Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, abriu a rodada de jornadas regionais 2022 em Santos, nesta terça (5)

Depois de dois anos sendo realizadas de forma remota, as Jornadas Regionais do Semesp voltam a acontecer presencialmente em 2022. Nesta terça, 5, Santos abriu a programação de eventos recebendo uma série de palestras sobre temas relevantes ao ensino superior.

A presidente do Semesp, Lúcia Teixeira, deu início ao evento celebrando a volta do presencial e  lembrando que a entidade esteve presente nos dois últimos anos realizando uma série de eventos de forma remota. “As IES da região nunca pararam de se reinventar nesse período e é importante tê-las aqui presencialmente conosco”, disse ela.

Em relação ao cenário do setor, Lúcia Teixeira afirmou que os resultados frente ao desafio da pandemia de Covid-19 são expressivos, com o Censo da Educação Superior 2020 e as pesquisas do Instituto Semesp, confirmando o papel do ensino superior privado, que, atualmente, representa 77,9% das matrículas do país. “Os dados do Censo mostram um raio-x da educação superior e são importantes para apontar os desafios e os caminhos que as IES terão que enfrentar e seguir”, destacou ela.

Lúcia reforçou ainda a importância do ensino superior privado ao citar que houve pequeno crescimento do alunado nas particulares em 2020 na ordem de 3,1%, enquanto na rede pública houve queda de 6% das matrículas. “As IES privadas responderam rapidamente à pandemia adotando o ensino remoto para entregar conhecimento aos estudantes, o que não aconteceu com a rede pública, que demorou mais a responder às necessidades da crise. Lutamos pela Educação, seja pública ou privada”, avaliou.

“Nosso desafio agora como entidade é continuar a trabalhar de forma incessante junto ao poder público para aumentar o acesso dos jovens ao ensino superior por meio de políticas públicas como FIES e ProUni”, apontou Lúcia Teixeira. “O número de jovens têm caído na educação superior, e isso vai comprometer o desenvolvimento do nosso país a médio e longo prazos. Vamos trabalhar para mudar essa realidade”, finalizou.

Durante as Jornadas Regionais de Santos, Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, apresentou os dados das regiões de Santos, São José dos Campos e Registro

Dados educacionais

Já uma tradição das Jornadas, o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, apresentou os dados das regiões de Santos, São José dos Campos e Registro e fez uma análise dos números que apontam uma queda nas matrículas presenciais em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19.

Segundo dados do Censo da Educação Superior 2020, houve um crescimento tímido das matriculas de 0,9% na comparação com 2019, com aumento de 3,1% nas matrículas da rede privada e queda de 6% na rede pública. “Esse número aponta a ineficiência das IES públicas em lidarem de forma ágil e imediata com a crise gerada pela pandemia e a suspensão das aulas presenciais”, avaliou Capelato.

“Apesar do aumento pequeno no total das matrículas, esperava-se um cenário pior nesse primeiro ano de pandemia. Não podemos esquecer, no entanto, que esses dados mostram um impacto menor da pandemia já que eles trazem o número de ingressantes do primeiro semestre de 2020, anteriores ao início da crise sanitária”, acrescentou. “Ainda não há dados de 2021, mas a projeção é que os números sejam piores, algo em torno de uma queda de 5 a 7%, já que praticamente não houve entrada de alunos no ensino presencial no primeiro semestre do ano passado”, lembrou.

Capelato destacou ainda que, apesar do crescimento tímido das matrículas, o número de jovens no ensino superior não vem crescendo, o que é demonstrado pela queda da taxa de escolarização líquida. “Os jovens estão tendo dificuldade em sair do ensino médio e ingressar no ensino superior”, lamentou. “Isso acontece porque a rede pública tem poucas vagas e os estudantes não estão conseguindo financiamento para acessar o setor privado”, explicou.

De acordo com Capelato, o crescimento das matrículas vem sendo puxado pela modalidade EAD, mas ele é enganador porque não abarca os mais jovens nem significa um crescimento equilibrado do setor, já que cerca de 15% das IES concentra 90% das matrículas da modalidade. “O aumento das matrículas no EAD não pode ser visto como a salvação do setor e como solução para o acesso ao ensino superior. O que os números mostram é que estamos trocando uma modalidade pela outra, com os alunos do presencial noturno migrando para o EAD”.

Outro dado destacado por Capelato foi a evasão, que apresentou uma discrepância entre a rede particular (que teve um pequeno aumento de 2,8%) e a rede pública (com aumento bem superior de 12,2%). “As IES privadas foram mais ágeis ao adotarem o ensino remoto instrumentalizando o corpo docente para o uso de tecnologias que possibilitou as aulas remotas, diferente da rede público que demorou nesse processo”, concluiu.

Em relação aos dados regionais, Capelato destacou que a representatividade do ensino superior privado do estado de São Paulo (84,3%) está acima da média nacional (77,9%), com uma queda nas matrículas presenciais (8,5%) também acima da média. O aumento das matrículas no EAD foi de 34% em comparação a 2019. Em Santos, a queda das matrículas presenciais na rede privada foi de 8,8%, com crescimento de 37% na modalidade EAD.

Na contramão dos dados nacionais, Registro não teve queda de matrículas no presencial, com aumento de 26,2% das matrículas EAD. Já São José dos Campos ultrapassou a média nacional e do estado de São Paulo, com queda de 14,5% das matrículas presenciais. O aumento nas matrículas EAD foi de 29,2%.

Mais palestras

A Jornada Regional de Santos teve ainda apresentação de outras palestras. A gerente jurídica do Semesp, Raquel Carmona, ministrou palestra sobre uma série de atualizações da legislação educacional, envolvendo questões trabalhistas que impactam as instituições de ensino superior, como as últimas MPs publicadas pela governo federal.

O diretor de Inovação e Redes do Semesp, Fábio Reis, também participou das Jornadas Regionais com uma palestra sobre “Como fazer a transformação digital”. Já o consultor estratégico, fundador e curador do SADEBR, Glauson Mendes, falou sobre “Por que implantar um programa de permanência”.

São José do Rio Preto, Marília, Ribeirão Preto, Campinas e a região Metropolitana de São Paulo são as próximas regiões a receberem as Jornadas Regionais. As inscrições para todos os eventos já estão abertas aqui.