Conforme já comentei nesta coluna, de acordo com a avaliação dos dados do Ministério do Trabalho feita pela MB Associados, o Brasil está gerando emprego de baixa renda ao mesmo tempo em que a abertura do ensino superior não vem apresentando crescimento de renda. É notório o aumento do número de vagas nas universidades, assim como melhoria nos processos de produção por conta da mão-de-obra mais bem qualificada. Entretanto, o fato do Brasil estar gerando emprego de baixa renda não significa que essa baixa renda não seja qualificada ou pelo menos semi-especializada. Houve expansão do número de empregos em maior grau para as faixas de até três salários mínimos, mas isso não ficou restrito à mão-de-obra com baixa qualificação. Esse fenômeno também se estendeu aos mais escolarizados que, mesmo com maior grau de instrução teve que se submeter à oferta de emprego com até três salários mínimos.

APRENDER COM QUALIDADE

Para muitos especialistas, o ensino superior ainda é de qualidade ruim e por isso acaba se tornando um agravante no sentido de achatar os salários e piorar a situação da classe média. As melhores remunerações são alcançadas por profissionais que de fato e de direito tem melhor formação e qualidades inerentes à sua pessoa. Por essas razões, não adianta apenas sentar num banco de faculdade esperando pelo diploma. É preciso aprender, mas com qualidade. De qualquer forma, ainda é melhor universalizar o ensino superior porque o aumento da ocupação aconteceu para pessoas mais escolarizadas. Entre aqueles com até a quarta série completa não houve geração de postos de trabalhos entre 2001 e 2006. O saldo entre admitidos e demitidos só foi positivo para quem tinha pelo menos até a oitava série incompleta. Mesmo assim, o salário pago para quem ocupou essas vagas alcançou no máximo três salários mínimos. Empregos para receber mais de três mínimos só surgiram para quem tem 9 segundo grau completo.

Vagas

A qualidade na formação é fator determinante, tanto no preenchimento de vagas quanto na garantia de salários mais elevados.

Não precisa ser economista para saber que quanto maior a procura por determinado bem, maior será seu preço e o mesmo se aplicada à oferta, que quanto maior, tem seu preço reduzido. A grande massa que tem curso superior e médio não tem garantia vagas,

Qualificação: não significa apenas curso superior. Cursos técnicos são de grande importância, principalmente para as indústrias de Manaus que tem carência de profissionais que operam com linhas de produções complexas tão pouco de bons salários. Mesmo com o baixo crescimento económico do país, há empregos que ainda não foram preenchidos simplesmente por falta de pessoas capacitadas e preparada para desempenhá-los. E, justamente pela baixa oferta de profissionais capacitados, essas ocupações têm salários mais elevados. Para conferir isso de perto, basta coletar informações junto à Secretaria de Trabalho que certamente, em muitos casos sobram vagas porque não há profissionais habilitados a exercê-las.

MERCADO

Existem muitos postos de trabalho vagos no Brasil, sobre tudo em Manaus. Muitas vezes nos perguntamos o por quê de tantas pessoas de outros estados ocuparem postos importantes em nossa cidade quando pensamos que há mão-de-obra suficientemente qualificada. Na verdade não há. Os noticiários que correm pelo Brasil sobre o desempenho de nossa indústria levam pessoas de todos os Estados, especialmente da Região Nordeste e Região Norte, em busca de empregos em Manaus, mas se esquecem do tipo de vaga que está disponível. Vagas estas que nem sempre são, preenchidas pela falta de profissionais habilitados, nem mesmo por aqueles residentes em Manaus que contam com relativa vantagem. Creio que em parte essa deficiência possa ser atribuída à má qualidade do ensino superior e pela falta de cursos que convergem para o interesse das empresas do PIM. De qualquer maneira, é preciso estar atento às necessidades do mercado e se qualificar, ou os salários estarão sempre achatados e com vagas sobrando.