviam recebido o convite.

Já o Sintusp (sindicato dos funcionários da USP) aprovou, em assembléia, decisão de resistir se a polícia tentar uma reintegração do prédio à força. Alguns funcionários também participam da ocupação.

Após os alunos se recusarem a cumprir ordem judicial entregue por oficial de Justiça na quarta, a definição sobre a data para a reintegração de posse está a cargo da PM. A liminar foi concedida a pedido da reitoria.

Havia a previsão de que ontem um oficial notificasse novamente os estudantes, mas o juiz agora entende que o assunto está com a polícia.

Os estudantes reivindicam uma manifestação da reitora, Suely Vilela, sobre as medidas da gestão José Serra (PSDB) para o ensino superior. Segundo os alunos, o governo pretende diminuir a autonomia das universidades, a partir da criação da Secretaria do Ensino Superior, que, para eles, passará a traçar as diretrizes das escolas.

A reitora e seus colegas da Unesp e Unicamp divulgaram nota anteontem em que afirmam não ver mais risco à autonomia. Já a gestão Serra diz que a nova pasta tem como objetivo valorizar as universidades.

Um dos pontos polêmicos é a inclusão das universidades no sistema de gerenciamento de execução orçamentária. Os reitores viam o risco de perderem liberdade no remanejamento de seus recursos, pois o sistema exige que essas mudanças sejam autorizadas pelo governo. A gestão Serra já informou que as escolas continuarão com a autonomia sobre as verbas.

Impasse

Desde a invasão, cerca de 300 alunos se revezam no prédio. Eles também reivindicam a criação de 771 moradias estudantis e a reforma de algumas unidades, como a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e o IME (Instituto de Matemática e Estatística). A reitoria aceitou construir 334 moradias e analisar as reformas.

Para os alunos, a proposta é insuficiente e dizem que só irão sair se houver melhorias. Já a reitoria afirma que só volta a negociar após a desocupação.
A greve dos estudantes, iniciada anteontem, é mais forte na FFLCH e na ECA (Escola de Comunicações e Artes).

A Adusp (associação dos docentes), que apóia as reivindicações, definirá no dia 23 se também entrará em greve.