Fernando Cruz, líder de Educação na Microsoft Brasil, abriu as discussões do Seminário de Tecnologia do Semesp falando sobre recursos tecnológicos educacionais

Realizada no prédio do Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), instituição de ensino superior focada em cursos da área de tecnologia, a décima quinta edição do Seminário de Tecnologia Educacional do Semesp aconteceu nesta quinta, 23, debatendo uma série de temas relacionados à tecnologia aplicada à educação. O espaço com mais de 3 mil tomadas distribuídas em salas sem frente e sem fundo e com luz natural que penetra o ambiente foi palco de discussões sobre plataformas tecnológicas, projetos pedagógicos e inteligência artificial aplicada à educação.

“Em um momento de incerteza, o único caminho é a inovação contínua e acelerada”, afirmou Fernando Cruz, líder de Educação na Microsoft Brasil, abrindo as palestras do Seminário de Tecnologia Educacional. Segundo ele, os educadores enfrentam desafios em múltiplas frentes e o uso da tecnologia tem sido fundamental para suprir lacunas de aprendizagem, proporcionar um bem-estar emocional, engajar totalmente os alunos e promover insights holísticos e funcionais.

“Não há melhor momento para reimaginarmos a educação do que agora, com a tecnologia apoiando essa transformação”, defendeu ele durante sessão sobre recursos educacionais, afirmando que é a tecnologia que permite que essa mudança cause impacto de forma transversal em cada IES, educador e aluno. “A tecnologia proporciona que as IES façam mais com menos, mais inovação, agilidade e resiliência com menos complexidade, tempo e custo”, listou.

Para Fernando Cruz, estamos vivendo um ponto de inflexão que muda tudo, e é função das IES preparar os alunos para o futuro, desenvolvendo habilidades, envolvendo os estudantes e os habituando a usar as ferramentas utilizadas pelo mercado. “As habilidades estão em constante mudança, então devemos ter em mente que o trabalho do futuro é colaborativo”, decretou. Citando especificamente a Inteligência Artificial, Cruz pontuou algumas oportunidades para a educação, com a personalização do ensino e aprendizado, o aprimoramento da acessibilidade e eficiência, maior proteção e melhor análise dos dados, automatização de processos, etc.

A sessão Recursos educacionais: cases de sucesso contou ainda com uma fala de Luana Almeida dos Santos, Chief Technology Officer da Somos Young, e um debate coordenado por Álvaro Venegas, Founder & Director da ENG DTP & Multimídia.

Debate após a sessão sobre

Plataformas em escala

“Não existe uma fórmula certa sobre o desenvolvimento ou não de uma plataforma própria para as instituições de ensino superior”, disse Daniel Rodrigues Pedrino, sócio e presidente da Faculdade Descomplica, que abriu o painel sobre Plataformas próprias para o uso em escala. Segundo ele, a decisão deve levar em consideração o posicionamento da IES para que a plataforma em uso seja integrado a ele.

A partir da experiência da Descomplica, Pedrino apresentou a plataforma criada pela IES, lembrando que a decisão de desenvolver uma plataforma própria levou em consideração o fato da tecnologia estar na base do que a instituição faz. “A tecnologia não é coadjuvante nesse processo, impulsionando nossos cursos e desenvolvendo uma experiência intrigante não apenas para promover acesso, mas para conectar nossos estudantes”, explicou. “Não tratamos a tecnologia de forma separada da pedagogia ou equipe administrativa. Ela está integrada à nossa pedagogia, que é baseada em IA e conteúdo multidisciplinar, com foco no emprego”.

Para Pedrino, a plataforma do Descomplica reinventa o ensino e o aprendizado com aulas curtas e componentes integrados, gerando o sentimento de aprendizado a partir de microcertificações que dão aos alunos um senso de progresso mais rápido. “Fazemos com que o aluno se sinta confiante de que ele pode chegar lá”, concluiu.

