Economista, que fez hoje (24) a conferência de abertura do 11º FNESP, afirmou que política do governo federal privilegia aqueles que menos precisam  

 

“O perfil do gasto público em educação superior é totalmente distorcido no Brasil. O governo federal destina proporcionalmente mais recursos públicos na graduação, beneficiando justamente a parcela da população que menos precisa ser financiada”, disse hoje (24) o economista e cientista social Eduardo Gianetti da Fonseca, no 11º Fórum Nacional de Ensino Superior Particular Brasileiro (FNESP). Segundo ele, 73% dos estudantes das instituições de ensino superior públicas fazem parte parcela mais rica da população. “O governo deveria concentrar recursos no ensino fundamental”, afirmou. O evento está sendo realizado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo – SEMESP, hoje e amanhã, 24 e 25 de setembro, no Novotel Jaraguá São Paulo Conventions, em São Paulo.

Para Gianetti, o país acumulou ao longo dos séculos um atraso considerável na formação de capital humano. “Enquanto os Estados Unidos conseguiram universalizar o ensino fundamental no final do século 19, o Brasil só conseguiu o mesmo um século depois. Com relação ao ensino superior, no começo do século 20, os Estados Unidos já apresentavam 9% dos jovens de 18 a 24 anos na graduação, e hoje tem 40%. Passado quase um século, o Brasil ainda registra apenas 12%”, apontou.

 

Entre as razões que Gianetti aponta para esse atraso está a baixa qualidade do sistema de ensino brasileiro. Ele citou o estudo realizado por Matin Carnoy, “Vantagem Acadêmica de Cuba”, que comparou os sistemas de ensino do Brasil, Cuba e Chile. “O autor revelou que a educação no Brasil é ritualizada, baseada na memorização, ou seja, não há um real aprendizado. Os estudantes precisam ser estimulados a pensar por conta própria”, enfatiza. “Os sistemas de Cuba e Chile são totalmente diferentes. Não é à toa que o ensino desses países é superior”.

 

Gianetti considera que o Brasil tem um enorme potencial para a expansão do ensino superior privado. “Quanto mais próspero se torna um domicílio, mais a família gasta com educação, lazer e serviços médicos”, disse.

 

Outro nicho que, segundo o conferencista, o setor particular poderá explorar no futuro é o da educação continuada, especialmente para a terceira idade. “Está havendo uma rápida mudança na estrutura etária no Brasil, com o aumento da expectativa de vida da população e a redução da natalidade. Com o passar da idade, os interesses materiais vão declinando e a busca pela autorealização predomina. O ensino superior pode atender o anseio desse novo público”, conclui.

 

Além de Eduardo Gianetti da Fonseca, outros importantes nomes conduzirão os debates no 11º FNESP, como Martin Escobari, sócio da Advent International e fundador do Submarino.com, que fará uma análise do cenário econômico no Brasil e no mundo um ano após o início da crise, além de levantar quais os reais impactos da crise econômica sobre o Ensino Superior privado e as perspectivas para 2010. Já o presidente da Loducca Publicidade, Celso Loducca detalhará como trabalhar a imagem do ensino superior para maximizar seus pontos positivos e melhorar os pontos negativos. Entre os palestrantes internacionais, destaque para o presidente da Agência de Avaliação e Acreditação da Espanha, José Joaquim que abordará sobre os Instrumentos de Avaliação, e o diretor do Observatório de La Educación en América Latina, Cláudio Rama, que trará uma análise sobre a criação da Agencia de Acreditação Independente.

O programa completo do evento está disponível no Portal do Semesp (www.semesp.org.br).

 

Perfil do gasto público em educação superior é totalmente distorcido no Brasil