Ter um diploma de nível superior não é sinônimo de ganhar dinheiro. Aliás, não é difícil encontrar profissionais recém-formados que ganham uma mixaria. Sem contar alguns trabalhadores de nível médio ou técnico que possuem um salário de dar inveja a muitos universitários. Além disso, o custo com uma faculdade não é pequeno. A média de dinheiro gasto com as mensalidades, para cinco anos de estudo, é superior a R$ 30 mil. Sem falar os gastos com transporte, alimentação, material didático, enfim, despesas que atingem até mesmo quem cursa uma instituição pública. Diante desse quadro, vale a pena investir numa faculdade?

Na opinião do coordenador dos cursos de pós-graduação da Fabavi, o administrador Welligton Lucena, vale a pena sim. E o motivo é simples: “O curso superior é a chave que abre as portas para a carreira. Quem possui apenas o ensino médio nunca vai poder crescer profissionalmente por meio de uma pós-graduação, por exemplo. Agora, ter apenas o diploma de nível superior não é suficiente, é requisito mínimo. A faculdade é muito genérica e o profissional vai precisar investir em cursos para se especializar em alguma área”, justifica.

Contudo, o problema da ineficiência do diploma pode não estar na faculdade, mas sim na escolha equivocada do curso que a pessoa fez. De acordo com o professor e diretor da Fucape, Ariltonu Teixeira, o número de estudantes universitários aumentou consideravelmente nos últimos 10 anos. Por outro lado, é difícil encontrar, dentro desse grupo, alguém bem treinado, atualizado, que faz o que gosta.

“Não basta fazer um curso qualquer É preciso escolher algo que te dê um Diferencial. As empresas querem saber se você é uns profissionais treinados, que sabe fazer o serviço que elas precisam. Por isso é preciso ter vocação com a carreira escolhida. Um diploma só tem validade quando ele aumenta sua produtividade”, ressalta.

Outra dica do professor é tomar muito cuidado na hora de escolher a faculdade. “Antes de se matricular, faça uma pesquisa. Visite a página na Internet da instituição que você escolheu e veja o corpo docente. O que é bom à gente mostra. Também pesquise no site do MEC e do Capes informações sobre a nota da faculdade no Provão, a qualificação dos professores, entre outros”, sugere.

ESTRUTURA

Para a mestra em Educação, Marly Imperial Garabelli, o problema pode estar mesmo na estrutura do ensino superior. Segundo ela, há uma falta de sintonia entre o que é oferecido na formação acadêmica e a demanda do mercado, seja qual for a formação. “A realidade é que, com esse boom dos meios de comunicação e da tecnologia, o conhecimento, que vem com a cultura e as tradições, muda muito rápido e as instituições de ensino não estão conseguindo acompanhar essas mudanças. Por isso fica essa lacuna entre a faculdade e o mercado”, explica.

Entretanto, Garabelli lembra que o ensino superior treina o aluno em competências que irão aumentar suas possibilidades de ter uma carreira de sucesso. “Até quem conseguiu ser bem-sucedido sem precisar de uma faculdade está voltando aos bancos das escolas em busca da graduação. Conhecimento gera e promove status. Mas hoje é preciso ter um curso superior por uma questão de qualificação mesmo. Todo indivíduo deveria ter um plano de carreira”, orienta.