O Semesp realizou nesta terça, 12 de novembro, a 11ª edição do Seminário Tecnologia Educacional, evento anual que discute assuntos relacionados ao universo de TI das Instituições de Ensino Superior. Com o tema “Posicionando a TI para liderar mudanças estratégicas nas IES”, o seminário debateu as mudanças que estão ocorrendo no mundo, tendo a tecnologia como um dos principais fatores dessa transformação.
“A tecnologia é um tema cada vez mais relevante para as IES. Nós temos agora um grande desafio a curto prazo com a Lei Geral de Proteção de Dados, que afeta todas as áreas, aliado ao mercado acirrado com a crise econômica. Sem dúvida, as soluções desses desafios passam pela área de tecnologia, falou Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, na abertura do evento.
O primeiro painel do evento, “O Ecossistema de TI nas Instituições de Ensino”, abordou os recursos, desafios e o relacionamento da área com gestores, coordenadores e alunos, com as presenças de Ronaldo Oliveira, gerente de parcerias da Amazon; Mário Thurler, diretor regional do Canvas; Augusto Guimarães, executivo de negócios da CRM Educacional; Álvaro Venegas, diretor geral da ENG; e Rafael Kuhn, diretor de Edtech do Grupo A.
César Fava, moderador do painel, apresentou a MetaRed, uma rede colaborativa de Instituições de Ensino Superior para fomentar a transformação digital, e convidou os participantes a integrarem os grupos temáticos da MetaRed. E também reforçou a necessidade da TI ter mais afinidade e interação com as áreas pedagógicas e, assim, focar na estratégica de ensino e negócios das IES. “O profissional precisa ser cada vez mais conectado com os negócios e menos operacional”, defendeu Fava.
Consenso entre os participantes, a importância de a equipe de TI trabalhar integrada com as demais áreas da instituição para que a tecnologia chegue na ponta, que é o aluno. Para eles, o problema não são as ferramentas atuais e sim a adoção das estratégias que estão sendo usadas.
Os debatedores também destacaram a mudança de comportamento da sociedade com o uso do celular cada vez mais frequente nas atividades do dia a dia, apontando como diferencial do negócio a transformação digital em todas as áreas e modalidades de ensino e o desafio de desvincular a tecnologia de uso restrito do ensino a distância.
Na sequência, Rodrigo Marudi, coordenador de Projetos de Tecnologia da UNIFEOB, apresentou O que vem de novo com o Blockchain?
O palestrante explicou que a utilização da tecnologia blockchain, também conhecida como protocolo de confiança, vai muito além da moeda bitcoin. “Com o blockchain é possível fazer o registro e a validação de vários dados, com rastreabilidade de ponta a ponta. A tecnologia de registro distribuído visa a descentralização como medida de segurança.”
Para Marudi, blockchain não é uma novidade. “Várias IES já usam a tecnologia, mas ainda consideramos esses casos como exemplos e não modelos. Por isso, precisamos analisar as nossas necessidades para escolher a melhor tecnologia disponível”, completou.
Marudi destacou que os principais benefícios são maior transparência, menos intermediários, processos de transação mais rápidos, automação de ações e dados criptografados com maior segurança.
Outros temas
Na segunda parte do evento, André Nishida, coordenador de sistemas na Faculdade São Leopoldo Mandic, falou sobre o que muda nas Instituições de Ensino Superior com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Para ele, as IES terão de definir responsáveis pelas funções de controlador das regras, um operador dos dados e um DPO (encarregado pelo tratamento dos dados). Nishida também destacou o impacto da lei na área de marketing. “Qualquer tipo de envio de comunicação, como e-mail, mala direta ou ligação, terá de ter o consentimento prévio do aluno. O ideal é criar campos de opt-in e opt-out no contrato para todos os tipos de comunicação que a IES pretende enviar ao estudante”.
Prevista para entrar em vigor em 2020, André Nishida comentou sobre projeto que pretende prorrogar a entrada em vigor da lei para 2022. “O PL 5.762/19 ainda aguarda análise na Câmara dos Deputados. Caso não seja aprovado, permanecerá o prazo para 2020.”
Danielle Rodrigues, COO da UNIFEOB, abordou os principais desafios de um CIO dentro de uma IES. “Considerada antigamente como um setor coadjuvante, hoje, por motivos de mercado e avanços tecnológicos, a TI precisa ocupar uma posição central nas empresas. Agora não fazemos nada sem TI. E os desafios são cada vez maiores”, explicou Danielle. O principal deles é como transformar o negócio em digital, apontou Rodrigues.
Danielle Rodrigues também destacou a importância de a área ter autonomia nos processos de decisão e recursos financeiros para atuar de forma efetiva e sair do operacional para o estratégico.
Apesar de ainda enfrentar alguns obstáculos, o negócio digital permite agilidade e qualidade nos processos. Para ela, área de TI precisa deixar de ser tarefeira, focar no criativo e dedicar tempo para a implantação de projetos conectados com as estratégias da IES.