Para garantir sua expansão no Brasil, a IBM nomeou 200 “embaixadores” cuja função é recrutar novos profissionais nas salas de aula.

 

No final de 2005, o paulista Hiromiti Nakagawa formou-se em engenharia da computação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista, e foi imediatamente contratado pela subsidiária brasileira da IBM. Passou então a trabalhar no centro de tecnologia da empresa, em Hortolândia, município vizinho a Campinas. Embora já graduado, Nakagawa voltou à UFSCar 12 vezes no ano passado — e não foi para fazer mestrado ou algo do gênero. Seu objetivo: estreitar os laços da IBM com a escola, uma das mais renomadas do país. Parte da jornada de trabalho desse engenheiro de 28 anos de idade consiste em organizar palestras sobre as tecnologias da IBM, promover cursos para alunos e professores e se aproximar de estudantes talentosos que possam vir a ser recrutados pela empresa. Em outubro, Nakagawa passou dois dias inteiros trabalhando em uma das salas da faculdade com o objetivo de mostrar aos universitários como era sua rotina na IBM. “Tive a chance de explicar o que faço e provar que posso desenvolver softwares onde quer que esteja”, afirma ele. “Os alunos ficam malucos com isso.”

Nakagawa não está sozinho na tarefa de divulgar aos estudantes de tecnologia do país o universo da IBM. Desde o início de 2006, cerca de 200 profissionais, batizados pela empresa de “embaixadores”, vêm atuando como “olheiros” e “marqueteiros” da IBM em outras instituições do país. Em março, o esforço desse time levou a operação brasileira à segunda posição no ranking mundial da IBM em parcerias com universidades, atrás apenas da matriz americana. (Hoje, no Brasil, 391 escolas de Ensino Superior e uma rede de 23 348 alunos utilizam alguma tecnologia da empresa em seus laboratórios.) “Ficamos surpresos quando recebemos o ranking”, afirma Kátia Pessanha, gerente da área de alianças com universidades da IBM brasileira. “Há três anos estávamos tão atrás que mal acompanhávamos os números.”

A aproximação com as universidades é tida como crucial para sustentar o crescimento da IBM. Sobretudo no Brasil, um dos quatro países emergentes escolhidos pela empresa para atuar como um centro global de prestação de serviços a clientes. Só no ano passado, a operação brasileira exportou 175 milhões de dólares em serviços para 60 países, aumento de quase 70% em relação a 2005. Para manter esse ritmo vertiginoso de crescimento, a gigante de tecnologia precisa contratar muita gente em pouco tempo. Em 2006, a subsidiária fez 2 600 contratações, totalizando 13 000 funcionários. Até 2009, planeja acrescentar outros 7 (XX) profissionais a seus quadros. Os executivos de recursos humanos da IBM sabem que não chegarão lá usando apenas os métodos tradicionais de recrutamento. “Foi-se o tempo em que um anúncio no jornal ou em nosso si-te era suficiente para resolver o problema”.

Estados Unidos

Diz Luciana Farisco. Gerente de talentos da IBM Brasil. Entre as alternativas pouco convencionais de recrutamento, o uso dos embaixadores é uma das principais apostas da empresa. “Os embaixadores normalmente são ex-alunos que já têm vínculos com as escolas e acesso privilegiado aos professores e aos alunos”, afirma Kátia. “Essa proximidade faz com que o discurso em prol da empresa seja ouvido com mais receptividade”.

No ano passado, o time de embaixadores foi responsável por organizar 163 palestras sobre tecnologias da IBM nas escolas e por promover cursos para cerca de 600 professores e 2 600 alunos. O paulista Daniel Coelho, de 23 anos. foi um dos estudantes que participaram desses treinamentos. Depois de fazer um curso organizado no ano passado na UFSCar e obter uma certificação que o qualificou para usar uma das tecnologias da IBM, ele hoje estagia na data center de Hortolândia. Em dezembro, quando se formar, tem grandes chances de receber uma proposta de emprego da empresa. Curiosamente, a BBM não sabe precisar o número de profissionais que assim como Coelho estão hoje dentro da empresa como fruto dos esforços dos seus próprios funcionários. Segundo a companhia, como o programa é recente, os dados só começarão a ser consolidado neste ano. “É um trabalho bem caro e importante para que a empresa não meça seus resultados”, afirma Reinaldo Roverianalista sênior da IDC Brasil, consultoria especializada em tecnologia da informação e telecomunicações,”.