O serviço de admissão em faculdades The Princeton Review publicou o ranking 2021 de instituições que possuem cursos de graduação e pós-graduação com foco em empreendedorismo. Foram consultados 300 IES e o ranking classificou as top 50. Única instituição participante da pesquisa que não é dos Estados Unidos, a Tec. de Monterrey, do México, ficou em 5º lugar, um excelente resultado. Vejam ranking das cinco primeiras colocadas:

1º. University of Huston

2º. Babson College

3º. Brigham Young University

4º. University of Michigan

5º. Tecnológico de Monterrey

Segundo o ranking do The Princeton Review, quais os fatores críticos de sucesso que levam uma IES a consolidar a cultura empreendedora?

  • Ser um celeiro de talentos: a IES precisa valorizar a criatividade, a disposição aos experimentos, a inovação e a capacidade de desconstruir e construir. O capital humano é visto como o principal ativo da instituição. Gestores, pessoal administrativo, professores e estudantes são convidados a se engajarem em ações e projetos que reforçam a cultura empreendedora;
  • Ser uma incubadora de ideias para novos negócios: a IES precisa criar mecanismos de incentivo para que professores e estudantes desenvolvam projetos que resultem em produtos, serviços, novas tecnologias e soluções para as demandas da sociedade. Para criar novos negócios, a IES precisa ter um ambiente aberto para a circulação das ideias e que incentive o empreendedorismo;
  • Ser uma instituição que desenvolve mentoria e transferência do conhecimento: A IES precisa acompanhar os projetos, criar startups, centros de empreendedorismo e outras iniciativas capazes de criar condições para transformar as ideias em novos negócios. As iniciativas empreendedoras precisam de acompanhamento via mentoria. Criar um ecossistema de inovação e empreendedorismo requer desejo institucional, projeto e investimento.  

Os três fatores apontados acima demonstram que ser uma IES empreendedora não significa, necessariamente, ter disciplinas e centros de empreendedorismo como atividades isoladas. É preciso criar um ecossistema que conecte disciplinas, centros e outras iniciativas.

O que explica o sucesso da Tec. de Monterrey?

  • Decisão estratégica dos gestores da instituição em criar um ecossistema de empreendedorismo, através do planejamento e do investimento;
  • Reconstrução do projeto acadêmico institucional que instiga professores e estudantes a buscarem soluções para as demandas da sociedade;
  • Criação de diferentes iniciativas institucionais que fortalecem as atividades de empreendedorismo, que estão conectadas com o setor produtivo e que estimulam alunos e professores a criarem negócios;
  • Redefinição do perfil de professores, pois espera-se que eles desenvolvam projetos práticos, em cooperação com o setor produtivo. Um estudo na Tec. com mil professores envolvidos com o empreendedorismo demonstrou que 72% desenvolveram projetos reais de novos negócios.
  • Redefinição do perfil do egresso, com foco na formação por competências e desenvolvimento de projetos reais. Nos últimos dez anos, foram criadas em torno de 1.500 empresas pelos egressos.

Não tenho dúvida que de, no Brasil, de modo geral, os gestores querem criar ou instigar a cultura empreendedora em suas IES. Se há vontade real, invista tempo de planejamento e recursos financeiros, priorize o empreendedorismo e evite ações fragmentadas.

Na atualidade, os gestores estão preocupados em manter a sustentabilidade da IES, o que é necessário em tempos de crise. Todavia, é um erro focar apenas no cotidiano, sem priorizar o que levará a IES a obter sucesso nos próximos anos.

Oferecemos atividades de empreendedorismo sem nexo com o mundo dos negócios e organizamos centros de empreendedorismo com pouco impacto institucional. Estas iniciativas são bem-vindas, mas não bastam. É preciso ter visão estratégica e saber institucionalizar a cultura empreendedora.

Nas campanhas de processo seletivo, prometemos aos estudantes um futuro próspero, a realização dos sonhos e a possibilidade de emprego. A concretização das nossas promessas dependerá do perfil do modelo acadêmico. Não basta dar o diploma aos estudantes em uma cerimônia de formatura, pois estaremos apenas diplomando em uma escala industrial. Não acredito em modelos inconsistentes de empreendedorismo e de inovação.

Faço uma “profissão de fé”: eu acredito no modelo acadêmico da Tec. de Monterrey, que é um celeiro de talentos, uma incubadora de ideias e uma instituição que sabe transferir conhecimento. A Unicesumar assinou um acordo de cooperação com a Tec de Monterrey. Tenho boas expectativas com os resultados da cooperação.

* Fábio Reis, diretor de Inovação e Redes do Semesp