SANTOS RECEBE JORNADAS REGIONAIS 2023

As IES das regiões de Santos e Registro receberam, nesta quarta, 29, mais uma evento da edição da 19^a Jornadas Regionais do Semesp, tradicional evento do Semesp que circula por regiões do estado de São Paulo apresentando dados e tendências do ensino superior.

“Sem dados, você é apenas mais uma pessoa com opinião”, decretou o vice-Presidente Acadêmico do Grupo Tiradentes, Temisson José dos Santos, que abriu a manhã da Jornada Regional de Santos com a palestra Programa de Curricularização da Extensão com Aprendizagem baseada em projetos: a experiência do Grupo Tiradentes. Segundo ele, a ideia da apresentação foi contar sobre a experiência do grupo no processo de implementação da curricularização da extensão. “Esse modelo é nosso, baseado em nossas cultura e necessidades, mas ele funciona como aprendizado para outras IES, que podem enriquecer suas experiências com a nossa história”, afirmou ele. 

Temisson destacou também que a curricularização da extensão não é uma coisa nova, já que estava prevista na legislação há tempos. “Ainda assim, vimos nela uma oportunidade de fazer diferente e usá-la como uma experiência inovadora”, afirmou. Ele prosseguiu contando sobre o desafio de implantar a curricularização da extensão para atender à legislação aprovada em 2019 sobre a questão, detalhando as etapas do programa de curricularização da extensão do grupo educacional, que teve início em 2019 com a formação de um grupo de trabalho composto por pesquisadores e especialistas educacionais.

Atualmente, o projeto está implantado em 100% dos cursos presenciais e EAD da IES com dois pilares como base, a curricularização em si e o protagonismo dos estudantes. Temisson acrescentou ainda que a extensão é prioridade e está na centralidade de todos os processos do grupo.

Enade e gestão

Ainda mais focada em dados, a palestra Tomando decisões eficazes com base na análise de dados para melhor desempenho no ENADE destacou que os dados e as notas geradas pelo exame são fundamentais para que as IES identifiquem problemas. Segundo Paulo Tomazinho, consultor da Meta Aprendizagem, o uso de dados para tomadas de decisão ficou ainda mais fácil para as IES graças aos avanços da tecnologia, que vem possibilitando que esses números sejam consumidos de forma diferente, impactando não apenas na aprendizagem dos estudantes, mas também na forma como as instituições se relacionam com estes. 

“Os dados, não apenas do Enade, podem auxiliar as IES a verem o que aconteceu no passado e influenciar na tomada de decisões a partir de informações preditivas baseadas no comportamento dos estudantes”, explicou. Para ele, as instituições deveriam então dar a devida importância para como a nota do Enade é construída, não apenas as notas gerais divulgadas. “As notas do componente específico e da formação geral dos cursos podem ser utilizadas na construção de estratégias eficazes, apontando ainda o que está acontecendo dentro das instituições com insights interessantes sobre os conteúdos curriculares, por exemplo”, afirmou Paulo. 

Ele citou duas questões importantes do Enade que oferecem uma gama de respostas importantes para a análise das IES. “Uma dela é como os estudantes respondem ao grau de dificuldade da prova na parte de formação geral. A outra é o grau de dificuldade da prova na parte do componente específico”, explicou. “As respostas a essas questões dão um panorama da percepção dos alunos em relação ao cumprimento de currículo e aprendizagem. Esses dados são importantes para que as IES incentivem mudanças de comportamento”, exemplificou.

Planejamento estratégico

No período da tarde da Jornada Regional de Santos, o coordenador da UC Semesp, Márcio Sanches, conduziu um workshop sobre planejamento estratégico. O objetivo foi identificar tendências do setor a partir da apresentação e análise de dados estatísticos, aspectos regulatórios e questões tecnológicas que têm impactado o ensino superior. “Vamos inovar na apresentação dos dados da região a partir de uma atividade simulada de planejamento estratégico para traçar cenários para as IES da região”, explicou.

O diretor Jurídico do Semesp, José Roberto Covac, discorreu sobre alguns pontos de legislação e regulatórios que estão na mira do setor: políticas públicas de financiamento, como ProUni e FIES; mudanças no sistema de regulação do país, em especial a questões ligadas ao EaD; a necessidade de reformulação no Plano Nacional de Educação; transformações nas relações de trabalho; e ESG. Ele defendeu ainda que as IES entendam melhor a legislação para aprimorar a inovação. Governança, gestão, transformação digital e inovação, reformulação dos modelos acadêmicos e redes de cooperação foram os temas destacados pelo diretor de Inovação e Redes do Semesp, Fábio Reis.

Em seguida, Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, fez uma explanação sobre os principais dados nacionais do ensino setor, apontando estatísticas mais específicas relacionadas às regiões de Santos e Registro. Ele manifestou preocupação, por exemplo, com uma tendência de queda da taxa de escolarização líquida, o que indica um número menor de jovens entrando no ensino superior. Segundo ele, o aumento das matrículas nos últimos anos está concentrado nos cursos EaD, com público-alvo de pessoas mais velhas com mais de 30 anos. Capelato demonstrou cautela também em relação à sustentabilidade do setor com a concentração das matrículas EaD nos grandes grupos, o que tem provocado uma guerra de preços.

As altas taxas de evasão e desistência também foram foco de debate. Segundo Capelato, as IES pagam um alto custo em captação e retenção, mas a evasão segue alta, com índices ainda maiores em cursos EaD no setor privado. Ele destacou que a questão dos cursos vocacionados pode ser uma solução para o problema, com os estudantes preenchendo vagas de cursos que realmente querem cursar. Em relação aos dados regionais, ele apontou que Santos teve queda nas matrículas presenciais abaixo do que a média do estado de São Paulo, enquanto teve um crescimento maior do que a média nacional no EaD. Outra tendência de crescimento citada pelo diretor executivo do Semesp é o aumento da procura por pós-graduação.

Após as apresentações sobre tendências relacionadas à regulação, políticas públicas, inovação e macroeconomia, os presentes participaram de uma dinâmica que discutiu ameaças e oportunidades para diferentes cursos: saúde; engenharias e tecnologias; educação e licenciaturas; e negócios, direito e ciências sociais e aplicadas.

Depois de Campinas, Ribeirão Preto e Santos, Marília, Santos e São José do Rio Preto também irão receber a caravana Semesp das Jornadas Regionais. As datas já foram divulgadas e as inscrições estão abertas aqui.