António Teodoro e Paulo Peixoto na mesa sobre “Excelência com Responsabilidade: Como o Ensino Superior pode fazer a diferença social”

Começou nesta quarta, 18, de forma remota, O Admirável Futuro da Educação Superior, evento realizado em parceria pelo Semesp, Consórcio Sthem Brasil e Universidade de Coimbra, com o objetivo de apresentar e discutir tendências que já estão afetando a dinâmica do ensino superior. Neste primeiro dia, as discussões giraram em torno de dois temas centrais e interligados: a responsabilidade social e a valorização da diversidade no âmbito das instituições de ensino superior.

“Para criarmos uma universidade cidadã, precisamos estabelecer um novo contrato social para a educação e há uma série de desafios para isso”, decretou António Teodoro, diretor do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED), da Universidade Lusófona, durante a sessão sobre “Excelência com Responsabilidade: Como o Ensino Superior pode fazer a diferença social”.

Antes de listar os desafios que precisam ser enfrentados, Teodoro fez uma contextualização das tendências que têm impactado a educação superior. Segundo ele, antes de pensarmos em uma universidade cidadã, devemos levar em consideração aspectos como a expansão da oferta pela iniciativa privada; o aumento de novos modelos de ensino, como a educação à distância; uma mudança no perfil dos estudantes, com características mais diversas; novas formas de governança das IES e de buscas por outras fontes de financiamento, etc.

“Nosso primeiro desafio é pensarmos a educação como um bem público, um direito humano”, disse António Teodoro. “Pensar a universidade fora do contexto do neoliberalismo, que acredita que a inovação e o progresso só surgem por meio da competição, é o próximo passo”, listou. “Construir a relevância da educação superior a partir do conceito de justiça social, com igualdade de oportunidades, reconhecimento das capacidades e importância da liberdade dos indivíduos é outro ponto fundamental”, destacou ele.

Para Teodoro, outros desafios são desenvolver o conceito de cidadania nos modos de governança das IES, a questão da regulação das instituições de ensino superior, que passa tanto por dimensões nacionais e internacionais, com uma difusão cada vez maior dos rankings, e a própria internacionalização das universidades, que passam a desempenhar um outro papel em um mundo cada vez mais interligado.

Confira na íntegra o primeiro dia de O Admirável Futuro da Educação Superior

Liz Reisberg e Fábio Reis participaram da mesa sobre “O Ensino Superior e o seu valor: precisamos de uma educação que valorize a inclusão e a diversidade e que responda aos desafios da sociedade”

Inclusão e diversidade

Na segunda sessão do primeiro dia d’O Admirável Futuro da Educação Superior, “O Ensino Superior e o seu valor: precisamos de uma educação que valorize a inclusão e a diversidade e que responda aos desafios da sociedade”, a consultora de ensino superior da Reisberg & Associates e membro do Conselho assessor do Centro para a Educação Superior Internacional(CIHE) do Boston College, Liz Reisberg, questionou se as instituições de ensino superior estão realmente formando alunos para o novo mundo. “Não estou convencida disso”, lamentou ela no início de sua fala.

“O tema da diversidade e inclusão na educação superior é amplo e complexo”, disparou ela lembrando que há uma dissonância cada vez maior entre a realidade do mercado de trabalho e os conteúdos ensinados nas universidades. “É preciso ter em mente que, hoje, existe uma diversidade maior dos alunos e isso implica em uma diferença prévia também em relação ao acesso à própria tecnologia”, apontou ela. “As IES devem então enfrentar a situação e entender como melhor incorporar a Inteligência Artificial e outras tecnologias nos processos de aprendizagem e ensino. Esse trem já saiu da plataforma e não pode ser ignorado”.

Diante de desafios mais complexos, com competências e habilidades defasadas em relação às demandas do mercado de trabalho, Liz Reisberg defendeu que as IES devem apostar no ensino de competências duráveis, como análise crítica, criatividade e comunicação. “A educação superior precisa oferecer mais para ter um impacto social real. Devemos desenvolver nos estudantes confiança em suas identidades, agência e propósito para que eles sejam capazes de se integrar em uma sociedade democrática aceitando e respeitando as diferenças e os outros. O que vemos hoje são alunos que não sabem escutar e trocar ideias”, pontuou.

De acordo com Liz, para além das trajetórias tradicionais, as IES precisam aceitar que existem novos paradigmas e que populações muito diversas significam trajetórias múltiplas. “O desafio é como combinar essas experiências em torno de um diploma universitário”, afirmou. “Diante da ideia de uma formação para toda a vida, as IES terão que oferecer mais flexibilidade”, concluiu.

Confira na íntegra o primeiro dia de O Admirável Futuro da Educação Superior

Abertura do evento

O Admirável Futuro da Educação Superior começou nesta quarta, 18, contando em sua abertura com as falas e agradecimentos da presidente do Semesp, Lúcia Teixeira; do diretor de Inovação e Redes do Semesp e presidente do Conselho de Administração do Consórcio Sthem Brasil, Fábio Reis; do pró-reitor de inovação pedagógica Universidade de Coimbra, Paulo Peixoto; do presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Luiz Roberto Liza Curi; do vice-reitor Acadêmico e de Inovação Educacional do Instituto Tecnológico de Monterrey, Joaquin Guerra; do diretor de Inovação Digital da University Design Institute – ASU, Dale Johnson; e do head de Educação do Santander Universidades, Rafael Gomes.

O evento prossegue nesta quinta (19) e sexta (20) discutindo temas como ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), inovação acadêmica e apresentando os finalistas (confira aqui) da terceira edição do Prêmio de Inovação no Ensino Superior “Prof. Gabriel Mario Rodrigues”.

Confira na íntegra o primeiro dia de O Admirável Futuro da Educação Superior