“A primeira pergunta que a IES deve fazer é qual o tipo de experiência que ela quer entregar para seus alunos. E também o que esses alunos valorizam”, refletiu Adriano Almeida, co-fundador e COO da Alura e empreendedor Endeavor. “É a partir da visão institucional e da visão dos estudantes que as plataformas devem ser criadas”, prosseguiu lembrando que essas plataformas, mesmo de forma massiva, precisam permitir a construção de conexões entre alunos e professores.

Adriano Almeida e Daniel Rodrigues Pedrino participaram depois de um debate coordenado por Régis Wagener Coimbra, Head of Global Client Experience and Renewals, LAC.

Maurício Garcia, conselheiro acadêmico do Inteli, explica o funcionamento da IES que sediu o Seminário de Tecnologia Educacional do Semesp

Projeto tecnológico

Sede do Seminário de Tecnologia Educacional do Semesp em 2023, o Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli) possui um espaço que respira tecnologia, tanto em sua infraestrutura quanto em seu projeto acadêmico e pedagógico. Antes de fazer um tour pelo espaço, o conselheiro acadêmico do Inteli, Maurício Garcia, explicou que a IES é uma instituição pequena e pretende continuar assim. “Hoje temos um pouco mais de 300 estudantes”, lembrou ele afirmando que, atualmente, cerca de 60% dos alunos da IES, sem fins lucrativos, são subsidiados de alguma forma, com bolsa parcial e integral até moradia. Ele explicou também como funciona o processo de seleção e o modelo pedagógico transdisciplinar da IES, baseado em projetos reais que atendem demandas de clientes e com salas de aulas que funcionam como ateliês.

O uso da IA na educação foi tema de um painel que encerrou o Seminário de Tecnologia Educacional

Inteligência Artificial

Encerrando os debates do evento, os pesquisadores Ana Valéria Sampaio de Almeida Reis, doutoranda no Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra, e Diogo Cortiz, da PUC-SP, falaram sobre tecnologias de Inteligência Artificial aplicadas à educação.

Ana Valéria apresentou os resultados de uma pesquisa, realizada em conjunto pelo Semesp, MetaRed TIC Brasil e Consórcio Sthem Brasil, sobre o nível de domínio ou conhecimento sobre Inteligência Artificial para o uso da educação. “É preciso entender que a utilização da IA por estudantes universitários está crescendo cada vez mais, com uma preferência pelo ChatGPT, usado essencialmente para realização de tarefas e exames”, disse ela. “Atualmente, já é possível personalizar as IAs para atuarem como tutores, e isso tem gerado um impacto no ensino e rendimento dos estudantes”, destacou ela. “A IA já é uma realidade e precisamos pensar a universidade do futuro inserindo essa tecnologia nesse cenário”.

Alguns benefícios e resultados da IA:
– Chatbots com IA oferecem suporte individualizado com mais precisão;
– Aprimoramento da aprendizagem adaptativa;
– Aumento do desempenho dos alunos e a diminuição da ansiedade;
– Maior taxa de sucesso na previsão de notas;
– Prevenção da evasão por meio da previsão de notas;
– Aumento da inclusão;
– Otimização do tempo do docente.

“O uso da IA na educação nos leva a um paradoxo”, declarou o pesquisador da PUC-SP, Diogo Cortiz. “Ao mesmo tempo que a IA generativa pode expandir nosso potencial em termos de habilidades, competências e criatividade, ela também permite que a gente se acomode nos levando à preguiça. Este é o desafio, entender e explorar como podemos explorar essas ferramentas”, afirmou.

Para Diogo Cortiz, proibir o uso da IA na educação não é o caminho. “Esse pode não ser o futuro ideal que queremos e desejamos, mas precisamos nos ajustar a ele e entender que estamos vivenciando um processo de transformação que demanda um novo tipo de comportamento que representa uma mudança não apenas na educação, mas em relação ao mercado de trabalho, com implicações econômicas, sociais e culturais”, finalizou ele lembrando que ao mesmo tempo que a IA generativa pode nos empoderar em alguns aspectos, ela também acende um alerta em relação a outras.

Ao final da sessão, os dois participaram de um debate coordenado pelo diretor do Lyceum, Fábio Cespi.